27/01/2023 - economia-e-financas

O que é o EBITDA?

Por gustavo neffa

O que é o EBITDA?

O EBITDA não faz parte do estado de resultados, mas tem muito a ver com ele. É simplesmente uma construção que os analistas fazem para entender melhor qual foi a geração de caixa operacional em forma aproximada de uma empresa. Os departamentos de relações com investidores incluem-no nos seus press-releases porque aumentou sua importância nos últimos anos.

Como é calculado o EBITDA

Vejamos como é calculado e para que serve depois: O estado de resultados é um dos três estados fundamentais do balanço de uma empresa, juntamente com o estado de situação patrimonial e o estado de origem e aplicação de fundos. No estado de resultados, parte da facturação da empresa e, depois de deduzir todos os custos e despesas, obtém-se o resultado operacional, ou do negócio mesmo, independentemente de outros resultados secundários, dos seus resultados financeiros ou dos impostos pagos. Trata-se de ver se o negócio “core” ou central de uma empresa é rentável ou não. Obviamente, tem de ser suficiente para compensar as outras despesas abaixo da linha operacional e gerar lucro:

Calculamos o EBIT

Vendas/ingresos (facturação)

- Custo de mercadoria vendida

- depreciações e amortizações

= Resultado bruto

- Despesas administrativas

- Despesas de comercialização

= Resultado operacional (ou ganhos antes de juros e impostos, EBIT)

EBITDA são as siglas em inglês dos ganhos antes de juros, impostos, depreciações e amortizações. Surge de somar ao resultado operacional obtido anteriormente as depreciações e amortizações que se restaram no balanço, pelo simples fato que não representam uma erogação de fundos, mas apenas uma perda contabilística que se tem de registar pela utilização ou pela passagem do tempo dos ativos fixos que se compraram em algum momento. Essa é a maneira que existe de expor da melhor forma o valor dos ativos fixos (planta, propriedades e equipamentos) que realmente se têm.

Calculamos o EBITDA

Resultado operacional (EBIT)

+ reembolsos e depreciações

= Ganhos antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA)

O EBITDA é muito utilizado para avaliar o desempenho operacional da empresa, pois dá a dimensão do que gera o negócio em si mesmo (seu resultado operacional ou de suas operações normais) medido através de uma 'proxy' da geração de caixa.

Sobre o conceito de um fluxo de caixa operacional porque são adicionados as depreciações e amortizações. Graças a este último, permite uma melhor comparação entre empresas com o depurar o efeito de diferentes sistemas fiscais e de depreciação e amortização contabilística e países, bem como do leverage financeiro entre empresas, uma vez que se trata de observar os ganhos antes de juros, impostos, depreciações e amortizações.

Que é a margem EBITDA

A margem EBITDA é construída dividindo o EBITDA pelo número de faturamento. É uma medida que os analistas nos dizem muito sobre se a empresa, por cada unidade adicional ou marginal, gera mais lucro operacional em termos relativos. Embora seja positivo que uma empresa produza mais dólares de lucro de um exercício para outro, é mais importante ainda complementar essa análise com a margem EBITDA.

Como é calculada a margem EBITDA

EBITDA / Vendas = Margem EBITDA

Se a margem EBITDA for achica de um exercício trimestral ou anual, em forma sequencia ou homóloga (se pode fazer a comparação que se deseja), a empresa está satisfeita porque gerou mais market share ou conseguiu maior penetração num determinado mercado, sendo esse o seu objetivo, à custa de ver os seus custos aumentados de forma mais que proporcional. Seria positivo se a estratégia for de penetração ou de fidelização mais do que de geração de rentabilidade, se é que tem o médio ou longo prazo a seu favor.

Quando utilizado o EBITDA

O EBITDA é muito tido em conta na avaliação da geração operacional de negócios que requerem um grande investimento, dado que são precisamente aqueles que mais amortizações têm que registrar. Ao registrar esses elevados montantes de perdas fictícias, uma vez que são apenas registos contabilísticos que vêm amortizar nos livros os bens de uso que possui (a erogação de fundos através do investimento já foi realizada anteriormente), o resultado operacional real, ou o conceito de caixa a que deveríamos prestar atenção seria subvalorizado. Ao usar o EBITDA, medimos de melhor maneira o resultado operacional de caixa, ou um proxy do mesmo.

Lembrem-se igualmente que as vendas e os custos, bem como as despesas, são todos conceitos contabilísticos: se for vendido a crédito a 60 dias, por exemplo, por mais que um determinado produto seja vendido em Dezembro do exercício actual, apenas será cobrado em Fevereiro do exercício seguinte. Mas a facturação actual registará essa venda (por mais que não tenha sido cobrada). É por isso que o EBITDA também não é o fluxo de caixa operacional, mas pelo menos se aproxima mais do que o tradicional EBIT.

As indústrias que costumam ser punidas pelo uso do EBIT são as de processos de fabricação de bens intermediários, como a siderurgia, o alumínio, a petroquímica, o petróleo, etc. que requerem de elevados investimentos e, portanto, reembolsos. As empresas de telecomunicações e todas as indústrias que precisam de afundar muito capital de entrada deveriam ser vistas através do EBITDA também, e não através do EBIT.

Não existe o EBITDA nas instituições financeiras, porque o conceito de EBITDA é um conceito ou cálculo antes de interesses, e os interesses são precisamente a fonte de renda por excelência dos bancos e de outras entidades desse setor.

Também o EBITDA é muito usado na valorização de empresas, setores ou países, uma vez que existe uma família de múltiplos avaliadores que o tomam em conta no cálculo.

Especificamente, o mais usado é o Enterprise Value / EBITDA, ou seja, tomar o valor da empresa e comparar com o EBITDA que gera. Quanto mais alto, mais caro se encontrará esse ativo em relação a outro em termos relativos.

Como é calculado o Enterprise Value

Calcula-se que a capitalização da bolsa de uma empresa (preço por acções, ou seja, o tamanho de mercado) seja a dívida financeira líquida da posição de caixa. São tomadas para o cálculo apenas as dívidas que decorrem interesse e restam a posição de caixa e investimentos temporários, uma vez que não geram valor na empresa (ou pelo menos não deveria ser a sua core-business, os investidores podem fazê-lo individualmente).

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gustavo neffa

gustavo neffa

Sou Gustavo Neffa. Diretor de Economia e Finanças no FinGurú. Parceiro e diretor da Research for Traders, liderando uma equipe de analistas de mercados. Eu desempenhoi os últimos 24 anos no setor financeiro tanto em entidades domésticas como de capitais estrangeiros, tendo ocupado o posto de Analista de Research Senior em Macrosecurities do Banco Macro e no BBVA Banco Francês, além de analistas econômicos junto ao economista-chefe do BBVA Banco Francês. Também sou professor em matéria de Finanças Corporativas, Administração de Carteras de Investimento, Valuação de Activos Financeiros, Valuação de Projetos de Investimento e Finanças Internacionais em diversos MBAs e cursos de pós-graduação em Buenos Aires e no interior do país e professor do MBA da UNLP e da UNNE de avaliação de ativos financeiros, e da pós-graduação em Mercado de Capitales da UBA em convênio com ByMA. Codiretor do Programa de Finanças Avançado da UNLP.

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