10/12/2024 - politica-e-sociedade

UE-Mercosur: Acordo histórico ou beco sem saída?

Por Uriel Manzo Diaz

UE-Mercosur: Acordo histórico ou beco sem saída?

Na foto da ocasião, os presidentes do Mercosul e a chefe da Comissão Europeia - Imagem: AFP

O tão esperado acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul enfrenta um ponto crítico. Apesar de prometer oportunidades históricas para ambas as regiões, as tensões políticas e as demandas ambientais podem transformá-lo em um impasse. O que está em jogo e o que implica esse pacto para o futuro das relações comerciais globais?

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O acordo em números 

O tratado busca conectar dois blocos que, juntos, representam mais de 20% do PIB mundial. Se ratificado, será eliminado 90% das tarifas nos produtos comercializados entre ambas as regiões. Essa medida pode fortalecer setores muito importantes:

  • Exportações agrícolas para o Mercosul, onde Brasil e Argentina desempenham um papel predominante.

  • Produtos industriais e serviços para a UE, especialmente em tecnologia e máquinas.

Impacto potencial:

  • Um aumento no comércio bilateral, avaliado atualmente em mais de €88 bilhões.

  • Uma integração estratégica frente a tensões comerciais globais, especialmente com a China e os Estados Unidos.

  • Milei durante seu discurso.

Obstáculos políticos e ambientais

Apesar dos benefícios, o tratado enfrenta uma forte resistência, particularmente na Europa. Países como França e Alemanha levantaram preocupações sobre:

  1. O impacto ambiental:

    • O desmatamento na Amazônia gera desconfiança. Os líderes europeus exigem garantias de sustentabilidade.

  2. A concorrência desigual:

    • Agricultores europeus temem uma avalanche de produtos sul-americanos mais baratos, o que poderia prejudicar a produção local.

Por outro lado, na América Latina, alguns setores questionam se o acordo realmente beneficiará os países menores do Mercosul, como Paraguai e Uruguai, ou se Brasil e Argentina serão os principais vencedores.

Luis Lacalle Pou, Ursula von der Leyen e Lula da Silva. (AFP).

Um beco complicado

O tratado não pode avançar sem a ratificação de todos os parlamentos nacionais da UE. Até agora, não há consenso. Ursula von der Leyen, presidenta da Comissão Europeia, reiterou seu apoio, mas enfrenta pressões de líderes como Emmanuel Macron, que exige maiores compromissos ambientais.

Por sua vez, os presidentes dos países do Mercosul, como Lula da Silva e Luis Lacalle Pou, têm urgido a UE a evitar novos atrasos, argumentando que o acordo é fundamental para o desenvolvimento econômico da região.

O que diferencia o acordo de 2019 e o que vem agora?

O novo acordo mantém a essência do texto de 2019, mas incorpora compromissos adicionais:

  • Meio ambiente: Parar o desmatamento até 2030 e respeitar o Acordo Climático de Paris.

  • Investimento digital: Criação de um fundo de 1,8 bilhão de euros para a transformação tecnológica no Mercosul.

  • Cláusulas de salvaguarda: Maior proteção para setores sensíveis, como exportação de automóveis e contratos públicos.

O próximo passo será a ratificação parlamentar em ambas as regiões. Embora o processo pareça titânico, seu potencial econômico e político o torna uma prioridade estratégica para ambas as partes

Oportunidade histórica 

O acordo UE-Mercosul simboliza o potencial de uma aliança estratégica sem precedentes, mas os interesses políticos, ambientais e econômicos continuam a dividir as partes envolvidas.

Será este o momento em que ambas as regiões finalmente superem suas diferenças para trabalharem juntas, ou o acordo passará para a lista de promessas não cumpridas? Apenas o tempo, e a vontade política, dirão.



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Uriel Manzo Diaz

Uriel Manzo Diaz

Olá! Meu nome é Uriel Manzo Diaz, atualmente estou em processo de aprofundar meus conhecimentos em relações internacionais e ciências políticas, e planejo começar meus estudos nesses campos em 2026. Sou apaixonado por política, educação, cultura, livros e temas internacionais.

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