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Terrorismo nos Estados Unidos: o debate sobre Antifa

Por delfina santamarina

Terrorismo nos Estados Unidos: o debate sobre Antifa

Donald Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva que designa o movimento Antifa como "organização terrorista nacional". A medida responde a um padrão de violência política projetado para "reprimir a atividade política legítima e obstruir o estado de direito". A decisão ocorre poucos dias após o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk e em um contexto de crescente polarização política.

O que é Antifa?

Trata-se de um movimento antifascista descentralizado, formado por ativistas e manifestantes que se opõem ao neonazismo, supremacia branca, racismo e ao autoritarismo crescente. Seu objetivo não é ocupar o poder político nem legislar, mas bloquear e enfrentar publicamente a extrema direita, que atualmente governa nos Estados Unidos. Em 2017, Mark Bray publicou Antifa: o manual antifascista, onde descreve essa militância como uma forma de autodefesa frente à violência historicamente exercida por fascistas e grupos de extrema direita, especialmente contra minorias, mulheres e pessoas LGBTQ+.

Dessa forma, ressurge o movimento, que tem raízes nas lutas antifascistas europeias das décadas de 1920 e 1930 e nos Estados Unidos a partir da década de 1980. O auge ocorreu após a assunção de Donald Trump em 2016. Desde então, Antifa tem protagonizado confrontos tanto em protestos de rua, como os de Charlottesville em 2017 e os de Minneapolis em 2020 após o assassinato de George Floyd, como em plataformas digitais, monitorando grupos de extrema direita e expondo suas atividades em redes sociais.

Suas táticas vão desde manifestações e bloqueios pacíficos até confrontos violentos com opositores e, em casos extremos, destruição de propriedade privada. Esses métodos foram criticados por políticos e analistas conservadores, que consideram a Antifa um ator-chave na suposta ameaça da "esquerda radical". 

Terrorismo contemporâneo

A designação da Antifa como organização terrorista por Trump gerou questionamentos legais. Muitos analistas comentam que, por se tratar de um movimento sem líderes nem estrutura formal, a medida poderia violar direitos protegidos pela Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, como a liberdade de expressão e de associação. Dessa maneira, dificulta-se a forma de aplicar sanções legais a um coletivo que opera de maneira descentralizada e cujas células se organizam tanto online quanto presencialmente.

Esse caso reflete a complexidade do conceito de terrorismo contemporâneo. Já não se limita a grupos hierárquicos como Al Qaeda ou ISIS, mas inclui movimentos ideológicos dispersos, difíceis de definir e de medir, e onde muitas vezes a própria sociedade questiona ou apoia a forma de se expressar, gerando uma polarização social ainda mais profunda. 

Nesse sentido, a Antifa não só representa um desafio para as autoridades americanas, mas também um exemplo de como os movimentos sociais se articulam atualmente, com motivações ideológicas claras, táticas híbridas que combinam o digital e o físico, e um debate constante sobre os limites entre autodefesa, liberdade de expressão, protesto político e, acima de tudo, terrorismo.

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