26/11/2024 - politica-e-sociedade

Monômeros na encruzilhada da venda: teste de fogo da segunda Administração Trump?

Por Poder & Dinero

Monômeros na encruzilhada da venda: teste de fogo da segunda Administração Trump?

Jesús Daniel Romero e William Acosta para Poder & Dinero e FinGurú

Contexto Geral

 

A Monómeros Colombo-Venezolanos Sociedad Anónima (SA) é a maior empresa de produção de fertilizantes na Colômbia, embora seja uma subsidiária da Petroquimica de Venezuela Sociedad Anónima (SA). Atualmente, a empresa está em processo de venda, o que gerou um intenso debate no âmbito político e econômico. O presidente Gustavo Petro expressou sua oposição à transação, mas relatórios indicam que ele estava ciente das negociações há semanas.  O regime de Maduro e o Presidente Petro sabem muito bem que a Monómeros opera com licença da OFAC, sancionada pelos Estados Unidos, que pode ser revogada pelo governo de Donald Trump que assume em janeiro de 2025.

 

Motivos da Venda

 

Pressão do Regime de Maduro: A venda da Monómeros foi impulsionada pelo regime de Nicolás Maduro, que busca se desfazer de ativos antes da posse de Donald Trump nos Estados Unidos em janeiro de 2025. O regime venezuelano estaria preocupado com uma possível intervenção por parte da futura administração de Trump através de  sanções que afetariam gravemente a empresa.

 

Movimentos Financeiros Irregulares: Revelou-se que a Monómeros havia realizado pagamentos irregulares à PEQUIVEN através de uma empresa em Hong Kong. Este tipo de transações levantou suspeitas sobre a legalidade das operações da companhia e sua possível violação das sanções impostas pelo governo americano.

 

Histórico de Sanções: A Monómeros está sob sanções norte-americanas desde 2017, o que limita sua capacidade de operar com bancos e realizar transações comerciais. No entanto, a administração anterior de Juan Guaidó conseguiu suspender algumas sanções, permitindo que a empresa reativasse suas operações.

 

Reação do Governo Colombiano

 

Comunicado de Gustavo Petro: O presidente Petro manifestou sua oposição à privatização da Monómeros, argumentando que isso poderia resultar em um aumento dos preços dos fertilizantes para os agricultores colombianos e criar dependência de uma empresa estrangeira.

 

Mudança de Posição: Apesar de sua oposição, Petro estava informado sobre as negociações e inicialmente havia concordado com a venda. Sua mudança de postura gerou incerteza sobre a relação entre Colômbia e Venezuela.  A mudança de presidência nos Estados Unidos de uma administração Biden para a administração de Donald Trump poderia obrigar o presidente Petro a buscar e mediar uma reestruturação favorecendo os interesses sociais na Colômbia.   

 

Detalhes da Negociação

 

Acordo de Compra e Venda: Informou-se que já existe um acordo preliminar para a venda da Monómeros por mais de 300 milhões de dólares a uma multinacional interessada no setor agroquímico. Esta transação poderia ser uma das mais significativas na região, mas é importante lembrar que os Estados Unidos seriam parte de qualquer negociação sobre o futuro desta companhia. 

 

Álex Nain Saab Morán: Saab, um conhecido intermediário do regime de Maduro e atual ministro de Indústria e Produção Nacional da Venezuela, desempenha um papel crucial nas negociações. Sua experiência no setor pode influenciar o curso da venda.

 

Implicações para o Mercado de Fertilizantes: De acordo com a Monómeros, a produção de fertilizantes representa aproximadamente 27,8 por cento do mercado de fertilizantes na Colômbia, com fábricas em Barranquilla e Cartagena. Qualquer mudança em seu controle poderia ter um impacto significativo na disponibilidade e nos preços de fertilizantes no país.

 

Implicações da Detenção de Taskin Torlak: Um Novo Capítulo na Crise Petrolífera da Venezuela

 

A detenção de Taskin Torlak, um empresário turco e corretor de petróleo na Flórida, representa um acontecimento crucial na luta contra a corrupção e o contrabando de petróleo na Venezuela. Acusado de conspirar para transportar petróleo sancionado, sua prisão destaca as complexas redes de cumplicidade que cercam a indústria petrolífera venezuelana, além de ressaltar a interseção entre a política internacional e a economia ilícita.

 

Conexões com PDVSA e o Contexto das Sanções

 

Torlak esteve envolvido com a Petróleos de Venezuela (PDVSA) entre 2020 e 2023, gerando mais de 32 milhões de dólares através de exportações de petróleo ilegais. Este caso evidencia a eficácia das táticas de evasão empregadas para contornar as sanções impostas pela OFAC desde janeiro de 2019, projetadas para enfraquecer a capacidade do regime de Maduro de monetizar seus recursos.

