25/06/2024 - economia-e-financas

Ações e risco: O que é o beta e como está o painel líder do Merval

Por Ciro Ricci

Ações e risco: O que é o beta e como está o painel líder do Merval

Quando um assessor financeiro, gestor de portfolio ou qualquer indivíduo decide investir em instrumentos de renda variável, como por exemplo ações da YPF, ele está se expondo a dois tipos de risco: Risco sistêmico + Risco não sistêmico

 O risco não sistêmico, também conhecido como risco diversificável ou risco específico da companhia, é aquele inerente ao desempenho da mesma, que não afeta o resultado de outras empresas e que depende exclusivamente de fatores internos como o estilo e filosofia de gestão, o sucesso em pesquisa e desenvolvimento, etc.

Por outro lado, o risco sistêmico, também conhecido como risco não diversificável, é aquele que se atribui às condições da economia em geral, como resultado dos ciclos econômicos, da inflação, da taxa de juros, etc. Que afeta (em diferentes medidas) todas as empresas e que não é possível eliminar.

A diversificação da carteira de investimentos entre diferentes ativos permite reduzir a exposição aos fatores específicos da companhia (risco não sistêmico) de forma que a volatilidade da carteira vai se reduzindo gradualmente. No entanto, quando as fontes de risco comuns (risco sistêmico) afetam todas as empresas, nem mesmo uma ampla diversificação pode eliminar esse risco e a volatilidade da carteira chega ao valor mínimo possível, mas nunca é zero.

Dito isso, é muito interessante conhecer qual é a exposição de um ativo particular às variações do mercado e, em última análise, qual é a exposição de toda a carteira à volatilidade do mercado em si.

O indicador que nos permite conhecer a flutuação do valor de um ativo em relação às flutuações do mercado é comumente denominado 'Beta' e é obtido realizando a seguinte operação:

Ou seja, resulta do quociente entre a covariância do retorno do mercado como um todo e o ativo i, sobre a variância do retorno de mercado. O valor de beta tem uma ampla faixa de variação, podendo ser tanto negativo quanto positivo:

· Se o beta de um ativo é igual a 1, isso implica que se move no mesmo sentido e com a mesma magnitude que o mercado como um todo (o beta de um índice de mercado é 1).

· Se o beta de um ativo é superior a 1, isso significa que ele segue o comportamento do mercado, mas é mais volátil, e será maior enquanto maior for seu beta.

· O contrário acontece quando o valor de beta é negativo, o que indica que o ativo se move em sentido contrário ao mercado e será mais volátil (em sentido oposto) enquanto menor for seu beta (mais negativo)

O seguinte gráfico mostra o beta das empresas pertencentes ao painel líder do Merval, utilizando dados mensais dos últimos cinco anos

Elaboração própria com base em BYMA

Fica claro que as empresas ligadas ao setor financeiro foram as que apresentaram maior grau de volatilidade, enquanto as ligadas ao setor industrial (alumínio, siderurgia) e de telecomunicações, mantiveram-se mais estáveis que o mercado, mas sempre oscilaram no mesmo sentido.

Isso implica que, se supusermos que os parâmetros se mantêm estáveis, para cada mudança de 1% no mercado, Supervielle variaria 1,86%, Galicia 1,82% e Macro 1,72%, enquanto Ternium e TGS mudariam 0,66% e 0,63% respectivamente.

Embora isso não seja uma recomendação de compra, na hora de investir um dos fatores mais importantes é o nível de risco que o investidor está disposto a assumir e, se nos deparamos com uma carteira bem diversificada, esse risco será refletido em seu beta (em relação às mudanças do mercado)

Assim, por exemplo, tomando os dados do gráfico e supondo que queremos desenhar uma carteira composta por três empresas líderes de diferentes setores, mas com o menor grau de exposição às variações do mercado, essa poderia ser composta em proporções iguais por: CRESUD (Agronegócio), TGS (Energético) e Aluar (industrial), o que resultaria em um beta de 0,96, um nível de volatilidade um pouco inferior à volatilidade do mercado.

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Ciro Ricci

Economista JR na Data Miazzo. Redator de notícias econômicas - financeiras em diversos meios. Apaixonado por macroeconomia, finanças e análise de dados.

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