Há 28 dias - economia-e-financas

De economias a investimentos: Uma pequena introdução para combater a inflação

Por Franco Mateo Gonzalez

De economias a investimentos: Uma pequena introdução para combater a inflação

Inflação e alternativas de investimento na Argentina: a importância de proteger o valor do dinheiro frente ao aumento constante de preços.

A inflação, se você mora na Argentina, é um problema que o persegue na maior parte da sua vida adulta, se não for em toda ela. Este fenômeno, fácil de entender, refere-se ao aumento sustentado do nível geral de preços durante um período de tempo determinado, geralmente durante um ano. 

No entanto, em nosso país, parece que não foi simples de entender, ou pelo menos assim faziam parecer as pessoas encarregadas da política monetária argentina. Entre 2010-2020, a inflação acumulada em nosso país foi de 1106,9%, o que significa que os preços se multiplicaram mais de 11 vezes em apenas uma década. Se ampliarmos a análise e tomarmos o período de 2000-2020, o número sobe para 2633,6%, mostrando um crescimento exponencial alarmante ao longo do período. (Fonte: Banco Mundial, com base nos dados de índice anual de inflação)

As consequências são prejudiciais: desorientam consumidores e produtores, freiam o crescimento econômico e envolvem consumidores em um complexo jogo de conjecturas sem informação confiável. A inflação não é apenas um número abstrato ou uma porcentagem pela qual nos lamentamos; impacta nosso dia a dia. Cada vez que vamos ao supermercado, abastecemos gasolina, pagamos contas, vamos vendo como nosso salário vai perdendo poder aquisitivo.

 E não só afeta o salário, mas também nossa capacidade de poupança. A poupança é a base do crescimento, tanto em nível macroeconômico quanto em nível individual. Aqui é onde entra em jogo o compromisso pessoal de se envolver pelo bem de si mesmo e buscar entender que alternativas temos para evitar que o descalabro inflacionário devore todas as nossas economias. Guardá-las debaixo do colchão, sejam dólares americanos ou pesos, não é uma opção. Também não podemos nos permitir dizer que não temos tempo para nos capacitar financeiramente e encontrar alternativas de investimento que mantenham ou aumentem o valor do nosso dinheiro. Adotar essa atitude procrastinadora conduz a um fracasso inevitável em finanças pessoais. 

 Acumular capital é uma chave fundamental para depois investir em projetos, negócios ou ativos financeiros que nos gerem rentabilidade. Não fazer nada com nossas economias, em um contexto de alta inflação, equivale a perder valor. Portanto, vamos explorar quais alternativas existem para aquelas pessoas que hoje em dia decidiram tomar ação e cuidar de suas finanças pessoais. 

Dentro do mundo dos investimentos, encontramos os chamados ativos financeiros, que são títulos ou anotações contábeis que otorgam ao comprador o direito de receber uma renda futura proveniente do vendedor. Basicamente, é um “papel” ou contrato que você compra e te dá o direito de receber dinheiro no futuro. Alguns exemplos conhecidos são ações, títulos e depósitos a prazo. Por outro lado, também existem os ativos não financeiros, que obtêm seu valor das características que os definem e não do cumprimento de um contrato. Eles se classificam em tangíveis (carros, propriedades, etc.) e intangíveis (marcas, direitos autorais, etc). 

Nós vamos nos concentrar nos ativos financeiros, já que estes são instrumentos fundamentais que nos permitem investir nosso dinheiro e assim protegê-lo da inflação.   Devemos saber que se classificam em dois grandes grupos:

Renda fixa: São investimentos como títulos ou depósitos a prazo onde você sabe quanto vai ganhar e quando. São como um “empréstimo” ao governo ou a uma empresa que te devolve o dinheiro com um juros fixo. São seguros e previsíveis, ideais para quem busca estabilidade.

Renda Variável: Aqui entram as ações, fundos de investimento e criptomoedas. Não há garantias de quanto você ganhará, e também existe a possibilidade de perder seu investimento. Mas esse risco adicional pode se traduzir em lucros maiores, o que o torna mais atraente para aqueles dispostos a assumi-lo.

Uma relação chave que deduzimos disso é que, quanto maior o risco, maior é o possível retorno do nosso investimento. Vice-versa, quanto menor o risco, menor será a rentabilidade que obteremos. Qual escolher vai depender do seu perfil de investidor. 

Conhecer nosso perfil de investidor será o primeiro passo que tomaremos antes de realizar qualquer movimentação de dinheiro. Com base nele, poderemos saber quais instrumentos se ajustam melhor às nossas necessidades. Temos as seguintes opções:

  • Conservador: Prefere minimizar os riscos e proteger seu capital, buscando investimentos seguros com retornos estáveis. Seus instrumentos favoritos são os de renda fixa, como títulos e depósitos a prazo, que oferecem baixa rentabilidade, mas com menor probabilidade de perdas.

