Jesús Daniel Romero e William Acosta do Diário Las Américas para Poder & Dinero e FinGurú
Em abril de 2025, o jornalista uruguaio-mexicano Carlos Fazio publicou um artigo na teleSUR intitulado "Os trapaceiros de Marco Rubio", no qual acusa o atual Secretário de Estado dos EUA de corrupção, conexões com o crime organizado e participação em manobras para obstruir investigações sobre ativos venezuelanos.
As acusações, apresentadas sem provas documentais, ocorrem em um contexto de crescente tensão entre Washington e os governos de esquerda da América Latina (Fazio, 2025a). Este artigo expõe o histórico político de Fazio, analisa o conteúdo de sua publicação e avalia o papel da teleSUR como aparato midiático em defesa dos interesses estatais.
Breve histórico de Carlos Fazio e sua militância
Carlos Fazio nasceu em Montevidéu, Uruguai, em 1948. Foi membro do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros (MLN-T), o grupo guerrilheiro urbano mais importante do Uruguai durante os anos 60 e 70. No MLN-T, Fazio trabalhou em imprensa clandestina e propaganda revolucionária. Após ser perseguido pela ditadura militar, exilou-se no México, onde se naturalizou cidadão e desenvolveu uma carreira como jornalista, escritor e acadêmico. Seu histórico o vincula ideologicamente com os movimentos marxistas-leninistas e os regimes bolivarianos do século XXI (El Viejo Topo, s.f.).
Análise do artigo publicado na teleSUR
O texto publicado por Fazio centra-se nos primeiros 100 dias de Marco Rubio como Secretário de Estado. Acusa Rubio de promover uma agenda hostil em relação aos governos de Cuba, Venezuela e Nicarágua através de sanções, listas negras e apoio à oposição (Fazio, 2025a). No entanto, Fazio lança acusações pessoais sem documentação verificável.
Entre as afirmações mais graves estão:
Suposta malversação de ativos da CITGO.
Vínculos com a lavagem de dinheiro internacional.
Uso de sua influência política para encobrir indivíduos investigados pelo Departamento de Justiça.
Essas acusações se baseiam em fontes anônimas e não oferecem provas concretas. Embora existam processos judiciais contra o ex-congressista David Rivera, aliado de Rubio, por suposto lobby ilegal em favor do regime venezuelano (Departamento de Justiça dos EUA, 2022), não há evidência pública que envolva diretamente Rubio. De fato, Rubio confirmou uma reunião com Rivera, mas negou qualquer vínculo com as atividades ilícitas em questão (Fineout, 2022).
O papel da teleSUR: Ferramenta de guerra informativa
A teleSUR, meio financiado pelos regimes de Cuba, Venezuela e Nicarágua, foi descrita por analistas como uma plataforma de propaganda estatal com orientação antiamericana. A publicação do artigo reforça a ideia de que se trata de um ataque midiático coordenado para minar a credibilidade de Rubio justo quando sua política externa afeta diretamente os interesses de Havana e Caracas.
O conteúdo do artigo se alinha com os interesses estratégicos desses regimes:
Rejeição à reativação da Lista Restrita de Cuba (Rubio, 2025).
Oposição às sanções petrolíferas contra a Venezuela (Paul Hastings LLP, 2025; Reuters, 2025).
Rejeição ao apoio dos EUA à Guiana em sua disputa territorial com a Venezuela.
Marco geopolítico: Por que agora
O ataque ocorre enquanto Rubio impulsiona uma nova doutrina hemisférica que combina:
Sanções financeiras a regimes autoritários.
Contenção do crime organizado transnacional.
Contrabalançar a influência chinesa na América Latina, especialmente no Panamá e no Caribe (Rubio, 2025).
A pressão dos EUA resultou em perdas econômicas e diplomáticas para atores como Cuba e Venezuela, o que pode explicar o timing da publicação. Embora não haja evidência direta de coordenação entre Fazio e serviços de inteligência, o perfil ideológico do autor, a linha editorial da teleSUR e a narrativa do artigo permitem inferir um objetivo comum: desacreditar o ator político que lidera a ofensiva regional contra os regimes bolivarianos.
Conclusão
O artigo de Carlos Fazio representa um esforço de propaganda política disfarçado de investigação jornalística. Afasta-se da análise objetiva para cair em ataques pessoais sem fundamento documental, enquadrados em um momento crítico para a política externa dos Estados Unidos. O apoio midiático da teleSUR reforça a tese de que se trata de uma manobra comunicacional para proteger os interesses dos governos de esquerda na América Latina diante da crescente pressão exercida pela administração Trump e seu Secretário de Estado, Marco Rubio.
Referências
Departamento de Justiça dos EUA. (2022, 5 de dezembro). Ex-membro do Congresso é acusado de agir como agente não registrado de nacional venezuelano. https://www.justice.gov/archives/opa/pr/former-member-congress-charged-acting-unregistered-agent-venezuelan-national
El Viejo Topo. (s.f.). Carlos Fazio | Autores. https://www.elviejotopo.com/autor/carlos-fazio/
Fazio, C. (2025a, 26 de abril). Os trapaceiros de Marco Rubio. teleSUR. https://www.telesurtv.net/opinion/fazio-trapos-sucios-marco-rubio/
Fineout, G. (2022, 6 de dezembro). Rubio confirma que se encontrou com ex-legislador da Flórida indiciado sobre a Venezuela. Politico. https://www.politico.com/news/2022/12/06/marco-rubio-david-rivera-venezuela-meeting-00072652
Paul Hastings LLP. (2025, 3 de fevereiro). Sanções contra a Venezuela: Rescisão da Licença Geral 41 e introdução de tarifas secundárias. https://www.paulhastings.com/insights/client-alerts/venezuela-sanctions-wind-down-of-general-license-41-and-introduction-of-secondary-tariffs
Reuters. (2025, 23 de abril). Venezuela lança exportações de petróleo Blend 22 antes do vencimento das licenças dos EUA. https://www.reuters.com/business/energy/venezuela-launches-blend-22-crude-exports-ahead-us-licenses-expiry-2025-04-23/
Rubio, M. (2025, 31 de janeiro). Restaurando uma política dura dos EUA em relação a Cuba. Departamento de Estado dos EUA. https://www.state.gov/restoring-a-tough-u-s-cuba-policy/
Publicado no Miami Strategic Intelligence Institute.
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