29/07/2022 - economia-e-financas

Índice Bursátil: O que é e como é calculado?

Por gustavo neffa

Índice Bursátil: O que é e como é calculado?

A primeira coisa que faz um bom investidor quando se levanta, mesmo antes de tomar o pequeno-almoço, é ver como vêm os futuros índices de ações, e saber como estão operando os índices daquelas bolsas que já abriram, além de tomar nota de como fecharam os índices de países asiáticos que já fecharam. Os EUA são o que acaba por definir sempre a evolução da maioria dos outros sacos, mas os diferentes usos horários tornam importante monitorar a evolução do resto dos índices também.

O que é um índice de bolsa?

Um índice de bolsa é simplesmente um valor numérico. É um guia que mostra de forma resumida o desempenho de uma bolsa ou mercado bolsista. É um valor que surge de um cálculo que é a ponderação matemática de um conjunto de ações cotadas nos mercados accionistas para medir desse modo o aumento ou a baixa no preço das ações através dos valores incluídos no índice. É um valor numérico que tenta refletir as variações de valor ou rentabilidade média dos valores que o compõem.

Essa média pode ser ponderada (na maioria dos casos, pelo peso de sua capitalização bolsa), ou simples, dependendo da constituição dos índices, embora a maioria seja ponderada.

Algo muito importante a tomar em conta é que os índices não podem ser operados diretamente, mas podem ser operados através de contratos de futuros a determinada data como qualquer outro futuro, através de fundos comuns de investimento que repliquem exatamente a composição do índice (a maioria deles, no entanto, tenta ganhar pelo que não vão ter o mesmo rendimento) ou através dos ETFs de índices (fundos de investimento cotados em bolsa). Neste último caso, se o investidor quer expor-se ao S&P 500 pode comprar o SPY que se encarrega de replicar esse índice bolsista norte-americano.

Os investidores costumam misturar as definições de índices de bolsa com bolsas de valores, porque muitas vezes os meios de comunicação nos dão a informação de forma confusa. Um índice pode refletir o movimento médio das ações de uma bolsa, mas uma bolsa não necessariamente é um índice. O Nasdaq é tanto um índice como uma bolsa.

O índice americano mais antigo é o Dow Jones Industrial Average, simplesmente conhecido como Dow Jones, que foi criado por Charles Henry Dow em conjunto com o Wall Street Journal para medir a atividade econômica e financeira dos Estados Unidos no final do século XIX. É o primeiro de três índices, já que na altura a economia, além das empresas industriais, estava muito influenciada pelas empresas de electricidade e de transporte, daí os dois índices restantes.

Em muitas ocasiões, há um número que acompanha o nome que recebe, como é o caso do FTSE 100 da Grã-Bretanha, o DAX 30 da Alemanha, o CAC 40 de França ou o Ibex 35 de Espanha. Esse número indica a quantidade de empresas que o compõem. Por exemplo, o Nasdaq 100 é composto por 100 empresas e o Nikkei 225 por esse número específico. Esse número não varia e o “corte” sempre se faz no mesmo número de empresas, cujos nomes variam de período a período, ao contrário de outros índices que possui um número variável de empresas que entram e saem e não importa a quantidade de ações que contém, mas que esse número é variável.

O número de empresas é importante, uma vez que, por vezes, pode ocorrer que, se uma descida muito na sua cotação e/ou capitalização da bolsa, quando esse índice de ações for actualizado quanto às empresas que nele participam pode deixar de estar incluído nele e entrar outra empresa a fazer parte do mesmo. Normalmente, as taxas fazem o rebalanceo a cada 3 ou 6 meses e, em função da sua capitalização da bolsa, que se calcula multiplicando o número de ações totais cotadas (incluindo as preferidas) pelo preço das mesmas. É o valor ou “peso” que a empresa possui na bolsa.

A grande maioria dos índices do mundo usa a ponderação por capitalização da bolsa: Na sua elaboração, foi dado maior peso relativo às acções de algumas empresas em relação às acções de outras, a fim de garantir que a situação do mercado seja real.

Talvez o mais famoso de todos justamente não o usa: o índice Dow Jones, que é muito criticado justamente por este fato. Apesar de, por outro lado, estar incluído nesse índice, as empresas têm de ter certas características, entre as quais o tamanho de mercado (grande) compensa parcialmente deu inconveniente.

Os chamados “pontos” de um índice evoluem com o movimento das ações que representam, mas têm todos eles um começo em um ponto, chamado base bolsa (como qualquer outro índice). Alguns investidores estão (mal) acostumados a medir uma queda ou suba forte de um índice pela quantidade de pontos, como “o Dow Jones subiu 100 pontos”. Mas esse valor pode representar muito ou pouco dependendo do valor do índice (a base), e não deve ser tido em conta. A variação percentual é sempre mais importante que a evolução dos pontos.

Duas formas em que se pode ponderar um índice

A ponderação simples interpreta de forma igualitária todas as empresas, independentemente do valor das suas acções e da quantidade das mesmas, pelo que se elabora fazendo uma média ponderada da percentagem de suba ou baixa das acções nele incluídas. A desvantagem de um índice de ponderação simples é que pode perder muito terreno uma grande empresa e uma empresa muito pequena ganhar o mesmo na sua cotação e o índice não refletir a criação ou destruição de valor porque ambos os valores seriam compensados no índice.

Em vez disso, em A ponderação por capitalização da bolsa é tomada pelo valor das ações, bem como o número das mesmas. Um índice de capitalização da bolsa é muito mais complexo, mas a vantagem é que dá maior importância às empresas que realmente têm, já que as dá um valor muito mais importante para com a conformação do índice.

O que acontece no caso da Argentina?

Especificamente o caso da Argentina, o índice de referência ou “benchmark” é o Índice S&P Merval que varia de trimestre para outro em função de uma fórmula que inclui a quantidade de operações e o volume transado dos últimos seis meses e que corta em 80% desse cálculo (de lá para baixo as empresas não estarão incluídas).

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gustavo neffa

gustavo neffa

Sou Gustavo Neffa. Diretor de Economia e Finanças no FinGurú. Parceiro e diretor da Research for Traders, liderando uma equipe de analistas de mercados. Eu desempenhoi os últimos 24 anos no setor financeiro tanto em entidades domésticas como de capitais estrangeiros, tendo ocupado o posto de Analista de Research Senior em Macrosecurities do Banco Macro e no BBVA Banco Francês, além de analistas econômicos junto ao economista-chefe do BBVA Banco Francês. Também sou professor em matéria de Finanças Corporativas, Administração de Carteras de Investimento, Valuação de Activos Financeiros, Valuação de Projetos de Investimento e Finanças Internacionais em diversos MBAs e cursos de pós-graduação em Buenos Aires e no interior do país e professor do MBA da UNLP e da UNNE de avaliação de ativos financeiros, e da pós-graduação em Mercado de Capitales da UBA em convênio com ByMA. Codiretor do Programa de Finanças Avançado da UNLP.

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