A maturidade musical no terceiro álbum das irmãs Haim
Já há mais de dois anos que foi publicado o último álbum de estúdio das irmãs Haim, “Women in Music Pt. IIIou WIMPIII como chamam elas), onde este, Danielle, e Alana conseguem com um som extremamente moderno gerar letras e um estilo atemporal.Diante desse como seu terceiro disco de estudo, coproduzido por Danielle, parece contraditória sua complexidade e acessibilidade para o público popular. Embora certos temas residam na familiaridade, não qualquer tema chega aos charts referenciando Lou Reed como elas fazem em “Summer Girl”, conseguindo este álbum mais que ser o algoritmo refinado de uma canção pop, a consolidação de um som com uma diretriz clara sobre a qual vêm trabalhando há quase dez anos. Ao contrário de seus outros dois trabalhos "Days are gone" e "Something to tell you" , neste disco se podem ver o crescimento e a maturidade musical que obtiveram nos últimos anos, asi também como as influências dos produtores Ariel Rechtshaid e Rostam Batmangli, ex-membro de Vampire Weekend.
“Damos muita importância tanto à composição como à gravação dos temas. A década dos 80 é um dos nossos referentes. Nos anos 90, com o grunge, a produção começou a decaer. Hoje, com os avanços tecnológicos, você pode gravar um disco em seu quarto e obter um bom som por pouco dinheiro. Em termos estritamente musicais, estamos vivendo uma época similar à dos 80, porque a eletrônica é muito relevante e se fusiona com o rock" comenta Danielle para "O país", podendo evidenciar essa qualidade com poucos recursos em seu Tiny Desk Concert
Influências, catarsis e tributo a Los Angeles
O álbum abre com “Los Angeles”, canção tributo ao cenário principal de sua história. Contada com a ajuda de Paul Thomas Anderson e com uma estética narrativa coming-of-age, sua essência é capturada através dos vídeos de "Summer Girl", "Now I'm in It", "Hallelujah", "The Steps", "Man from the Magazine" e "Lost Track", os quais até poderiam ser considerados parte do universo cinematográfico de PTA.Quanto às letras do álbum, cada uma das irmãs tentou fazer catarse de suas vivências parte do processo criativo: para Danielle a depressão, para Alana a inesperada morte de uma amiga, e no caso de Este, o ser diagnosticado inesperadamente com diabetes.
Esses sentimentos são claramente traduzidos em temas como "Hallelujah" ou "I Know Alone", que embora tenha sido escrito antes do confinamento pelo vírus COVID-19, foi quase que um presságio:
Now I’m in It foi um dos primeiros singles do disco, mas na versão final o encontraremos como bonus track . Aqui continua (ou pelo dos primeiros singles, começam) com esta narrativa sobre essa espiral sem fundo onde é difícil sair e a busca dessa saída. Com um vídeo claro sobre esta situação cíclica, há uma visão um pouco mais otimista onde podemos ver o apoio entre elas.“Been a couple days since I've been out
Calling all my friends but they won't pick up
Found another room in a different place
Sleeping through the day and I dream the same"
A importância da música e da instrumentação ao vivo para Haim
Uma das surpresas do álbum foi Gasoline, canção que conta com a colaboração de Taylor Swift, que se autodenomina "A quarta irmã Haim" e com quem chegou a apresentar a canção ao vivo.[caption id="attachment_ 7669" align="aligncenter" width="1000"] As irmãs Haim com Taylor Swift na apresentação ao vivo de "Gasoline"[/caption]
Women in Music: “Não quero ouvir é o que é, foi o que foi”
Em seu último álbum podem ver as influências de Shania Twain, Sheryl Crow, Joni Mitchell, Fleetwood Mac e Destiny's Child, mas como um tributo como um ponto de partida.O ser uma banda de rock composta exclusivamente por três mulheres trata de não ser o tema principal do álbum, mas é quase impossível que não se destaque:
[caption id="attachment_ 7660" align="aligncenter" width=" 1024"] HAIM apresentando-se na edição número 63 dos prêmios GRAMMY (Photo by Kevin Winter/Getty Images for The Recording Academy)[/caption]“Ao ser uma banda de meninas no rock n roll, nem sempre nos tomaram muito a sério, no mês passado a BBC pediu-me que gravasse um tutorial na guitarra para ‘the steps’, e o primeiro que eu penso sobre isso, porque é um riff muito simples, era nos comentários dizendo que eu tinha o nível de uma criança de 5 anos. Mesmo assim o fiz, mas desse tipo de situações vem o nome do álbum.” Desenvolve Danielle em uma entrevista.
Sendo as três habilidosas instrumentistas suas apresentações ao vivo são a quarta pata do que as faz tão relevantes, ao subir ao palco criam uma atmosfera única, onde lhe fazem honra não só aos seus três discos se não às suas figuras de referência sempre que incluem algum cover ou reversão (Ex. “That not impressed me that much”, “Oh well”, “I ‘ll try anything onze”)
Assim, o preconceito obrigou-as a ver muitas faces de surpresa quando descem do palco, este chega a dizer que tocam melhor do que muitos colegas homens, mas eles nunca seriam questionados. Essas experiências com capturadas na canção "Men from a magazine" onde se ouve Danielle dizer:
Endo com este álbum além do que muita música popular nos oferece hoje, acho que não estão nem perto de alcançar o limite de sua capacidade.“ O menino da loja de música, que condui tanto para chegar, dá-me uma guitarra de iniciantes e me diz que poderia tocar em algum bar”
Já por seu presente pode-se ver que transcenderão por si mesmas e sua música, pois se você ouvir no rádio um tema delas, ou o aleatório terminasse em um de seus vídeos, apenas alguns segundos bastariam para que eles subam o volume sem necessidade de colocá-los rosto ou nome.
Ainda assim, o contexto as torna ainda mais importantes. Tanto os vídeos que subenm às redes, as coreografias de seus shows ou também sua forma de vestir, reivindicam um conjunto de coisas desprestigiadas só por estarem associadas à experiência feminina, atingem uma nova dimensão por serem associadas por seu talento e qualidade musical, não sendo rebaixadas a algo banal, algo que no impacto cultural não deve ser subestimado.
Comentários