Se você nasceu entre os anos 90 ou 2000, certamente reconhecerá instantaneamente o nome Miley Cyrus e é muito provável que você a associe com o personagem que a levou à fama em 2006: Hannah Montana.

No dia 11 de agosto deste ano, 18 anos após a estreia desta série, sua protagonista foi homenageada como a Leyenda mais jovem da Disney. A cantora participou do tributo e fez um discurso em que se emocionou e comoveu seus fãs.

Agora, por que esse acontecimento tem tanto impacto?

O fenômeno

Além de ser um dos shows mais bem-sucedidos do Disney Channel, Hannah Montana (2006) foi um fenômeno cultural. Uma série que narra a história de uma garota com vida dupla; que mudava com uma peruca loira que a transformava em uma super estrela. Um projeto que impactou toda uma geração, que até hoje persiste no coração daqueles que assistiram e cresceram junto com este personagem.

2011 - Pós-Disney

Depois do fim da transmissão e seu tempo na Disney, Miley continuou a atuar, fazendo filmes como "A Última Música" (2010) e "Conectados pelo Amor" (2012), bem como continuou sua carreira musical, com canções que também marcaram a cultura como "Party in the USA" (2009) ou "Can't Be Tamed" (2010), esta última sendo o foco de uma de suas primeiras "controvérsias" por ser um estilo disruptivo em comparação com sua era "Hannah".

De Wrecking Ball a Flowers

Até este ponto de sua história, a atriz também manteve um estilo experimentado com o gênero rock, roupas da moda nos anos 2010 e um cabelo icônico com extensões.

O maior ponto de destaque foi quando lançou o videoclipe de sua canção "Wrecking Ball" em 2013 junto com sua apresentação viral no VMAS daquele ano. Isso não foi apenas algo diferente da imagem que ela sempre manteve diante do público, mas também foi um estilo que raramente tinha sido visto naquele nível de exposição mundial e imediata, devido à chegada das redes sociais e novas plataformas digitais.

Tratava-se de uma Miley Cyrus de 20 anos que estava se descobrindo em um mundo onde sempre teve que estar à altura do que representava Disney, sem erros.

Depois de alguns anos no meio de "escândalos" públicos por experimentar com sua imagem, Cyrus voltou a mudar seu estilo para algo mais country em seu álbum "Younger Now" (2017); depois voltou ao pop rock com seu EP "She Is Coming" (2019) e "Plastic Hearts" (2020); seu álbum mais recente, "Endless Summer Vacation" (2023), a levou a se consagrar no Grammy ao conseguir seu primeiro prêmio pelo mesmo.

A aceitação (e celebração) de suas fases

Após sua era Hannah Montana, da qual parecia querer se distanciar desde seu final em 2011, a artista ofereceu diversas entrevistas onde reflete sobre seu processo de crescimento pessoal, sua saúde mental, sua transição para a vida adulta e sua busca de identidade.

Na entrevista "Hart to Heart" com Kevin Hart, a americana afirma que considera que: "criei alter egos para mim mesma (...) cresci ao mesmo tempo que ela (referindo-se ao seu personagem na série), não havia divisão entre ambas. Eu era quem eu era".

Hoje em dia, Miley abraça essa versão mais jovem dela no D23 ao dizer: "Ainda estou orgulhosa de ter sido Hannah Montana (...) Ela criou Miley em muitos sentidos".

Por que este discurso emociona tanto?

Essas palavras podem ser vistas como a "reivindicação" de Hannah Montana por parte da atriz. É um momento que permite àqueles que cresceram tendo-a como ídolo, que se viram nela ou que aprenderam com sua trajetória, se emocionarem.

Nas palavras de María Quiles em seu artigo "O discurso emocionante de Miley Cyrus após ser nomeada lenda da Disney (e seu agradecimento a Hannah Montana)" para Vogue (2024): "Miley (na vida real) nos ensinou a perseguir nossos sonhos e fazer, realmente, o que quisermos. Isso, claro, deixando de lado o temor do que os outros pensam".

Miley não se apega ao passado ao reconhecer Hannah, ela a abraça para continuar sua trajetória. Ela reconhece e celebra todas as suas versões para poder avançar; destacando nesse mesmo discurso: "É lendário ter medo e ainda assim fazer. Não existe fracasso quando você tenta".