30/12/2021 - economia-e-financas

O que é e o que faz um Day Trader?

Por gustavo neffa

Imagen de portada
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Como investidores, os traders ou operadores de mercado não têm uma definição específica, mas que o intervalo é muito amplo e qualificam tanto pequenos investidores independentes que trabalham de um escritório em casa, até o maior investidor institucional como um fundo comum de investimento, um banco, uma sociedade de bolsa, um fundo de pensão ou uma empresa de seguro, que move centenas de milhões de dólares em ações e contratos de futuros a cada dia útil.

Para entender o que é um Day Trader e o que é que faz todos os dias, primeiro é necessário entender o que é o trading, como forma de operar o mercado: o trading consiste na compra e venda de ativos de risco como ações, futuros de moedas (Forex), obrigações de tesouraria e índices bolsistas, bem como matérias-primas.

O prazo das operações dependerá de onde o operador ou se opera por conta própria e quais são os seus objectivos, mas em princípio o curto prazo.

Muitas vezes, o day trader usa leverage ou alavancagem, ou seja, compra um montante de ativos riscos muito superior do que realmente tem como disponibilidade de fundos na sua conta, porque assim a mesma operação redirecciona mais em caso de sucesso. É assim que se operam os futuros dos diferentes ativos: não se compra 100%, mas uma fração de um contrato de futuros, ou melhor, tem que depositar prata de garantias por muito menos que esse contrato, pois o trader realiza os ganhos ou perdas das posições dia a dia (mark-to-market). Não há uma liquidação da diferença no prazo porque um trader é um investidor especulativo que não leva o activo, mas especula com a diferença de preços.

Não só pode tomar posições compradas nos diversos activos, mas também pode ser vendido em descoberto e recomprar a posição vendida para fechar a operação.

Na gíria de bolsa do day trader existem diferentes conceitos para ir assimilando:

  • COMPRAR (POSIÇÃO LONG): isto é quando se quer comprar ações de uma empresa que se pensa que vai subir, a isso é conhecido como uma posição “longa”, em inglês long position ou posição comprada.
  • VENDER: essa ordem é executada quando já possuímos as ações e queremos vendê-las.
  • SELL SHORT: conhecido como shortear uma ação ou apostar na baixa, onde apostamos na possibilidade de ganhar dinheiro em um movimento baixista vendendo um ativo que não tem se alquilando ao nosso bróker ou ao mercado como garantia (com a promessa de recomprar o valor abaixo).
  • BUY TO COVER: este tipo de ordem é usado quando um ativo foi previamente traduzido e deseja sair da posição para tomar os lucros (ou cortar as perdas se estiver num preço superior ao da abertura da posição).
O trading exige concentração e foco em poucos instrumentos, a fim de controlar permanentemente a evolução de uma ou várias ações, ou índices de mercado ou commodities, a fim de tentar detectar quando começará uma suba ou baixa e comprar ou vender acorde à expectativa formada. Nesses minutos mesmo, pode que o preço de uma ação comece a subir e é ali onde se decide tomar o ganho e sair da posição que, em alguns casos, reporta um ganho garota.

Por que se são raparigas os lucros há muita gente que se dedica a isto?

Porque o trading exige repetir a operação várias vezes por dia.

Porque o montante em jogo pode ser alavancado em forma especulativa através do crédito através do uso da chamada conta de margem (margin account).

Porque quanto mais se opera, os custos de transação ou comissões de operatória costumam ser mais meninos (ao bróker lhe serve mais do que um trader opera muitas vezes em uma conta mediana que não opere uma conta muito grande).

Este último requisito é fundamental para se dedicar ao trading: há que buscar as melhores comissões ou que esse bróker não cobre comissões como ocorre em vários casos. Muitos corretores online já não cobram comissões (a geram prata por outro lado vendendo ETFs e fundos de administradores com os quais têm um contrato remunerado).

Muitas vezes o trading é realizado pelos próprios corretores ou casas de bolsa que operam no mercado para terceiros clientes, mas que também operam para suas contas de investimento próprias e não carregam comissões sobre as operações. Não podem deixar de pagar as despesas de bolsa e impostos, mas não têm de suportar o custo de uma comissão de intermediação como tem que sofrer o investidor comum e corrente por maior que seja, porque são eles mesmos que fazem o trading.

Um aspecto importante a tomar em conta é que o day trader fecha quase sempre as posições no mesmo dia. É muito pouco frequente encontrar day traders que se levam uma posição comprada de um dia para o outro, menos ainda entre operadores profissionais.

E quanto mais profissionais sejam os traders, esses investidores empregarão mais quantidade e mais sofisticados programas de análise, ou “tool-boxes”, os quais em alguns casos têm ordens programadas de compra e venda quando a ação atinge um máximo ou um mínimo.

Na sua ponta, encontram-se os high-frequency systems (HFS), que são sistemas informáticos que atuam automaticamente através da aplicação de diferentes algoritmos, são os chamados “black-boxes”.

Também se alimentam da análise técnica que lhes marca que a ação está perto de um suporte ou de uma resistência, o que reforça suas decisões baseadas em diversos indicadores e osciladores, além de médias móveis de cortíssimo prazo.

