25/10/2022 - Política e Sociedade

O que fazemos os argentinos para preservar nosso patrimônio cultural?

Por lucia boccio

Imagen de portada
Imagen de portada
Imagen de portada

Estivemos noSeminário "Património cultural imaterial", Uma proposta impulsionada pelo deputado nacional Hernán Lombardi e ditada no Auditório da Honorável Câmara dos Deputados da Nação em 20 de outubro. Um seminário focado na importância da experiência argentina e esta como elemento fundamental para a coesão cultural e identidade coletiva. Para isso foram abordados os três PCI declarados pela UNESCO: o tango, o filete portenho e o chamarei.

Lombardi, presidente da comissão de cultura, impulsionou o projeto de lei que proclama a gestão e salvaguarda do patrimônio cultural incorpóreo, como por sua vez, a criação do registro nacional do patrimônio cultural imaterial. É assim que se busca preservar aqueles elementos que se transmitem de geração em geração para pensar em um futuro desde nossas próprias raízes. Entendendo que a constituição identitária é fundamental para o desenvolvimento cultural argentino. A lista de dissidentes que expuseram no seminário inclui:

  • Liliana Barela, Históriadora
  • Rolando Roberto Rubio Cifontes, Licenciado em arqueologia
  • Mercedes González Bracco, Dra. em sociologia e pesquisadora
  • Gustavo Mozzi, Compositor, produtor artístico e gestor cultural
  • Carla Algeri, bandoneonista e compositora
  • Gabriela Basualdo, Diretora de Relações Internacionais no Governo da Província de Corrientes

Para a UNESCO, o patrimônio é esse legado cultural que recebemos do passado, que vivemos no presente e que será transmitido às gerações futuras. Em 1972 estabeleceu-se a Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural, onde se estabelece que certos lugares têm um valor universal excepcional e pertencem ao patrimônio comum da humanidade. No entanto, o patrimônio cultural não se limita a coleções de objetos e monumentos, mas compreende também expressões vivas herdadas dos nossos antepassados.

Para dar um marco teórico à questão escolhi Susan Wright. A antropóloga social, catedrática em Estudos Culturais da Universidade de Birmingham, tem investigado cultura política e os processos de governança no Reino Unido e Irã. É quem concebe o velho significado de cultura como “É todo complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, moral, leis, costume e qualquer outra capacidade e hábito adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Enquanto as novas ideias de cultura entendem que “As identidades culturais não são inerentes, definidas ou estáticas: são dinâmicas, fluidas e construídas situacionalmente, em lugares e tempos particulares. As identidades múltiplas se negociam constantemente, não há uma cultura definida, consensuada como autêntica”. Para Wright, a criatividade, experimentação, inovação e dinâmica do progresso consiste numa diversidade de entidades diferentes com limites claros. A civilização humana depende da diversidade criativa.

Carla Algeri, explicando por que não há tango sem bandoneão, uma peça irremlotável do patrimônio cultural argentino.

Retomando alguns desses dos disertantes e unindo-os com este conceito novo de cultura, entendemos que os repertórios ou elementos culturais simbolizam uma época, são um arquivo histórico que nos permite afiançar o relato de identidade nacional. Mas, como a cultura é também movimento, nos obriga a pensar nessa vanguarda que depois projetará o futuro. As tensões que se apresentam entre o fundacional e o inovador demonstram a vigência dessas tradições, é por isso que se denomina patrimônio em evolução. É crucial entender a comunidade, a vinculação com sua prática e o processo de transmissão da mesma. Para isso, devem proclamar-se políticas públicas que ajudem ao envolvimento de diferentes atores em um projeto de construção coletiva que favoreça o desenvolvimento cultural.

Devo dizer, que pouco se comentou sobre o papel dos jovens na preservação deste tipo de tradições e como devem ser partícipes necessários da transição entre geração e geração. Em um auditório de cerca de 70 pessoas, a única pessoa menor de 45/50 anos era quem lhes apresenta esta informação. Portanto, isto deixa um pouco a descoberto o não protagonismo da nova geração neste processo e o lugar marginal que a sociedade dos nossos pais ou avós dá à “nova cultura”.

A modo de fechamento, convido a refletir e entender que a preservação dos valores culturais nos vincula a aquilo que fomos, o que somos hoje, mas sobretudo ao que podemos ser.

Deseja validar este artigo?

Ao validar, você está certificando que a informação publicada está correta, nos ajudando a combater a desinformação.

Validado por 0 usuários
lucia boccio

lucia boccio

Sou Lucia, licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Torcuato Di Tella e me especializei em comunicação e jornalismo. A escrita foi sempre para mim o caminho para plasmar minhas opiniões, assim como um meio de reflexão. Fan da literatura, arte e música. De coração milionário.

Visualizações: 4

Comentários