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CELAC: Fratura Hemisférica e Narcoterrorismo de Estado

Por Poder & Dinero

CELAC: Fratura Hemisférica e Narcoterrorismo de Estado

Jesús Daniel Romero para Poder & Dinero y FinGurú

Síntese Analítica – Inteligência e Poder

A CELAC se tornou o instrumento político mais vulnerável do hemisfério: um bloco fraturado onde convergem a retórica antiamericana e o narcoterrorismo de Estado. O conflito entre Washington e as organizações criminosas transnacionais revela que o discurso de integração foi substituído pela defesa de interesses ilícitos e estruturas de poder corruptas. A recente cúpula de Santa Marta expôs o colapso do consenso regional e a perda de toda autoridade moral do bloco.

O narcoterrorismo se transformou no eixo real de poder em vários países membros. Venezuela, Bolívia, Honduras, Nicarágua e Colômbia —já descertificada pelos EUA— formam um circuito de impunidade onde o crime organizado captura instituições e substitui a governabilidade. O Cartel dos Soles e o Trem de Aragua se projetam hoje como atores hemisféricos com redes financeiras, logísticas e políticas.

A CELAC, incapaz de exigir cooperação ou transparência, se dilui como ator diplomático e se consolida como refúgio de regimes aliados do crime. A integração latino-americana, que antes era um ideal político, é agora a estrutura da impunidade.

Análise

A crise atual reduziu a CELAC a um cenário de confrontação ideológica. A cúpula CELAC-UE de Santa Marta (2025) terminou sem consenso, após Venezuela e Nicarágua se recusarem a assinar a declaração final. Diplomatas europeus descreveram o fato como um “suicídio diplomático” que confirmou a fratura interna.

O eixo caribenho-bolivariano utiliza a CELAC como escudo político frente a sanções internacionais. Desde a designação do Cartel dos Soles como Specially Designated Global Terrorist Organization (SDGT) em julho de 2025, o regime de Maduro intensificou sua retórica antiamericana e aprofundou vínculos com a Rússia, Irã e Hezbollah. De acordo com o Atlantic Council (2024) e o CSIS (2024), esses vínculos permitiram o estabelecimento de redes de financiamento, treinamento e lavagem regionais sob a proteção estatal.

A região centro-americana sofre as consequências. Honduras, Belize e Guatemala apresentam taxas de homicídios entre 20 e 25 por cada 100.000 habitantes, impulsionadas pelo tráfico marítimo proveniente do Caribe venezuelano. Estudos da UNODC e da George Mason University indicam que mais de 70% dos homicídios em Belize e Honduras estão relacionados a armas de fogo e organizações de narcotráfico.

A descertificação da Colômbia pelos EUA em setembro de 2025, após trinta anos de cooperação, e a inclusão do presidente Gustavo Petro e seu entorno na Lista Clinton da OFAC por supostos vínculos com o narcotráfico, marcaram um ponto de inflexão. Um antigo aliado estratégico se torna agora um elo vulnerável dentro do sistema hemisférico.

A correlação é evidente: os países que promovem a narrativa antiamericana dentro da CELAC coincidem com os apontados por Washington como principais produtores ou corredores de drogas. A ideologia se tornou o manto que cobre a criminalidade. Enquanto isso, potências como Rússia, Irã e China preenchem o vazio de liderança regional por meio de cooperação militar, investimento opaco e desinformação estratégica.

Recomendações Estratégicas

Para reverter a deriva pró-narcotráfico e pró-terrorista, os governos democráticos devem articular uma coalizão operativa fora da CELAC que priorize a segurança marítima, a cooperação de inteligência e a transparência judicial.

As sanções financeiras devem ser direcionadas aos operadores logísticos do Cartel dos Soles e do Trem de Aragua, enquanto se endurece o controle portuário e aéreo mediante tecnologias ISR que integrem AIS, SAR, RF e ADS-B. As leis nacionais deveriam tipificar essas organizações como terroristas, habilitando extradições imediatas e a extinção de domínio sobre ativos ilícitos.

A ajuda internacional deve ser condicionada a resultados verificáveis: apreensões, condenações, unidades policiais limpas e portos certificados como seguros. A comunicação pública deve mostrar que a segurança marítima salva vidas centro-americanas e não responde a interesses estrangeiros.

Mas a batalha é mais do que técnica. É moral. A América Latina deve decidir se continua sendo cúmplice do crime ou se assume o custo político de recuperar sua soberania. Cada dólar, cada galão de combustível e cada apólice negada ao narcotráfico é uma vitória da liberdade sobre a corrupção.

Nota do Autor

LCDR (Ret.) Jesús Daniel Romero é analista estratégico especializado em inteligência hemisférica, operações marítimas e segurança regional. Ex-oficial de inteligência naval e diplomata em atribuições em vários países latino-americanos, liderou programas de interdição, cooperação internacional e fortalecimento institucional. É autor de El Cartel de los Soles: A Criminal Trojan Horse e Final Flight: Queen of Air, e fundador da plataforma de análise estratégica Inteligência e Poder.

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