15/07/2023 - politica-e-sociedade

O DESAFIO DAS TERRAS RARAS

Por juan carlos marcolongo

O DESAFIO DAS TERRAS RARAS

As “terras raras” encontram-se presentes no córtex terrestre em quantidades escassas e características especiais, em virtude de suas propriedades elétricas, magnéticas, de fluorescência ou luminiscência; são altamente demandadas. Foram descobertos em 1787, na Suécia, na ilha de Resarö, onde se assenta o pequeno povo de Ytterby, a 30 km de Estocolmo; mas apenas no final da década dos anos 40, do século passado, começou a ser utilizado na indústria.Representam um conjunto de dezessete elementos químicos metálicos, pertencentes ao grupo III B da tabela periódica, que se classificam em leves e pesadas, dentro das primeiras se encontram: escandio, lantano, cerio, praseodimio, neodimio, samario, prometio e europio. Enquanto entre as pesadas estão: gadolínio, disprosio, terbio, erbio, itrio, holmio, tulio, lutecio e eterbio.

USOS E APLICAÇÕES

Por suas características físicas e composição química, os elementos acima mencionados têm marcado uma mudança qualitativa transcendental na microeletrônica e na cibernética.As “terras raras” têm múltiplas aplicações, encontrando-as em: lâmpadas LED, motores híbridos, baterias híbridas, ligas metálicas, catalisadores de automóveis, discos rígidos de computadores e laptops, telefones móveis, câmaras, reflectores, peças de aviões, ímanes, fibra óptica, vidro óptico, fósforos, catalisadores na refinação de petróleo, laser e ligas de aço, marcas de segurança nas notas e instrumentos médicos como raios X; entre outras utilizações.O exposto permite afirmar que esses recursos minerais são imprescindíveis para a modernização dos processos de produção industrial, a atividade econômica em geral e a qualidade de vida em particular.

CONTEXTO INTERNACIONAL

As reservas mundiais de “terras raras” ascendem a quase 130 milhões de toneladas métricas, das quais 55% se encontra na República Popular da China, seguida pelo Vietnã, Rússia e Brasil.Note-se que a posição de privilégio da China, por contar com o maior número de jazidas em actividade, lhe permite influenciar significativamente a quantidade ofertada, exportações e preços internacionais - uma vez que não são matérias-primas -, pelo que desenvolveu uma política comercial estratégica em torno dessas “terras”, o que lhe validou exigências comerciais perante o Órgão de Resolução de Diferenças da Organização Mundial do Comércio, pelos EUA e pelo Japão, que são os principais destinos das exportações do coloso asiático, juntamente com a União Europeia, a Malásia, a Tailândia e a Coreia do Sul.O mapa internacional das “terras raras”, tem na República Popular um ator preponderante, pois sua posição de poder se sustenta em uma forte vantagem comparativa e competitiva no complicado e dispendioso processo extractivo que também é contaminante, devido a que muitos dos minerais obtidos estão associados a elementos radioactivos como urânio ou tório.

CONTEXTO NACIONAL

No território de nosso país, as jazidas com mineralizações primárias de “terras raras”, encontram-se em várias províncias:
PROVINCIA DE SALTA
A empresa canadense Artha Resources anunciou uma descoberta na zona de Cachi, onde estimam que a superfície com potencial para ser explorada seria de aproximadamente 55.000 hectares.
PROVINCIA DE SAN LUIS
Outra assinatura proveniente do Canadá: Wealth Minerals adquiriu 6.000 hectares próximas à localidade de Rodeo dos Molles, para começar a busca em uma área considerada pelos geólogos como o projeto não desenvolvido com maior potencial da América do Sul.
PROVINCIA DE SANTIAGO DO ESTERO
Institutos técnicos nacionais e da província desde 2005 vêm realizando estudos que permitem afirmar que em Jasimampa (Sierra de Sumampa) localiza-se o jazimento mais importante do país de "terras raras leves" e o segundo em importância na América do Sul, depois do Brasil.São reservas consideradas estratégicas, mas ainda falta explorar nas três dimensões: comprimento, largura e profundidade, concentradas em uma área estimada de aproximadamente 15 quilômetros.
PROVINCIA DE SAN JUAN
Existem estudos recentes de prospectiva mineradora nos departamentos de Valle Fértil, Igreja, Calingasta, Jáchal e Caucete, identificando áreas de interesse que contêm mineralizações econômicas com ouro, prata, cobre e “terras raras”; com resultados encorajadores particularmente no referente à existência de: cerio, holmio, itrio e lantano.

CONCLUSÕES

Estamos perante a presença de acontecimentos históricos de transformação tecnológica e energética mundial, que têm um ponto de partida nas energias renováveis e na electromobilidade.A atualidade obriga-nos a prestar atenção à simbiose energo – mineira, a partir da tendência global de lutar contra o aquecimento global e a consequente subida na demanda de lítio e dos diferentes componentes das denominadas “terras raras”.É o momento de expandir decididamente a oferta exportadora do nosso país, em agro-indústria, energia, indústria do conhecimento e mineração, pelo que é imprescindível a existência de uma classe dirigente que se encontre, pelo menos, à altura dos nossos recursos.

Lic. Juan Carlos Marcolongo

Deseja validar este artigo?

Ao validar, você está certificando que a informação publicada está correta, nos ajudando a combater a desinformação.

Validado por 0 usuários
juan carlos marcolongo

juan carlos marcolongo

Sou Licenciado em Economia, egressado da Universidade Nacional de Buenos Aires e completé estudos de pós-graduação em Relações Comerciais Internacionais na UNTREF.
Comecei a minha carreira no Banco Central da República Argentina em 1971, trabalhando na Área de Comércio Exterior e também na Gestão de Pesquisas e Estatísticas Económicas.
Finalize o meu trabalho profissional nessa entidade em 1991 integrando a Jefatura de Exportação e Importação.
Em 1992 Introduzi a INDEC, na Direção de Estatísticas do Setor Secundário, elaborando indicadores ligados ao Setor Energético, sendo autor do Indicador Sintético de Energia (ISE), Autogeração e Cogeração de Energia Elétrica e de Biocombustíveis.
Paralelamente à elaboração dessas publicações, exerci a docência universitária durante trinta anos em UBA, Universidade de Palermo e UCES nesta última fui Professor Titular das disciplinas Formação de Cenários Internacionais e Economia.

Visualizações: 14

Comentários