Diante do triunfo de Javier Milei este último domingo, o senso comum, ou pelo menos o meu, esperava que os principais referentes dos partidos políticos derrotados fizessem mea culpa. Analisar o que fizeram mal e o que a população quer seria um grande primeiro passo de face às eleições de outubro. No entanto, parece ter razão Javier Milei: são os mesmos de sempre com as receitas de sempre.
Axel Kicillof ganhou na província de Buenos Aires com mais de 37% dos votos, enquanto Sergio Massa obteve 32% e Máximo Kirchner em 30%, aproximadamente. Uma grande pergunta que poderiam ter sido feitas é, por que houve tanto corte de boleta? O que encanta de Axel e não gosta dos outros?
Em Juntos, a mudança passou a brigar e vendo quem conseguia o melhor cargo assumindo que as pessoas iriam acompanhá-las e bem, assim lhes foi. Um exemplo claro é Posse em San Isidro que pensou que punha qualquer candidato a prefeito e as pessoas o votavam igual.
Diante desse cenário, quanto menos adverso para os principais partidos políticos do nosso país, a reação de seus principais referentes o único que fez foi avalar ainda mais o triunfo de Javier Milei. Desde a União pela Pátria retomaram o discurso de “con Milei vai haver sangue”. Rapazes, eles estavam dizendo os últimos meses e claramente não serve.
Patricia Bullrich parece não ter visto os resultados das PASO. Em seu discurso o único que lhe importou é ter derrotado Larreta e consagrar-se como a candidata de seu partido, enfatizando a “boa escolha que fez Juntos pela Mudança”. Patricia, supõe-se que o PRO era a principal força opositora e tirou 16%.
Honestamente, não sei em que mundo vivem. No nosso não. As pessoas não querem que lhe digam por que não votar em Milei, as pessoas querem que lhe digam por que votar convosco. O povo não quer ver como se repartem os cargos acima e se matam por um posto “que lhes garanta entrar”, o povo quer que saiam a caminhar pela rua, que demonstrem que lhes importa.
Honestamente Patricia, alguma vez caminhaste por uma rua que não esteja em Recoleta - Palermo? O povo argentino nestas PASO foi claro: assim não vai mais.
Se o peronismo é o partido do povo, que defende os direitos dos trabalhadores, a saúde, a educação, etc. que o demonstre. São governos, demonstrem que se os escolherem o que vem vai ser melhor.
Se o PRO é a principal força opositora, que vem “a terminar com o Kirchnerismo”, que o demonstra. Que deixem de jogar o mesmo jogo, de partilhar acusações, de votar tudo no Congresso.
Até agora, o único que temos os argentinos é uma força que tem uma proposta pública e clara, pode gostar ou não, mas aí está, e dois partidos políticos que se vêm turnando o governo e os cargos há anos que não dizem o que vão fazer, só criticam o resto e afirmam que “o outro é pior”. Podem ser os mesmos de sempre, mas a receita vai ter que mudar porque já não serve.
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