Azul
Na semana passada, fiz uma entrevista com uma artista emergente que tem muito a contribuir na cena musical atual. Sua equipe DM Estudio me recebeu: Achi, seu produtor, e sua CM: Andrea. O ambiente foi muito relaxado, já que compartilhamos alguns mates para fazer uma entrevista fresca e agradável.
E é que há quem escreva para curar, e há quem cure escrevendo. No caso de BLUE, ambas as verdades coexistem. Nascida nos Estados Unidos, mas criada desde muito pequena em Buenos Aires, sua identidade musical é um híbrido sutil entre idiomas, gêneros e emoções. “Comecei a compor em inglês, era o que eu ouvia desde pequena. Mas há pouco tempo me animei a escrever em espanhol”, conta.
Seu caminho na música começou de forma orgânica, como um reflexo do que a cercava. Entre os discos de Michael Jackson —seu ídolo de infância— e novas vozes como Billie Eilish, também há espaço para Maná e Julieta Venegas. Seu ouvido, curioso e sem preconceitos, se deixa nutrir pelo novo e pelo que emociona.
Nos seus primeiros passos, BLUE se movia dentro do pop mais tradicional, mas sua evolução artística a levou a um som mais introspectivo, íntimo e cru. “Comecei a me ouvir mais. A me permitir escrever de um lugar mais profundo. Minhas letras mudaram, e com elas, minha música também”, diz.
Hoje sua proposta navega entre o electropop, o R&B, o indie e o soul, com uma base clara: o dark pop. Um estilo que, longe do superficial, coloca o foco na emoção. “Componho a partir da melodia, sobre alguns acordes, e a partir daí começo a canalizar o que estou sentindo. Não tenho uma técnica fixa, simplesmente me deixo levar”, confessa. Às vezes, há dezenas de canções inacabadas que ficam em pausa, até que uma delas faz sentido. “Talvez eu precise passar por 30 canções para chegar à que realmente gosto”, diz, e soa como se estivesse falando da vida.
Porque para BLUE, a música não é uma profissão: é sua forma de estar no mundo. “Tudo passa por aí. A música é a minha vida. É o que me sustenta e o que me inspira”, afirma. E isso se sente. Ouvir suas canções é entrar em uma atmosfera dual, onde coabitam a vulnerabilidade e a força, a sombra e a luz. “A coisa mais linda que me aconteceu foi alguém me dizer que minha música o acompanhou em um momento difícil. Isso é o que quero gerar: identificação e companhia”.
Essa honestidade é o que também a diferencia na cena musical argentina. “Sinto que o dark pop não é muito explorado aqui, e também me foco muito na lírica, em não dizer qualquer coisa. Não quero fazer algo vazio”.
Fora do mundo sonoro, BLUE se nutre de leituras, filmes e experiências pessoais. “Às vezes você sente que a inspiração acaba, e é aí que precisa conectar com outras coisas. Isso também faz parte do processo criativo”.
E a exposição, como você lida com isso? “Vivo com naturalidade, não tenho problema em me mostrar como sou. Mas há dias em que me sinto com mil problemas. E outros, em que me sinto uma deusa. Como todo mundo, eu suponho”, diz rindo, e é impossível não empatizar.

Seu último single, Rest in Peace, lançado na última sexta-feira, 25 de julho, é um manifesto de cura. Uma despedida emocional que se transforma em canção. “Senti que tinha que enterrar essa parte de mim que aceitava coisas que não merecia. Foi minha forma de dizer ‘basta’ e começar de novo”. A canção surgiu quase sem buscar: um par de acordes, uma melodia espontânea e uma letra que, como diz, “entendeu antes de eu a terminar”.
“Espero que quem a escutar também possa curar. Que sinta que é possível soltar e começar de novo”, deseja.
Atualmente, BLUE trabalha junto a Achi Deuz, seu produtor, em um EP de 6 a 8 canções. Não há data de lançamento, mas o caminho já está em andamento. Também sonha em colaborar com outros artistas e expandir seu universo sonoro. O que tem claro é sua mensagem: “Que façam o que gostam. Que sonhem, que se animem, que não se importem com o que os outros dizem”.
BLUE não faz apenas música. BLUE transforma. E, como toda alquimista emocional, converte a dor em arte e a sombra em possibilidade.
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