Eram três da manhã e faltavam 3 horas para me levantar, tomar banho e ir à escola. Era outra noite mais com 16 anos onde nada fazia sentido e contavam-se os dias para terminar o ano. Entre desperta e dormida, procurei um disco que me tinha recomendado meu irmão John guitarrista, que mencionou Eric Clapton, tinha me comentado sobre o blues. Naquela noite, quando ouvir o Texas Flood de Stevie Ray Vaughan foi quando a minha vida mudou.Sou do ano "99, de uma geração onde a informação sempre foi acessível, e a música muito fácil de encontrar. Mas também sou da geração, onde a música encontrou outro caudal de valor. A música modeira, descartável e imediata. Não nasci numa casa com pais músicos, nem com discos nem herança artística, portanto, nunca tive o ensino da cultura musical. Mas se posso dizer que, embora não tenha tido uma formação musical, tive uma educação musical na rua de muito cedo e a vida me deu momentos de liberdade graças à música.
A busca do sentido
Aos 17 anos passava meus dias indo de bar em bar por Buenos Aires, chamada "a reme" que era a abreviação de "a re menor". O único que queria era sentir um só violão e uma noite mágica, para o dia seguinte ir ao colégio e que tudo tenha um pouco mais de sentido na minha vida.Uma noite, anime-me a cantar em uma jam de blues, e aí entendi que meu caminho ia ser pela música. Uma sensação, uma emoção, uma verdade.Tinha-me apaixonado por rock e blues, sem saber. Girávamos pelas ruas junto ao meu irmão John e Kid, os dois guitarristas que formava o trio musical. A música nos transportava para cenários de qualquer tipo. Esperávamos toda a semana nesse momento, onde cerrabas os olhos e com apenas uma mudança de acorde, uma dinâmica, uma intenção em cada movimento tudo cobrava sentido. Era a energia, onde as noites se iluminavam de conversas com estranhos, onde a lua nos acompanhava e o peso nas costas pelas guitarras não importava. Dentro dessa inocência, levávamos um grande sonho: conseguir tocar música para sempre.A música é também a rua, a cultura e as pessoas. E o rock é, como muitos dizem, um estilo de vida. Eu entendi que o fato de que ninguém me venha ver cantar, não importava, porque fechar os olhos em meio a um só de guitarra, significada estar na totalidade, o infinito, em um espaço sem tempo. A conexão comigo mesma significava mais do que qualquer tipo de pessoa aplaudindo-me ou reconheço-me.Os anos passaram e o caminho cada vez se solidificava mais na música, conservando o mesmo trio de músicos. Nunca esquecerei esses primeiros anos do rock, porque foram reais e honestos. Meu objetivo é sempre voltar a algo parecido a esse primeiro trance cantando. Se eu tivesse que descrever o que a música significava para mim, é um lugar de sensações, um piso sem teto embebido de emoções infinitas, um mundo onde o menos incompreensível faz sentido. Uma ponte entre as pessoas, e um presente sensorial ao corpo.Poder aceder a esse campo infinito, é para mim a razão e o sentido a estar viva. Nada faz mais sentido do que uma sensação real e viva.E jamais se esquecer dessa primeira emoção ouvindo o que a música te presente nesses primeiros momentos,Porque no final, tudo é efêmero.Mas o que realmente transcende e será eterno.É a arte.O amor.A música.Deseja validar este artigo?
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tshine
Olá! Sou TShine, cantor e guitarrista argentina. Aos primeiros anos comecei a estudar música, em paralelo com o meu trabalho de modelo. Os anos trabalhando de modelo me daram viagens e experiências. Quando tive a oportunidade de deixar essa profissão, comecei a viajar com 20 anos pelo mundo sozinha. Eu vi em cidades como Los Angeles e Londres. As viagens me levaram a conhecer diferentes perspectivas do mundo da música, tocando ao vivo em lugares inimagináveis e trabalhando como cantora para publicidades norte-americanas. Depois de viver nos Estados Unidos e gravar minhas primeiras canções, decidi voltar à Argentina para apostar no meu sonho. Hoje vivo em Buenos Aires, e estou por lançar meu primeiro disco depois dos quatro singles publicados em 2022.
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