Como estudante de Ciências Políticas e jovem de 20 anos inmersa constantemente na influência das redes sociais, tais como X, Instagram, e até TikTok, experimentei de primeira mão uma rede de campanhas políticas voltadas especialmente à minha geração no contexto das eleições presidenciais de 2023. Essas campanhas têm hábilmente jogado com nossos valores, expressões de hartazgo e apelaram à emotividade dos argentinos.
Neste cenário político, alguns atores têm buscado reconquistar a confiança do povo reintroduindo conceitos históricos como o de democracia, re instalaram a palavra medo e ditadura e esgotaram recursos de estado para resurgir sua campanha e perpetuar seu mandato. Enquanto outros adotaram abordagens mais disruptivas, propondo ideias de mudança e ordem na população. Esses últimos têm conectado com o crescente desencanto de grande parte da população argentina, prometendo transformar o sistema desde suas raízes, utilizando a metáfora da "motosierra" para simbolizar a redução do tamanho e a dominação do Estado.
Ao explorar as diversas correntes políticas, o propósito desta análise não é concentrar-se nos candidatos em si, mas sim destacar o papel fundamental desempenhado pelos jovens militantes de diferentes espaços, que, desde minha perspectiva, têm sido os protagonistas e um poderoso foco de atenção e influência ao longo de toda a campanha eleitoral.
É de conhecimento comum que este ano nosso país comemora os 40 anos do ressurgimento da democracia, e neste discurso, os militantes populistas, maiormente universitários e jovens com ideologia de esquerda, têm desempenhado um papel proeminente ao longo da história argentina. No entanto, apesar da persistência desta hegemonia populista, quero destacar aqueles que considero os “héroes” da Nação Argentina nestas eleições de 2023.
Llamémoslos libertários, de direita, de centro, pessoas cansadas do governo atual, da insegurança, da corrupção, da inflação, entre outras características. No entanto, quero focar-me neste grupo, especialmente na juventude, que se destacou por questionar e romper com o status quo e a presente hegemonia de esquerda que tinha capturado a atenção do povo na maior parte da história do nosso país.
Do meu ponto de vista, este sector puramente estigmatizado e repudiado por certos setores e a oposição, enfrentou um desafio considerável com recursos limitados para se expressar. No entanto, graças às redes sociais, puderam dar-lhe a volta a esta situação. Jovens da minha idade, mesmo com mais ou menos anos utilizaram o recurso da política e da ciber militância (sem mesmo saber) para fazer parte das discussões da sociedade. Os jovens libertários, apesar de serem protagonistas de grandes preconceitos ao chamá-los de “negacionistas” “antidireitos” ao dizerem que emanavam uma mensagem de “ódio”, conseguiram superar diferentes falácias e trouxeram à política perspectivas e questionamentos que nunca antes se atreveram a expressar, desafiando a ideia de que ser argentino e votar à direita era um crime.
Desde a minha percepção, o apoio dado a candidatos como Javier Milei por parte deste setor é percebido como profundamente heroico e corajoso. Não é fácil estar sob o olhar de todos e expressar livremente nossas opiniões no mundo atual. Nessas eleições de 2023, a juventude tem desempenhado um papel fundamental ao desafiar as narrativas predominantes e proporcionar uma voz àqueles que se sentido marginalizados durante anos no panorama político argentino.
Em síntese, neste processo eleitoral, considero que a juventude não só tem sido um espectador, mas um ator crucial na configuração do discurso político, ressaltando a importância da participação ativa das novas gerações na construção do futuro da nação. Do meu ponto de vista, essas eleições marcaram um marco na história política argentina, evidenciando a vitalidade e a determinação de uma juventude que busca seu espaço e contribui para a diversidade e a ruptura com ideias preconcebidas e arrastadas durante gerações neste país.
Autor: Maria Dolores Goggi
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