Tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Dois partidos separam a Argentina da glória eterna. De ganhar um Mundial. De cumprir o sono, de tocar o céu com as mãos. A Argentina jogará novamente uma semifinal do mundo. A quinta em sua história. Ganhou todas: 6-1 aos Estados Unidos em 1930, 2-0 à Bélgica em 1986, 4-3 por pena – depois de empate 1-1- à Itália em 1990 e 4-2 – também por pena após empate 0-0- aos Países Baixos em 2014. Na terça-feira, 13 às 16 horas e contra a Croácia, procurar-se-á chegar a outro fim do Mundo.
E a Argentina vai... Deixou no caminho para a Austrália, vendendo-a categoricamente do jogo, mas não desde o resultado: 2-1 pouco exibicionista para os resultadistas, mas muito atraente e interessante para quem valorizamos a criação de jogo, a busca. Um Messi 20añero e iluminado. Uma aranha que mordeu e picou. E San “Dibu”, aparecendo quando mais precisávamos.
Holanda. Digna de um parágrafo separado. E é que foi, possivelmente, o partido mais excitante da Seleção que se viu desde aquele Brasil-Argentina em Itália 90. Há jogos que ultrapassam os 90 ou 120 minutos e esses são aqueles que começam a brincar antes de começar. “Não joga muito com o rival quando tem a posse do balão”, “Se temos que chegar aos penais, agora estamos em vantagem”, foram algumas das frases do técnico neerlandês que aqueceram a prévia.
Lenha ao fogo para nosso capitão Messi e música para os ouvidos de “Dibu” Martínez. A Argentina optou pelo caminho do silêncio e por colocar em palavras seu futebol, durante o jogo. Um ato de disciplina pouco reconhecido pela seringa futeboleira, que decide ficar com uma foto. A equipe de Scaloni mereceu ganhar nos 90 minutos, mas não teve essa fortuna. Uma arbitragem controversa, dezessete amarelas e um alargue para o infarto tornaram os penais ainda mais vibrantes do que aqueles de 2014, que também soubemos ganhar. Nosso arqueiro, outra vez, tornou-se herói. O “Dibu” atalho dois penais de quatro possíveis e cedeu a chave a Lautaro Martínez, que se vestiu de Maxi Rodríguez, e pôs fim aos Países Baixos. Pintura sobre tela é a foto do “Toro”, de joelhos e animado, festejando a vitória e o passe às semifinais. Um desahogo total. Uma equipe atrás que corre a abraçá-lo. Um país que chora emocionado, porque volta a acreditar, porque volte a iludir-se. Porque quer ganhar a terceira e ser campeão mundial.
Do outro lado estará a Croácia, que vem de eliminar nem mais nem menos que o Brasil de Tité, favorito nos papéis com um plantel atormentado de estrelas. Finalista do último Mundial, a equipe de Dalić continua fazendo história. Com grandes figuras como Modrić, Kovačić, Perišić e Brozović, entre outros, os croatas procurarão o feito. Vamos tentar impedi-la. Na terça-feira, será a revancha daquele trágico 3-0 na Rússia, pela segunda data do Grupo D, que nos condenou ao milagre da Nigéria em um Mundial para o esquecimento.
Esta Copa do Mundo não conhece favoritos nem de candidatos. Na outra chave Marrocos venceu Portugal e espera pela França. Uma equipe africana lutará por estar na final de um mundial pela primeira vez na história. Fantástico para aqueles que amamos a surpresa e odiamos a lógica. O 18 será a final.
Tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Outra semifinal. Outro partido que ficará na história da seleção e da história dos Mundiales. Na sua história, na nossa. Sou daqueles que acreditam que há um destino, que há um por quê. Que por algo fomos aos penais contra os Países Baixos, e não o ganhamos confortáveis nos 90. Que “Dibu” precisava o enviou dos 12 passos. Que Lautaro tinha que converter esse gol e depositar-nos outra vez entre os quatro melhores. E que Messi precisava seguir dando o tamanho para continuar sendo o melhor jogador deste Mundial, para a alegria de muitos e o disgusto de outros poucos.
Argentina contra todos. Porque se os outros falam antes de tempo são reflexivos, mas se nós respondemos somos ampliados e sobradores. Porque se eles apuram e intimidam nossos jogadores antes de um penal é “parte do futebol”, mas se nós o devolvemos com a mesma moeda faltamos o respeito ao esporte.
40 milhões de argentinos, 40 mil no Qatar e 11 no campo. Todos juntos. O Martes 13 às 16hs, para conseguir novamente o passe à Final. ARGENTINA!
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