A origem: Qatar 2022 e uma ilusão irrebatível
8 anos, 4 meses e 8 dias. Um passe de André Schürrle e uma definição de Mario Götze. Algo mudou nas nossas vidas para sempre. Ou pelo menos na minha. Alguns o supimos desde o início e outros caíram com o tempo. A realidade é que aquele 13 de julho de 2014 não é mais uma data no calendário. Esse dia experimentamos a dor, mas também a paixão. E para sentir tal paixão há que ter sentido dor. A dor te mobiliza. É cruel e não te perdoa. Mas sempre te dá uma oportunidade mais. Sempre te dá revancha.O futebol nos deu muito dor, que o tornamos paixão, para mais tarde transformá-lo em revancha. As finais perdidas em 30 e 90. O mal trago de 94 e a desilusão de 98. O fracasso de 2002. O que poderia ter sido e não foi, em 2006. A vapuleada de 2010. O puñal de 2014 e o inexplicável em 2018. As finais da Copa América perdidas contra o Chile em 2015 e 2016. A renúncia de Messi à Selecção e o retorno de Messi à Selecção. O cachetaço do Brasil em 2019 quando parecia sair a flote, plantar bandeira e cantar vitória. Durante muitos anos nos alimentamos da dor, é verdade, mas nunca nos tiramos esse filo do peito. Sempre estivemos lá, ao seu lado, masticando a bronca, mas preenchendo-nos de paixão. Até que aconteceu.10 de julho de 2021. A final que vamos lembrar por sempre. O 1-0 ao Brasil no Maracaná com um gol icónico de Anjo Di Maria, depois de um passe exato de Rodrigo de Paul. O primeiro título oficial de Lionel Andrés Messi com a Seleção Argentina. A mochila ficou no chão, as folhas de estudo perderam valor e os livros de crítica ficaram ridículos. Foi o fim para uns poucos e um novo começo para vários, que tanto desevíamos.
1 de Agosto de 2022. Quase um ano depois, a Argentina vence 3-0 à Itália em Wembley, Inglaterra, pelo título da Finalíssima. Lautaro Martínez, Di María e Dybala, os goleadores da noite. A Argentina já era outra equipe. Muito mais solto, dançava dentro do campo e voltava a brilhar para o gosto de todos os argentinos e o gosto da nossa história. Dois títulos em menos de 12 meses. O que não pudemos conseguir durante tantos anos, começava a se tornar realidade em um punhado de meses. Começamos a cobrar o preço do esforço e o fruto da revancha. A sede da vitória. E a fome da glória...
Foram 3 finais perdidas e duas eliminações. Depois dois títulos obtidos. Um conjunto de erros e aprendizagem, um caminho de preparação, uma renovação de camada e um técnico viajante no tempo, nosso “Leonidas de Pujato”, Lionel Scaloni. Tildado como um “don ninguém” quando chegou, conseguiu ganhar o respeito e a honra de todos os argentinos. De inexperto passou a especialista, superando grandes equipes e treinadores. Um líder de grupo que soube comandar uma equipe que se tornou forte aos golpes, ensinando, através da vitória e da humildade, por onde era o caminho.
A Argentina vive seu melhor momento futebolístico em muito tempo e buscará coroar a história no Qatar. Já concentrado há alguns dias nesse país e com os 26 jogadores à disposição, o sonho mundialista está em andamento e é irrebatível. Crianças, adolescentes, adultos e idosos. Um país inteiro. 45 milhões de argentinos com um mesmo objetivo: ver nosso capitão levantar a Copa do Mundo em 18 de dezembro. O investimento emocional que estamos dispostos a dar os argentinos é muito grande. Na rua não se fala de outra coisa. Diários, redes sociais, comunidades. O sonho mergulha todos dentro do mesmo oceano. As possibilidades estão. As crenças são fervorosas e a fé está intacta. O grupo está unido e o país também.ARGENTINA!
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