O day trading é estressante porque exige muita “cintura” para o manejo dos investimentos no curto prazo e porque muitas vezes usam a alavancagem para potenciar os retornos, sabendo que também podem potenciar as perdas.

Exige, por outro lado, muita disciplina, pois requer a aplicação de ordens de saída (exit order) para realizar o ganho, ou de ordens para cortar uma perda (stop-loss order), além da aplicação de um método que cada trader pode aperfeiçoar com o tempo.

É necessário estar encharcado do mercado e das últimas notícias para que se possa exercer um trader eficientemente. Mas na maioria dos casos, embora os day traders conheçam as notícias financeiras do momento mais relevantes, não tentam buscar informação fundamental ou ter maior conhecimento dessa praça ou mercado em que opera, pois seu operatório se baseia quase exclusivamente no mais básico da informação bolsa que é a análise dos gráficos, dos preços e do volume operado.

Um ponto de entrada ou uma luz verde que dispara no seu sistema de trading especulativo também pode ser dado quando se “alinham os planetas”, isto é, quando as diferentes variáveis, indicadores técnicos ou osciladores que são os inputs do modelo lançam um sinal de compra ou de venda. Seus sistemas de negociação têm algoritmos que lhe dão sinais com fórmulas elaboradas antecipadamente, mas sempre algo de informação tem que ter à mão para saber se o mercado é comprador ou vendedor. É por isso que muitas vezes os day traders se valem dessa informação para incorporar nos preços das acções ou outros activos: um resultado corporativo, um anúncio de uma empresa, um acontecimento extraordinário ou um dado macroeconómico que não estava descontado (para bem ou para mal) são os verdadeiros mobilizadores da tendência dos preços de mercado.

A liquidez é muito importante: os mercados, classes de activos, ou as “subsórias” em que os day traders são normalmente mais líquidos para permitir entrar e fechar as posições com o menor custo possível: ações e ETFs mais tradicionais, bem como futuros mais líquidos de moedas, commodities, índices ou obrigações fazem parte do menu de um day trader com um spread ou diferença entre o preço de compra e de venda mais baixo possível.

Além destes traders de curto prazo, os mercados que os tornam perfeitos ou procuram a sua perfeição, porque reagem rápido e porque tentam descobrir oportunidades de arbitragem que corrigem as mesmas imperfeições dos mercados. Uma arbitragem é uma operatória com ganho seguro enquanto os ativos não se encontram nos preços que deveriam estar ou que devem ser cotados.

São operadores mais profissionais que a média, pelo que também estão habilitados por seus corretores para estar operando no pré-market ou no after-market, que são 3 horas antes e depois da sessão bolsa normal.

A negociação em tendência ou de posicionamento, o denominado positioning trading: é mais rentável para investidores rapazes, dado que não se baseia em operações intradiarias que é a operatória de comprar, vender e fechar posições no mesmo dia, mas consistiria em aproveitar uma tendência ascendente ou baixista completa que pode durar dias, semanas ou mesmo meses ou anos. O trading em tendência, ao contrário do day trading, requer muito mais tempo para se materializar e é mais propício para o investidor retalhista ou para aquele que operar uma conta de investimento desde sua casa e que não seja correto ou casa de bolsa.

O scalp trading (que realiza o scalping ou o corte de couro cabeludo como costumavam fazer os índios norte-americanos sobre suas vítimas como mostra de força e de vitória sobre o inimigo), é também aquele day trader que nunca se leva a posição de um dia para o outro, mas se diferencia do mesmo no sentido que também opera com posições muito curtas, Segundos a Minutos. O day trader, tal como dissemos anteriormente, opera com posições diárias.

Estes são os diferentes estilos em função do prazo de negociação, dos mais sofisticados e de curto prazo aos de maiores prazos:

Em síntese, a tarefa do day trader é uma tarefa de posicionamentos a curto prazo e com muitas vezes alavancagem nos diferentes mercados líquidos para poder realizar operações mais redituáveis, tentando sempre não levar posições abertas no dia seguinte.

Eles geralmente se guiam pelo que a leitura dos gráficos ou pelos sinais que lhe dão suas algortimos construídos com base em osciladores que lhe indicam os pontos de entrada e de saída.

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gustavo neffa

gustavo neffa

Sou Gustavo Neffa. Diretor de Economia e Finanças no FinGurú. Parceiro e diretor da Research for Traders, liderando uma equipe de analistas de mercados. Eu desempenhoi os últimos 24 anos no setor financeiro tanto em entidades domésticas como de capitais estrangeiros, tendo ocupado o posto de Analista de Research Senior em Macrosecurities do Banco Macro e no BBVA Banco Francês, além de analistas econômicos junto ao economista-chefe do BBVA Banco Francês. Também sou professor em matéria de Finanças Corporativas, Administração de Carteras de Investimento, Valuação de Activos Financeiros, Valuação de Projetos de Investimento e Finanças Internacionais em diversos MBAs e cursos de pós-graduação em Buenos Aires e no interior do país e professor do MBA da UNLP e da UNNE de avaliação de ativos financeiros, e da pós-graduação em Mercado de Capitales da UBA em convênio com ByMA. Codiretor do Programa de Finanças Avançado da UNLP.

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