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"De pastor a presidente?: Dante Gebel e quem são os sindicatos e partidos que trabalham em sua candidatura"

Por Julian Galeano

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A política argentina nunca deixa de surpreender. Em um cenário onde as lideranças tradicionais atravessam uma crise de confiança e a sociedade demanda caras novas, um nome inesperado começou a circular com força: Dante Gebel.

A chispa se acendeu quando Juan Pablo Bre, secretário geral da Associação Argentina de Aeronavegantes, afirmou: “Estamos tentando convencê-lo a Dante Gebel, ele faria bem ao país”. A frase não foi um comentário isolado, pelo menos três sindicatos e uma ala do peronismo trabalham em silêncio para aproximá-lo da montagem política de 2027.

Mas quem é este pastor evangélico que desperta interesse em setores sindicais e políticos? Por que sua figura aparece hoje em um clima de vazio de liderança?

Gebel, nasceu em 1968 e é da localidade de Quiles, onde começou como pregador juvenil, desenvolvendo rapidamente um estilo disruptivo para a época: humor, dramatização, storytelling emocional e uma forte impressão cênica. Esse formato o levou a organizar os históricos “Súperclásicos da Juventude”, que entre 1996 e 1998 lotaram o Estádio de Vélez Sarsfield, algo impensável para um evento evangélico juvenil.

Com apenas trinta anos, ele se tornou um fenômeno sociocultural: milhares de jovens de todo o país viajavam para vê-lo pregar em um estilo híbrido entre show, concerto e mensagem espiritual.

Sem ser um pastor de uma igreja específica, sua influência como líder nacional da juventude cresceu no final dos anos 90 e no começo dos anos 2000. Gebel rompeu novas barreiras: lotou o Estádio Obras, voltou a Vélez e organizou eventos icônicos como o ato no Obelisco, onde reuniu dezenas de milhares no centrão de Buenos Aires. Finalmente, também tem em seu histórico ter lotado o estádio River Plate.

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Seu ascenso o posicionou como um dos oradores mais influentes do mundo evangélico latino-americano. Por esse motivo, o convocam da histórica "Catedral de Cristal" localizada na Califórnia para que ele assuma a congregação de hispânicos. Depois de um tempo lá, a Catedral foi vendida e Gebel, junto a seus seguidores, começaram a se mover em hotéis, alugando auditórios até finalmente comprarem o que hoje chamam de "River Arena" e que funciona como a igreja River Church, que realiza obras de caridade em todo o mundo e, principalmente desde a pandemia, multiplicaram seus investimentos em ações sociais. Suas pregações semanais transmitidas ao vivo pelo Youtube são assistidas por cerca de 100.000 espectadores conectados.

O retorno argentino: mídias e o crossover cultural

A partir de 2021–2022, Gebel começou a retomar presença na Argentina.
Apresenta um programa na Radio 10, que produz integralmente de Los Angeles, assim como fez em seu ciclo no Canal 9 onde entrevistava referências da cultura argentina, a quem convidava e cobria todos os custos das viagens e estadias nos Estados Unidos.

Este mesmo programa foi para o Canal 13 e em ambos os meios sempre contou com a produção de Mario Pergolini. Entre eles existe uma relação profissional sólida que primeiro fez com que Gebel tivesse um ciclo diário nas noites da Vorterix chamado "La Divina Noche" com muitas visualizações a nível digital e atualmente também compartilham tela no projeto “Outro Dia Perdido”, onde o pregador compartilha reflexões uma vez por semana.

Pergolini —sempre atento a fenômenos culturais emergentes— o considera uma figura singular com alcance multigeneracional. Esse apoio fortaleceu a imagem de Gebel como um comunicador de primeiro nível, não apenas um líder religioso.

https://x.com/eltreceoficial/status/1975922836226076852

O presente: estádios, turnês e construção de liderança emocional

Nos últimos três anos, Gebel voltou a lotar estádios na Argentina —incluindo o Luna Park, o Movistar Arena e shows massivos em Córdoba e Rosario— com eventos que misturam música, humor, espiritualidade e uma mensagem emocional que interpela tanto famílias evangélicas quanto um público leigo.

Seu discurso tornou-se cada vez mais social, mais reflexivo e mais focado na crise argentina. Sem falar explicitamente de política, Gebel se posicionou como referente moral e comunicacional, o que explica a fascinação que hoje gera em alguns sindicatos e espaços de poder.

É candidato real ou fenômeno convocante?

Por enquanto, Gebel não manifestou oficialmente interesse em competir pela presidência. Ele disse em diversas entrevistas que não está envolvido na política partidária, mas deixa transparecer em entrevistas que não descarta nada.

O mundo político começou a notá-lo após as declarações de Juan Pablo Bre, mas o certo é que o peronismo e pelo menos 3 sindicatos importantes comentam nos bastidores que veem em Dante Gebel uma oportunidade de retomar o poder na Argentina.

Gebel não está longe da política. Talvez sua relação mais visível seja sua íntima amizade com Nayib Bukele, a ponto em que o mandatário salvadorenho o convocou para orar publicamente no ato de posse.

https://x.com/LaVozDeGuateOf/status/1797117446769287180?s=20

A irrupção do nome de Dante Gebel em conversas sindicais e políticas não deve ser lida como uma anedota. É um sintoma claro da crise de representação que atravessa a Argentina. Se sua candidatura se confirmar, estaríamos diante da luta em 2027 de dois outsiders, a política está entrando em um terreno desconhecido.

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Julian Galeano

Julian Galeano

Sou um comunicador especializado em estratégias digitais e produção de conteúdo político. Na minha adolescência, me formei no mundo do rádio e me graduei como Locutor no I.S.E.R., onde aprofundei em narração, oratória e construção de mensagens. Trabalhei como assessor de dirigentes e equipes em campanhas eleitorais, comunicação estratégica e posicionamento digital. Atualmente, dirijo a Praset, empresa dedicada à comunicação digital, e coordeno editorialmente a PoliticAnalizada.

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