José Daniel Salinardi para Poder & Dinero y FinGurú
O gasto dos consumidores continua forte à medida que continua acumulando-se uma montanha de dívidas de cartões de crédito, e os americanos recorrem cada vez mais ao plástico para financiar suas compras. Segundo o Banco da Reserva Federal de Nova York, a dívida de cartões de crédito alcançou 1,14 trilhões de dólares no segundo trimestre, um aumento de 5,8% em relação ao ano anterior, ou cerca de 6.500 dólares por pessoa. Embora o número em constante aumento tenha feito uma pausa durante os anos da pandemia, disparou desde 2022, já que muitos consumidores recorrem a ele para contrariar seu enfraquecido poder de compra.
Embora o crescimento da inflação tenha diminuído desde níveis recordes, os preços de quase todos os itens continuam elevados em comparação com os de alguns anos atrás. Isso fez com que parte da população dependa dos cartões de crédito para financiar compras de bens e serviços cotidianos, aumentando os saldos não discricionários e tornando mais difícil pagar a dívida. A retomada dos pagamentos dos empréstimos estudantis também contribuiu para o aumento, especialmente para os millennials e a Geração Z, enquanto outros podem estar tendo mais dificuldades para reduzir seus estilos de vida, apesar das pressões de preços.
As taxas de juros não melhoraram a situação, já que a taxa percentagem anual média agora supera 20%, tornando-a uma dívida realmente cara para os consumidores. Também é mais alta que em qualquer outro ponto desde que a Reserva Federal começou a rastrear as APR (Taxa Efetiva Anual) dos cartões em 1994, contribuindo para a dívida geral das famílias americanas que superou 17,8 trilhões de dólares no segundo trimestre. Enquanto isso, as taxas de inadimplência dos cartões de crédito estão aumentando: 9,1% dos saldos de cartões de crédito passaram a estar em mora em junho, em comparação com 8,5% no trimestre anterior.
O que vem a seguir? Embora os mercados tenham ficado temerosos após os últimos números de emprego, ainda não apareceu uma recessão, em parte devido ao forte gasto dos consumidores. A utilização de cartões de crédito poderia continuar se a Reserva Federal começar a cortar as taxas, iniciando um ciclo de flexibilização que provavelmente começará na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto da Reserva Federal (FOMC por suas siglas em inglês) em setembro. A administração Biden também está tentando ajudar o setor limitando as taxas por pagamentos atrasados dos cartões de crédito, mas uma recente decisão judicial impôs limites a essa intenção.
José Daniel Salinardi é Contador Público, Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Buenos Aires.
Produtor jornalístico de Poder & Dinero, e Panorama 360 (UCL Televisão. América Latina, Estados Unidos e Espanha)
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