William Acosta, CEO da Equalizer Investigations para a FinGurú
O Brasil atravessa uma fase sem precedentes em sua história criminal e financeira. O Primeiro Comando da Capital (PCC), o Comando Vermelho (CV) e a Organização Criminosa Comando (OCC) deixaram de ser gangues carcerárias para se tornarem autênticos conglomerados transnacionais, misturando narcotráfico, mineração ilegal, desmatamento e lavagem de dinheiro sofisticada.
Essas facções não apenas dominam o tráfico de cocaína, ouro e madeira, mas também criaram alianças com redes terroristas internacionais como o Hezbollah e o Hamas, conseguindo se infiltrar em setores formais e políticos do Brasil e de outros continentes.
Hoje, seus tentáculos alcançam a África, Europa e o Oriente Médio, utilizando uma rede de empresas de fachada, bancos digitais, criptomoedas e contratos públicos para movimentar mais de 35 bilhões de dólares por ano.
Estrutura Hierárquica e Liderança
Primeiro Comando da Capital (PCC)
Marcos Willians “Marcola” Camacho: Líder máximo e cérebro estratégico com poder em toda a América do Sul.
Marcos Roberto “Tuta” de Almeida: Operativo global e responsável por rotas africanas e europeias.
Michael “Neymar do PCC” Silva: Disciplina interna, recursos humanos e controle de criptotransações.
Roberto Augusto “Beto Louco” da Silva: Operações econômico-legais e encarregado de contratos energéticos.
Mohamad Hussein “Primo” Mourad: Ponte empresarial com o Oriente Médio, setor de energia e petróleo.
Roberto Soriano “Tiriça” e Daniel “Cego” Canônico: Chefes regionais em logística amazônica e fluvial.
Valdeci “Colorido” dos Santos e Abel “Vida Loka” Pacheco: Supervisam operações na Bahia, Ceará e Paraná.
Comando Vermelho (CV)
Luiz Fernando “Beira-Mar” da Costa: Fundador e força doutrinária.
Márcio “Marcinho VP” Nepomuceno: Operador político e penitenciário.
Wilton “Abelha” Quintanilha: Logística nacional.
Clemilson “Tio Patinhas” Farias: Manejo amazônico e vínculos com o oriente boliviano.
Edgar “Doca” de Andrade: Aliança internacional Lima–Santa Cruz–Cidade do Leste.
Luciano “Pezão” Martiniano, Flávio “Fatoka” Monteiro: Controle de territórios no nordeste e favelas do Rio.
Isaias “Borel” do Nascimento e Johnny “Bravo” Viana: Líderes no Rio.
Empresas de fachada Chave
Nova Paraíba Import S.A., Sólido Logística Ltda., Cabedelo Investimentos e Ariadna Comércio e Construções.
Organização Criminosa Comando (OCC)
Paulo “Sombra” Dias: General fluvial.
Everaldo “Capixaba” Mendes: Mineração e extração ilegal.
Lucivaldo “Anaconda” Figueira: Chefe de transporte e segurança.
Empresas de fachada: OCC Empreendimentos e Construções, OCC Engenharia Ltda., OCC Comercial Importadora Ltda.
Operações Sucessivas, Processos Judiciais e Impacto Criminal.
Ocultam milhões por meio de contratos públicos, importações falsas e obras de infraestrutura na Bahia, Pará e Rio.
Redes de lavagem em fundos fiduciários e motéis (Estrella Motéis & Hospitality Group, Trustee DTVM, Rede Futuro Fintech S.A., Zurich Fundo de Investimentos Multiestratégia).
Os processos mais significativos incluem:
Operação Hidden Carbon / Carbono Oculto (0012456-92.2025.8.26.0050): desmantelou a maior estrutura de evasão fiscal com 7,6 bilhões USD e mais de 10 mil postos de gasolina relacionados.
Operação Refinaria do Crime (0027814-45.2024.8.26.0050): apreensão de 4,1 bilhões USD em energia.
Custos Fidelis (0004856-31.2025.8.13.0046): prisões em massa e bloqueio de 223 milhões USD.
Asfixia (0003972-59.2025.8.19.0001): vínculos diretos com a Polícia Militar e legisladores.
Aegis (0002346-60.2024.8.13.0028): penas de até 32 anos e confiscos de bens no valor de 35 milhões USD.
Hércules X (0007831-64.2025.8.13.0178): erradicação de tribunais clandestinos.
Os números de violência são devastadores: 2.300 homicídios diretos documentados na última década, 40.000 mortes indiretas por domínio territorial.
Áreas de Operação e Alcance Internacional
No Brasil: São Paulo, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Rio de Janeiro, Amazonas, Pará, Acre, Ceará.
Internacional: Presença no Paraguai, Bolívia, Venezuela, Peru, Colômbia, Chile, Argentina, Portugal, Espanha, Bélgica, Itália, Países Baixos, Nigéria, Gana, Guiné-Bissau, Moçambique, Angola, Líbano, Irã e Turquia.
Contatos com Máfias: Africanas (Abdulaziz Okoro, Nigéria; Ibrahim Touré, Guiné-Bissau) e operadores de Moçambique (Carlos Benjamim Mavota), assim como empresários chineses de Hong Kong e Shenzhen para canalizar fundos em criptomoedas e e-commerce.
Aliados internacionais e Financiamento Externo
Contatos com Hezbollah: Assad Ahmad Barakat, Diab Kachmar, Akram Kachmar e Sobhi Fayad, mestres da lavagem na Tríplice Fronteira e no Líbano.
Com Hamas: Empresários iraniano-venezuelanos do Cartel dos Soles e contrabandistas que movimentam ouro amazônico.
Alianças Documentadas com: O ELN, Nova Marquetalia, Trem de Aragua e redes africanas da Nigéria e Guiné.
Relações com a China: Shadow banking em São Paulo e envio de ativos para a Ásia e África, conectado a redes de tecnologia e mineração ilegal.
A economia criminal movimenta: 900 toneladas de cocaína (15 bilhões USD), ouro (8 bilhões USD), madeira e minerais (2,5 bilhões USD), lavagem e combustíveis (9,5 bilhões USD), armas (250 milhões USD).
Conclusão
O PCC, o CV e o OCC configuram o tecido mais perigoso do crime organizado global, misturando brutalidade armada com gestão empresarial. Eles transbordaram as fronteiras do Brasil com alianças sólidas na África, Oriente Médio, Europa e com os principais cartéis latino-americanos. Enquanto não houver uma resposta multinacional que combine inteligência, operações bancárias e ação diplomática, a ameaça brasileira não apenas persistirá, mas também expandirá o modelo de narcogoverno para o restante da América Latina e o mundo democrático.
Sobre o Autor:
William L. Acosta é graduado pela PWU e pela Universidade de Alliance. É um oficial de polícia aposentado da polícia de Nova York, além de fundador e CEO da Equalizer Private Investigations & Security Services Inc., uma agência licenciada em Nova York e na Flórida, com projeção internacional.
Desde 1999, ele liderou investigações em casos de narcóticos, homicídios e pessoas desaparecidas, além de participar da defesa penal tanto em nível estadual quanto federal. Especialista em casos internacionais e multijurisdicionais, ele coordenou operações na América do Norte, Europa e América Latina.

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