19/05/2022 - politica-e-sociedade

A Rússia e os BRICS, o que têm em comum?

Por juan carlos marcolongo

Imagen de portada
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Na economia internacional, o acrônimo BRICS é utilizado para se referir em conjunto ao Brasil, à Rússia, à Índia, à China e à África do Sul; estes cinco países representam uma parceria económica – comercial de economias emergentes que desde a década passada são as melhores projecções a nível mundial.

Quase 3.000 milhões de habitantes vivem nos países que compõem essa associação, pelo que qualquer decisão política e/ou econômica adquire transcendência na organização global das dependências econômicas e associações políticas. São fornecedores de matérias-primas, alimentos, energia e também parceiros comerciais com interesses mútuos.

Cabe destacar, em matéria financeira internacional, que a Ásian Infraestructure Investment Bank (BAII) conhecido Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas, deixou em suspenso e sob revisão todas as atividades com a Rússia e a Bielorrússia na sequência do actual conflito na Ucrânia. O BAII com sede em Pequim tem contribuição da China de 26,5% do seu pacote acionário. Paralelamente, Black Rock suspendeu todos os fundos da sua carteira de ativos.

A condenação internacional para a Rússia foi maioritária no Conselho de Segurança das Nações Unidas, contra a invasão militar à Ucrânia. Nesse sentido, a Índia, a China e a África do Sul, juntamente com outros trinta e dois países, estiveram na votação da Assembleia Geral.

A África do Sul justifica a sua abstenção, afirmando que a posição do organismo internacional de condenar a atitude da Rússia poderia abrir uma lacuna mais profunda entre as partes, pois não destaca a chamada a um compromisso mais profundo para a resolução do conflito.

A República Popular da China tem assinado com a Rússia uma treintena de acordos que incluem a promoção da agricultura, um memorando de entendimento entre as petrolíferas Gazprom e CNPC para a construção de um gasoduto que irá comercializar 30.000 milhões de metros cúbicos de gás.

A China é a única potência militar que está em condições de ser aceita como moderadora no conflito, mas a sua posição prescindente é compreendida a nível internacional pela sua necessidade de preservar as relações comerciais-energéticas que são vitais para sustentar o seu poder industrial e levar adiante o surgimento de novas cidades entre 1 e 5 milhões de habitantes.

Embora o volume de negócios da Rússia com a América Latina seja menos significativo, se comparado com outras regiões do mundo, no caso do Brasil, observa-se uma relevância particular, pois importa cada vez mais fertilizantes para plantar soja e outros produtos agrícolas; pois seus dois grandes fornecedores são a China e a Rússia, pelo que se restam apenas com um, terão dificuldades em quantidade e preço.

O Brasil manteve-se neutro no conflito, com declarações ambíguas e discrepâncias entre Bolsonaro e seu vice-presidente.

A Índia, por seu lado, absteve-se na resolução condenatória das Nações Unidas, em virtude da necessidade de sustentar com a Rússia as relações militares de clara dependência, uma vez que o país beligerante é fornecedor de mais de 60% de material bélico que lhe serve o governo do primeiro-ministro Narendra Modi para sustentar parte da sua estrutura de defesa contra o Paquistão.

A partir dos acontecimentos bélicos que abalam o mundo, podemos visualizar uma nova ordem mundial em que os EUA, os 27 países da União Europeia mais Japão se posicionam de um lado da realidade internacional e por outro a China e os países do Sudeste Asiático.

Em pleno desenvolvimento da Quarta Revolução Industrial, onde a tecnologia já não é uma tendência, mas uma realidade sem teto no seu crescimento e desenvolvimento, o mundo assiste a um confronto bélico por recursos energéticos que resultam estratégicos para o futuro da humanidade, surgindo assim um “Novo Comando Mundial” onde os BRICS devem definir novas estratégias e compromissos.

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juan carlos marcolongo

juan carlos marcolongo

Sou Licenciado em Economia, egressado da Universidade Nacional de Buenos Aires e completé estudos de pós-graduação em Relações Comerciais Internacionais na UNTREF.
Comecei a minha carreira no Banco Central da República Argentina em 1971, trabalhando na Área de Comércio Exterior e também na Gestão de Pesquisas e Estatísticas Económicas.
Finalize o meu trabalho profissional nessa entidade em 1991 integrando a Jefatura de Exportação e Importação.
Em 1992 Introduzi a INDEC, na Direção de Estatísticas do Setor Secundário, elaborando indicadores ligados ao Setor Energético, sendo autor do Indicador Sintético de Energia (ISE), Autogeração e Cogeração de Energia Elétrica e de Biocombustíveis.
Paralelamente à elaboração dessas publicações, exerci a docência universitária durante trinta anos em UBA, Universidade de Palermo e UCES nesta última fui Professor Titular das disciplinas Formação de Cenários Internacionais e Economia.

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