 

Táticas Operacionais e Engano

 

As investigações revelam que Torlak e seus cúmplices implementaram métodos sofisticados para ocultar a origem do petróleo, como mudar frequentemente os nomes e bandeiras dos petroleiros e desativar os sistemas de rastreamento. Isso não só reflete sua habilidade em evadir a vigilância internacional, mas também a falta de controle efetivo dentro das instituições venezuelanas, desmanteladas pela corrupção.

 

Matthew Graves, promotor dos EUA para o Distrito de Columbia, afirmou que as ações de Torlak evidenciam um padrão de engano que permite aos operadores da PDVSA continuar com suas atividades ilícitas. Seu processamento através de instituições financeiras americanas representa uma grave violação das sanções, com possíveis repercussões legais mais amplas para aqueles que integram esta rede.

 

Corrupção de Tareck Zaidan El Aissami dentro da PDVSA

 

Tareck El Aissami, ex-sátrapa do petróleo e ex-vice-presidente da Venezuela, tem sido uma figura central no esquema de corrupção dentro da PDVSA. Sua carreira é marcada por múltiplas acusações de corrupção, narcotráfico e cumplicidade na evasão de sanções. El Aissami esteve no cargo de ministro do Petróleo de 2014 a 2017 e depois ocupou o cargo de vice-presidente para a Área Econômica até 2020.

 

Rede de Corrupção e Colaboradores Chave

 

Acordos Irregulares: Durante sua gestão, El Aissami facilitou acordos irregulares que permitiram a empresas e aliados próximos obter contratos multimilionários para a exportação de petróleo e a importação de bens. Esses contratos frequentemente careciam de transparência e foram concedidos a empresas ligadas ao seu círculo de confiança.

 

Colaboração com Empresários: Foi documentado que El Aissami trabalhou em conjunto com empresários como Alex Saab e outros intermediários que facilitaram o contrabando de petróleo e a elisão de sanções. Essas relações foram fundamentais para manter o fluxo de receitas ilícitas para o regime.

 

Manipulação de Recursos: El Aissami também foi acusado de desviar recursos da PDVSA para contas pessoais e empresas de fachada, o que permitiu a malversação de fundos destinados à produção e manutenção da infraestrutura petrolífera.

 

Proteção a narcotraficantes: Relatórios de inteligência indicaram que El Aissami tinha vínculos com grupos narcotraficantes, oferecendo proteção e facilitação para o tráfico de drogas em troca de apoio financeiro e político. Isso aumentou a violência e a corrupção no país, ao mesmo tempo que reforçou seu poder dentro do regime.

 

Arrestos e Consequências: Em abril de 2024, El Aissami foi preso por corrupção, o que sublinha a profunda crise de governança na Venezuela e a luta interna pelo controle dos recursos do estado. Sua queda poderia gerar um efeito dominó entre outros funcionários corruptos da PDVSA e além.

 

Governos e Organizações Criminosas que Facilitam as Violações de Sanções

 

Vários governos e organizações criminosas têm contribuído para a evasão das sanções impostas ao regime de Maduro. Entre eles estão:

 

Governos que facilitam violações de sanções: Países como Rússia, China, Irã e Cuba mantiveram relações comerciais e políticas com a Venezuela, oferecendo apoio ao regime de Maduro. Esses países frequentemente ignoram as sanções internacionais e estabeleceram acordos que permitem a troca de petróleo e outros recursos.

 

Organizações criminosas: Grupos criminosos na Venezuela, assim como em países como Colômbia, têm participado ativamente do contrabando de petróleo e da evasão de sanções. Essas organizações se beneficiam da situação ao facilitar o tráfico de recursos e produtos ilícitos.

 

Grupos terroristas: Organizações como Hezbollah e Hamas demonstraram interesse em estabelecer laços com o regime de Maduro, usando esses vínculos para facilitar operações ilícitas. Além disso, grupos como La Nueva Marquetalia, o Tren del Llano e o Tren de Aragua tiveram conexões com o regime, participando de atividades de narcotráfico e contrabando que beneficiam mutuamente essas organizações e o governo venezuelano.

 

Instituições comerciais: Empresas em vários países colaboraram com o regime de Maduro na compra e venda de petróleo ilegalmente. Essas instituições frequentemente operam nas sombras, usando redes de empresas fictícias para ocultar sua participação.

