Há várias décadas, vivemos num sistema económico que envolve uma sociedade de consumo que nos deixa imersos a adquirir bens e serviços de forma rápida. Embora estes sejam necessários para cobrir as nossas necessidades de vida diária, quantos desses produtos que adquirimos realmente os precisamos? O ato mesmo de consumir sem fim gera um excesso de produção que se torna maior não apenas injusto na sua distribuição e nas sociedades, mas também no impacto ambiental e dano do ecossistema que habitamos.
Se você pode agora olhar para o seu redor, entre os cantos de sua casa, há algo que guarde há muito tempo, que não tenha uso algum, e de passagem se aprofundarmos um pouco mais neste aspecto, quantas vezes você se pergunta sobre as particularidades dos produtos que você usa em sua cotidianeidade, roupas, mochilas que levam ao trabalho, ou celular. Ou seja, quem ou quem o fabricaram? Quantos recursos foram usados para chegar às suas mãos? Onde foi fabricado? Como ou em que contexto?
Essas questões que, na sua leitura, parecem simples, nos permitem estar conscientes e ter uma atitude responsável daquilo que chega às minhas mãos, entendendo a forma como ocorreu e conhecendo como nossos hábitos que incorporamos de maneira inata podem afetar nosso planeta.
A conhecida cultura do descarte do consumir para depois tirar não é uma opção porque esses resíduos gerados podem ficar por muito tempo no ambiente sem se decompor devido ao material do que é fabricado.
CASO ARGENTINO E UTILIZAÇÃO DE PLÁSTICOSNa Argentina produzimos aproximadamente 1 quilo e meio de lixo por dia por pessoa, imaginem multiplicado pela população total do nosso país. E para onde vai a “basura” uma vez que a tiramos ao tacho preto? Não, não desaparece, mas termina em espaços postos à disposição onde a mesma se enterra compactando seu volume. Os tão bem conhecidos preenchimentos sanitários. Mas seria esta uma alternativa que implica nos responsabilizar pelo que geramos?
A matéria-prima mais utilizada para a maioria das coisas que consumimos é o plástico, este material pode demorar de 100 a mais de 1000 anos em biodegradar-se, que ainda não costuma ser total, mas que se mantém em forma de microplásticos que finalizamos incorporá-los por vezes através dos alimentos.
Além disso, os resíduos pós- consumo, não geridos de forma correta, passam a ser “basura” e provocam uma percentagem das Emissões de Efeito Invernadero (GEI) que causam problemas ambientais na Terra.
NUESTRO APORTE COMO CIDADEANOSO que podemos fazer?
Se você está lendo este artigo, informe-te é fundamental para começar a iniciar mudanças, e ir transformando seus hábitos atuais de consumo, tornando-se um consumidor mais consciente e responsável. Isto é pouco a pouco.
Desde o meu lugar, penso que é muito melhor encontrar várias pessoas realizando pequenas mudanças, mas com o interesse genuíno de ser um transformador da nossa situação ambiental atual.
Em primeira instância, podemos começar a analisar e lidar com nossos resíduos, estar mais presentes no que consumimos diariamente, que quantidade, quantas bolsas de lixo saco no dia? O que contém? Fazendo isso começamos a tomar dimensão do que e em que proporção.
Por outro lado, nos momentos que você pode fazer um duplo clique naquelas coisas que você usa diariamente, e do que você tem, repressorte você realmente precisa disso? Posso alterá-lo por um produto sustentável e com menor impacto? O que já não uso ou tenho guardado no fundo do armário, há alguém mais que possa dar uma segunda oportunidade antes de o considerar descartar? Temos de nos comprometer e habituar a consumir menos e escolher melhor.
Também a separação em origem nas nossas casas é uma atividade que podemos realizar. Embora em muitas ocasiões me encontro perguntando se o que faço realmente serve ou não, ou o para que (sendo que pode ser insignificante em comparação com as grandes empresas produtoras), reafirmo que é muito importante. Ello, porque não estamos apenas a ajudar os materiais a não acabar em qualquer lado, mas que possam ser tratados corretamente, tornar-se novamente parte de uma cadeia produtiva e ser utilizada como recurso. Hoje na Cidade de Buenos Aires temos diferentes pontos verdes onde poder levar nossos resíduos.
Hoje, estamos a viver um presente interveio por incêndios, secas, cheias, altas ondas de calor ou mudanças de temperatura bruscas, produto de diferentes fatores que afetam o nosso planeta há muito tempo. Hoje podemos ser parte da mudança, seja chiquito ou não, a soma das vontades individuais, assim como coletivas levam a uma transformação maior. Não há que perder a esperança de construir um lugar mais inclusivo, vivendo em harmonia com o nosso ambiente, porque sim, se é possível pensar em uma economia regenerativa e para o bem comum. Você se soma?
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