Uma reviravolta inesperada
Em uma decisão que pegou de surpresa o arco político argentino, José Luis Espert, reconhecido economista e atual deputado nacional pela La Libertad Avanza, anunciou sua renúncia à candidatura legislativa para as eleições de 26 de outubro de 2025. A medida chega em meio a um forte escândalo midiático e judicial que o vincula ao empresário Fred Machado, detido nos Estados Unidos por questões relacionadas ao narcotráfico. A notícia gerou um impacto imediato dentro da oficialidade libertária, onde Espert era considerado uma figura central na estratégia eleitoral de Javier Milei, especialmente na província de Buenos Aires. Sua saída não apenas altera os planos de campanha, mas também expõe tensões internas dentro da coalizão governante.
As razões por trás da renúncia
Através de suas redes sociais, Espert explicou que sua decisão não responde a um reconhecimento de culpa, mas sim a uma convicção pessoal de enfrentar as acusações com transparência. “Diferente daqueles que, em cada campanha eleitoral, utilizam as mesmas armas, eu não tenho nada a ocultar e provarei minha inocência perante a Justiça, sem foro nem privilégios,” escreveu. Ele também denunciou a existência de um “implacável julgamento midiático” contra sua pessoa, ao qual se negou a continuar exposto. Com tom desafiador, assegurou que sua saída da disputa não significa ceder à pressão política, mas sim “colocar a integridade e a responsabilidade acima da conveniência eleitoral”.

Em paralelo, Espert apresentou sua renúncia à presidência da Comissão de Orçamentos e Finanças da Câmara dos Deputados, um espaço chave para a discussão e parecer do Orçamento Nacional 2026. Sua decisão, segundo fontes legislativas, busca evitar que o conflito pessoal interfira em temas institucionais.
O pano de fundo político e midiático
A polêmica estourou após se conhecer a relação entre Espert e Fred Machado, empresário argentino radicado nos Estados Unidos e detido por suposto tráfico de drogas. Embora não tenham sido provados crimes que envolvam diretamente o deputado, a pressão midiática e as acusações da oposição geraram um clima insustentável.
Diversos setores opositores reivindicaram sua inabilitação para exercer cargos públicos, e até mesmo promoveram projetos para suspender sua atuação no Congresso. A tensão escalou dentro da La Libertad Avanza, onde se temia que o caso afetasse o desempenho eleitoral do grupo em Buenos Aires.
A decisão de Espert, segundo analistas, busca evitar uma fratura interna na oficialidade e proteger a imagem do governo de Javier Milei, em um momento em que a opinião pública é particularmente sensível a casos de corrupção e ética política.
Reações dentro e fora da oficialidade
O próprio presidente Javier Milei foi um dos primeiros a se manifestar após o anúncio. Em suas redes sociais, apoiou seu aliado e denunciou uma “operação orquestrada por setores do sistema político tradicional” destinada a enfraquecer a La Libertad Avanza.
No entanto, a saída de Espert deixa um vazio eleitoral difícil de preencher. Sua figura tinha um peso significativo no eleitorado bonaerense, onde seu perfil técnico e econômico servia como contrapeso ao discurso mais confortativo da oficialidade.
Fontes partidárias confirmaram que foi proposto Diego Santilli como possível substituto, embora a postulação precise ser revisada pela Justiça Eleitoral. Enquanto isso, a equipe de campanha trabalha contra o relógio para ajustar a estratégia de comunicação e reorganizar as cédulas oficiais.
Consequências legais e eleitorais
O impacto da renúncia não se limita ao campo político. A Junta Eleitoral Nacional solicitou ao Governo avaliar a possibilidade de reimprimir as cédulas únicas de papel sem o nome de Espert e definir quem assumirá os custos do procedimento. Isso gera um desafio logístico a poucas semanas das eleições.
Do ponto de vista judicial, a renúncia de Espert também tem um componente estratégico. Ao não ocupar cargos-chave nem se candidatar novamente, reduz a exposição institucional e evita que o acusem de usar foros para escapar de responsabilidades. Assim, o economista poderá encarar sua defesa de uma posição mais independente, reforçando seu discurso de “transparência sem privilégios”.
Um novo cenário político
A decisão de Espert marca um ponto de inflexão na oficialidade libertária. Sua saída pode abrir espaço para novas lideranças dentro da La Libertad Avanza, mas também implica o risco de fragmentar uma coalizão que já enfrenta desafios de coesão interna.
Na província de Buenos Aires, sua saída enfraquece a estrutura de campanha e obriga a重新 formular a mensagem aos eleitores moderados, onde o economista tinha alta aceitação. No Congresso, sua renúncia à Comissão de Orçamentos gera incerteza sobre quem assumirá a condução de uma área chave para a política fiscal do governo.
Comentários