 

Bancos: Algumas entidades financeiras em países aliados facilitaram transações que burlam as sanções. Esses bancos permitem a movimentação de fundos e a lavagem de dinheiro, o que contribui para a sustentabilidade do regime de Maduro.

 

Confiscações de Navios por Evasão de Sanções

 

Vários navios foram confiscados em diversas ocasiões por evadir as sanções impostas ao regime de Maduro. Alguns exemplos notáveis incluem:

 

Navio "Grace 1": Este navio de petróleo foi detido em Gibraltar em julho de 2019 por evadir as sanções da UE. Embora tenha sido finalmente liberado, a detenção destacou as ações de navios que transportam petróleo venezuelano.

 

Navio "Carmen": Em janeiro de 2020, as autoridades dos Estados Unidos confiscavam este navio que transportava petróleo venezuelano para Cuba, destacando a conexão entre os dois países e a violação de sanções.

 

Navio "Nicolas Maduro": Em março de 2021, este navio foi detido pela Guarda Costeira dos EUA por tentar levar petróleo a um país que não estava autorizado a recebê-lo, mostrando o contínuo desafio às sanções.

 

Navio "Boris": Este navio foi confiscado em dezembro de 2021 em águas do Caribe por transportar petróleo venezuelano a um destino não declarado. Sua captura foi parte de uma operação mais ampla para interromper o contrabando de petróleo.

 

Navio "Carmen de Patagones": Este navio, que transportava petróleo venezuelano, foi detido em outubro de 2022 no Mar do Caribe. As autoridades americanas afirmaram que estavam violando as sanções impostas.

 

Uma Abordagem Estratégica para Desmantelar a Corrupção

 

De uma perspectiva estratégica, as nações devem implementar uma abordagem abrangente que inclua o monitoramento de fluxos financeiros para identificar, congelar e confiscar ativos obtidos de maneira ilícita. Este processo deve envolver múltiplas agências governamentais, tanto em nível nacional quanto internacional, para garantir uma resposta coordenada e eficaz contra a corrupção.

 

Além disso, é crucial aproveitar tecnologias de monitoramento financeiro e colaboração internacional para rastrear o dinheiro em tempo real. Isso não só ajudaria a desmantelar as redes criminosas que operam na Venezuela, mas também permitiria a recuperação de ativos malversados que poderiam ser utilizados para restabelecer a democracia e reconstruir o país no futuro.

 

A colaboração com organizações internacionais e a implementação de sanções mais rígidas contra indivíduos e entidades envolvidas em atividades corruptas são passos necessários para combater o câncer da corrupção que aflige a sociedade venezuelana.

 

 

 

 

Interesses: O Lobby de Agentes Registrados Desvirtua o Propósito das Sanções

 

Os agentes estrangeiros registrados nos Estados Unidos que fazem lobby a favor dos interesses da Monómeros minam a intenção das sanções americanas contra o regime venezuelano. Esta investigação revela cComo lobistas americanos representan a Monómeros y mantienen contacto directo con el gobierno de EE. UU.

Neste caso específico, documentos que incluem e-mails e registros obtidos publicamente dos arquivos eletrônicos virtuais do Foreign Agents Registration Act (FARA) evidenciam que o ex-embaixador norte-americano Otto Reich prestou serviços como lobista para Monómeros. As assinaturas nestes documentos mostram a dele e a de Jorge Rodríguez, assinadas em 22 de maio de 2022. Além disso, foram encontrados e-mails entre Otto Reich e o embaixador americano Brian Nichols, que atuou como lobista de Monómeros em 29 de junho de 2022. Existem também artigos de imprensa que refletem a relação de lobby de Reich para desacreditar o Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN).

Aplicação para registro de agente estrangeiro (FARA):

https://efile.fara.gov/docs/7116-Exhibit-AB-20220511-1.pdf

E-mails entre Reich e Nicholson (FARA)

https://efile.fara.gov/docs/7116-Informational-Materials-20220706-1.pdf

Contexto Político e Consequências

A detenção de Torlak ocorre em um ambiente político volátil. Embora a administração Biden tenha concedido licenças a algumas empresas petrolíferas americanas para operar temporariamente com a PDVSA, o novo mandato de Trump pode significar novas sanções, especialmente em resposta às alegações de fraude eleitoral na Venezuela. Este clima de incerteza pode agravar a crise econômica no país, forçando o regime de Maduro a depender ainda mais de intermediários e atividades ilícitas para sustentar seu governo.