  • Moderado: Busca o crescimento do seu capital ao longo do tempo focando em um equilíbrio entre rentabilidade e risco. Combina instrumentos de renda fixa e renda variável, assumindo um maior risco que o perfil conservador

  • Agressivo: Este investidor está disposto a assumir riscos elevados em troca de uma rentabilidade alta. Sua carteira estará composta principalmente por instrumentos de renda variável, ações, criptomoedas ou fundos de alta volatilidade.

Existem muitos portais na web que permitem realizar um curto, mas eficaz teste de investidor para saber qual se ajusta ao seu perfil e assim começar a investir para proteger suas economias. 

De agora em diante, nos resta ver como e através de onde podemos investir nosso dinheiro. Aqui aparecem os agentes de liquidação e compensação (ALyC), são sociedades que atuam como intermediários entre os investidores e os mercados. Portanto, devemos escolher segundo nossos requerimentos a ALyC de preferência. Um exemplo para filtrar e ver qual selecionar poderia ser aquelas que oferecem 0% em comissões,  isso para investidores iniciantes é de grande ajuda para assim poder maximizar os ganhos. 

Uma vez decididos, devemos seguir todos os passos necessários para abrir nossa conta comitente. Geralmente, isso implica fornecer informações pessoais para o registro, um requisito que a ALyC precisa para operar no mercado em nosso nome. Após completar esses requerimentos, estaremos prontos para explorar o mercado. Antes de tomar decisões sobre quais instrumentos financeiros comprar, é fundamental “fondear” nossa conta, ou seja, transferir o dinheiro que destinaremos a investir.

Os investidores experientes costumam oferecer conselhos valiosos ao adentrar neste mundo, e um dos mais importantes é: nunca invista dinheiro que não esteja disposto a perder. Mesmo os investimentos mais conservadores envolvem algum grau de risco; nenhum está isento dele. É nossa responsabilidade decidir quanto risco estamos dispostos a assumir.

Uma vez que tenhamos pronto nosso perfil de investidor, o fondeio da conta e a decisão de tomar ação, veremos alguns exemplos da evolução de ativos financeiros nos últimos tempos. Por exemplo, se em 1997 tivéssemos investido 1000 USD em uma nova empresa chamada Amazon, hoje em dia, sem exagerar, teríamos aproximadamente 2,5 milhões de dólares. Este exemplo ilustra como uma empresa inovadora e em crescimento pode gerar retornos extraordinários para aqueles que decidem investir e manter seu capital ao longo dos anos.

Por outro lado, o que teria acontecido se, em vez de investir, tivéssemos optado por economizar aqueles 1000 USD sem realizar nenhuma ação adicional? Embora o montante nominal ainda fosse o mesmo, em termos reais aquele dinheiro valeria menos devido à inflação. Durante esse período, a inflação em dólares foi de 90%, o que representou uma queda significativa no poder aquisitivo do dinheiro.

Em outras palavras, enquanto investir na Amazon teria convertido aqueles 1000 USD em milhões, economizar sem investir teria reduzido o valor real do nosso dinheiro. Este exemplo destaca a importância de investir não apenas para proteger nossas economias da inflação, mas para fazê-las crescer e aproveitar as oportunidades que oferecem os mercados financeiros.

De agora em diante, decidir começar a investir se transformará em um caminho longo, mas de muita satisfação pessoal. É chave ter paciência e evitar buscar fazer “dinheiro fácil” da noite para o dia. É fundamental aproveitar nosso tempo, não importa em qual etapa da sua vida você esteja, para nos educar financeiramente, pois devemos tomar as decisões com base no que queremos e sabemos.

 Este artigo buscou oferecer uma introdução ao mundo dos investimentos, especialmente para aquelas pessoas que nunca antes haviam lido nada relacionado ao tema, por isso é fundamental seguir buscando informação, familiarizar-se com os conceitos para assim, aos poucos, ir ganhando confiança para futuras decisões. 

No Fingurú você encontrará mais artigos que te ajudarão a ir ampliando seu conhecimento. Verá que a linguagem começa a se tornar um pouco mais técnica e específica, por isso recomendo ir lendo aos poucos e não sobrecarregar-se de informações e, acima de tudo, nunca perder o objetivo final: encontrar a maneira de proteger nossas economias da inflação e, por que não, planejar novas experiências graças à rentabilidade obtida.

Deseja validar este artigo?

Ao validar, você está certificando que a informação publicada está correta, nos ajudando a combater a desinformação.

Validado por 0 usuários
Franco Mateo Gonzalez

Franco Mateo Gonzalez

Sou Mateo González, estudante de Licenciatura em Economia na Universidade Nacional de Córdoba. Apaixonado por finanças, macroeconomia e a análise da economia argentina. Tenho interesse em entender como as políticas econômicas e as disputas políticas impactam no dia a dia das pessoas.

TwitterLinkedin

Visualizações: 63

Comentários