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Destituem Dina Boluarte da presidência do Peru e a difícil tarefa de governar esse país.

Por Lic. Felipe Daniel Barrientos

Destituem Dina Boluarte da presidência do Peru e a difícil tarefa de governar esse país.

Imagem da presidente do Peru destituída de seu cargo, Dina Boluarte

Na sexta-feira, 10 de outubro, o congresso peruano destituiu Dina Boluarte da presidência do Peru por "incapacidade moral permanente" para gerir as tarefas do governo, o que desencadeia uma profunda crise de insegurança e agrava a crise institucional que o Peru vem enfrentando há vários anos.

Em seu lugar, assumiu como presidente interino, José Jerí, um advogado de 38 anos que tomou posse da presidência da República desde 10 de outubro até julho de 2026, apesar de que no próximo mês de abril ocorrerão eleições gerais.

Lembrar que o Peru teve sete presidentes em menos de 10 anos, contando os que chegaram ao poder desde 2016, 3 destituídos contando a ex-presidente, Dina Boluarte, dois que renunciaram antes de correr a mesma sorte e um que completou seu mandato interino, agora contado a Jerí. Entre esses presidentes estão Ollanta Humala (2011-2016), Pablo Kuczynski (2016-2018), Martín Vizcarra (2018-2020), Manuel Merino (2020), Francisco Sagasti (2020-2021), Pedro Castillo (2021-2022), Dina Boluarte (2022-2025), José Jerí (atualmente no cargo), depois outras pessoas como José Williams e Alejandro Soto desempenharam um papel, mas dentro da presidência do congresso durante a destituição de Boluarte.

Dina Boluarte até 10 de outubro não tinha apoio nem bancada no congresso peruano, nem muito menos apoio popular por se ver encurralada por escândalos, protestos e uma onda de extorsões e assassinatos do crime organizado que não se via desde antes de 1990, quando a guerrilha do Sendero Luminoso assolava com atos de violência e terrorismo ao longo do Peru até 1992, quando foi derrotada pelo governo de Alberto Fujimori (1990-2000). Após a destituição, Boluarte disse que o congresso a afastou do cargo com as implicações que isso teria para a democracia do país, já que ela se definia como uma pessoa "democrata" e uma mulher que vem de profundas raízes morais e que soube trabalhar para conseguir o bem-estar geral do Peru.

As causas do que ocorre no Peru são várias, têm raízes profundas e múltiplas causas, desde o ocorrido em 1992 com o autogolpe do ex-presidente Alberto Fujimori, e esse fato apresenta um relevante fato histórico que, se bem não é direto com o que ocorre atualmente, faz parte de um legado institucional, político e social que hoje ainda está presente no Peru. O que aconteceu naquele abril de 1992 é um DNA do sistema político atual peruano, devido à concentração do poder presidencial, congresso unicameral com pouca capacidade de controle real, tolerância ao autoritarismo, fraqueza institucional e corrupção estrutural e como não esquecer a ausência de partidos sólidos e a fraqueza da cultura democrática que permitiram um ciclo de crises políticas recorrentes, que em 2025 se manifesta em desconfiança generalizada, paralisia institucional e violência política.

Em resumo, o que ocorreu em 1992 não é a única causa, mas uma continuidade de fatos que têm a ver com a fraqueza institucional da atualidade. Pois com a constituição vigente de 1993 contava com uma estrutura política de forte presidencialismo, mas com contrapesos fracos, o que gerou desconfiança em relação à classe política, devido ao aumento dos casos de corrupção e clientelismo, refletindo o congresso peruano com alianças fracas e personalistas. O trauma do ano de 1992 revive-se com esta nova crise estrutural pela fragilidade institucional refletida no dia 10 de outubro, onde a vacância presidencial se torna um instrumento político e a presidência do Peru se torna um fardo para o político que ocupa o cargo, tornando-se uma tarefa difícil para aquele que se chama presidente da república.

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Lic. Felipe Daniel Barrientos

Lic. Felipe Daniel Barrientos

Especializado em Política Internacional e em questões de política externa argentina.
Pesquisador em Segurança Internacional.

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