Conclusões e Perspectivas Futuras

A potencial venda de Monómeros é um tema delicado que reflete as complexas relações políticas e econômicas entre a Colômbia e a Venezuela, assim como as táticas do regime de Maduro para evadir sanções. À medida que as negociações avançam e com a recente detenção de Torlak, as decisões tomadas não afetarão apenas os envolvidos, mas também terão repercussões no mercado agrícola colombiano e nas relações bilaterais entre os dois países. Com o pano de fundo de possíveis sanções e mudanças políticas, o futuro de Monómeros e da economia venezuelana permanece incerto. Alternativamente, pode haver uma solução favorável à Colômbia e à Monómeros por meio de intermediários como o embaixador norte-americano Otto Reich ou outros americanos a favor de interesses e não da nova administração do presidente Donald Trump. A interseção da política, economia e corrupção na Venezuela apresenta desafios significativos tanto para a comunidade internacional quanto para o futuro do país. No final, veremos a resolução deste problema por interesses sociais guiados por uma nova administração.

Crédito:

Esta informação foi coletada e elaborada com base em relatórios de meios como El Colombiano, Insight Crime, Semana, El Tiempo, La Nación e La República, entre outros, que forneceram uma análise abrangente sobre a situação atual na Venezuela e suas implicações na região. Além disso, foram utilizados recursos disponíveis online das agências americanas de OFAC, do departamento de justiça e e-mails entre Otto Reich e Brian Nichols, e FARA sobre Monómeros.

Jesús Daniel Romero tornou-se oficial através do Programa de Alistamento da Marinha e se formou com honras na Universidade Estadual de Norfolk, recebendo um diploma em Ciências Políticas. Posteriormente, se formou no curso de Doutrinamento Pré-Voo da Aviação Naval do Comando de Escolas e seguiu o treinamento intermediário nas esquadrilhas VT-10 e VT-86. Serviu a bordo de um cruzador de mísseis nucleares, barcos de operações anfíbias e esquadrões de estado-maior, um esquadrão de bombardeio de ala fixa de ataque e uma ala aérea de porta-aviões, sendo enviado à Líbia, Bósnia, Iraque e Somália. Prestou serviços em turnos com a Agência de Inteligência de Defesa (DIA) no Panamá, no Centro Conjunto de Inteligência do Pacífico no Havai e no Comando Contábil Conjunto de POW/MIA. Jesús e sua equipe atacaram com sucesso uma organização criminosa internacional que operava em vários países e nos Estados Unidos, desmantelando e interrompendo atividades criminosas em nome dos cartéis mexicanos.

William L. Acosta é o fundador e diretor executivo da Equalizer Private Investigations & Security Services Inc., uma agência de investigação autorizada e credenciada em NYS, FL, com escritórios e afiliados ao redor do mundo. A Equalizer mantém escritórios e filiais nos Estados Unidos na Nova York, Florida e Califórnia. Desde 1999, as investigações da Equalizer fecharam com sucesso centenas de casos, que vão de homicídios, desaparecidos e outros crimes. Ele tem estado envolvido na defesa penal de centenas de casos de defesa penal estaduais e federais que vão de homicídio, narcóticos, crime organizado, lavagem de dinheiro, conspiração e outras acusações federais e estaduais. É especializado em investigações internacionais e multijurisdicionais, e nos últimos anos realizou investigações na Alemanha, Itália, Portugal, Espanha, França, Inglaterra, México, Guatemala, El Salvador, Honduras, Panamá, Colômbia, Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador, Peru, Brasil, Porto Rico, República Dominicana, entre outros locais. Ele dirigiu ou coordenou centenas de investigações relacionadas ao tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e homicídios; e foi instrutor e palestrante internacional sobre vários temas de investigação. Especialidades: Investigações de Defesa Criminal, Investigações Internacionais, Homicídios, Operações Encobertas de Narcóticos, Investigações de Lavagem de Ativos, Conspiração, Tráfico Internacional de Pessoas, Vigilância, Terrorismo Internacional, Inteligência, Contramedidas de Vigilância Técnica, Investigações de Assuntos Internos, Segurança Nacional.

Deseja validar este artigo?

Ao validar, você está certificando que a informação publicada está correta, nos ajudando a combater a desinformação.

Validado por 0 usuários
Poder & Dinero

Poder & Dinero

Somos um conjunto de profissionais de diversos campos, apaixonados por aprender e compreender o que acontece no mundo, e suas consequências, para poder transmitir conhecimento.
Sergio Berensztein, Fabián Calle, Santiago Montoya, Pedro von Eyken, José Daniel Salinardi, Leo Moumdjian junto com um destacado grupo de jornalistas e analistas da América Latina, Estados Unidos e Europa.

YoutubeInstagram

Visualizações: 53

Comentários

Podemos te ajudar?