27/07/2025 - politica-e-sociedade

Privatização ou colapso: a aposta do governo na Enarsa

Por Lautaro López

Privatização ou colapso: a aposta do governo na Enarsa

O Estado autoriza a venda da Enarsa e redefine o seu papel no sector

Com a publicação do Decreto 286/2025, o governo nacional autorizou a privatização total da Energía Argentina S.A. (Enarsa), marcando uma mudança estrutural na gestão dos activos energéticos do país. A medida inclui, entre outras coisas, a venda da participação do Estado na Citelec S.A., o acionista de controlo da Transener, a empresa que opera mais de 85% do sistema de transmissão de eletricidade de alta tensão do país.

O processo será realizado por concurso público nacional e internacional, sem mecanismos de preferência para províncias ou trabalhadores, e contempla uma receita prevista de pelo menos 200 milhões de dólares para a operação. O Ministério da Economia e a Agência para a Transformação das Empresas Públicas sublinharam que a decisão visa pôr em ordem as finanças públicas, incentivar o investimento privado e modernizar as infra-estruturas críticas.


Um mapa energético em revisão

Atualmente, a Enarsa concentra 15 unidades de negócio, incluindo gasodutos como o Perito Moreno e o NOA, centrais térmicas (Manuel Belgrano e José de San Martín), barragens hidroeléctricas (Néstor Kirchner e Jorge Cepernic) e até funções ligadas à importação de gás natural liquefeito (GNL). Detém igualmente uma participação direta na empresa Transener, através da sua participação de 26,3 % na Citelec.

Durante o ano de 2023, a Enarsa recebeu mais de 1,23 mil milhões de dólares de transferências do Tesouro, o que, segundo os relatórios oficiais, representou um dos maiores défices de exploração do sector público. Esta situação levou a uma revisão do seu papel no âmbito do novo regime de despesas e regulação da energia.


Investimento, inovação e sinais de mercado

A venda dos activos da Enarsa insere-se na estratégia promovida pela Ley de Bases y Puntos de Partida, que prevê uma reestruturação do Estado e a redefinição das suas funções empresariais. Do ponto de vista do executivo, o objetivo é reduzir a carga fiscal sem comprometer o desenvolvimento energético, canalizando esforços para um modelo regulatório que permita a participação privada em infra-estruturas chave.

Essa perspetiva já tem precedentes em decisões recentes, como a venda da IMPSA por US$ 27 milhões em fevereiro de 2025 e a conversão da Yacimientos Carboníferos Río Turbio (YCRT) em uma sociedade anônima, como um prelúdio para futuras licitações. Além disso, o quadro é complementado pelo Regime de Incentivo aos Grandes Investimentos (RIGI), que promove projectos de energia, mineração e transportes de valor superior a US$ 12 mil milhões.


Reacções e projecções

A nível internacional, o anúncio gerou movimentos positivos nos mercados. As ações das empresas argentinas de energia e os títulos soberanos subiram na Bolsa de Valores de Nova York, interpretados como sinais de confiança na nova direção. Os especialistas em regulação sublinham que uma gestão privada bem supervisionada poderia melhorar a eficiência operacional, impulsionar projectos estratégicos como Vaca Muerta e reforçar o aprovisionamento energético nacional.

Diferentes sectores sublinharam a importância de garantir mecanismos de regulação e de controlo das tarifas, bem como de assegurar padrões de qualidade e de acesso para os utilizadores. Os desafios legais relacionados com os activos estratégicos também foram apontados, especialmente após experiências judiciais como o caso YPF.

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Lautaro López

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Meu nome é Lautaro López, sou experiente em comunicação, negociação e política. Tenho formação em oratória, especializado em comunicação, comunicação política, políticas públicas e política internacional.

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