Jesús Daniel Romero e William Acosta para Poder & Dinero e FinGurú
A estratégia de Paz Total busca abrir espaços de diálogo e negociação com diferentes grupos armados, mas resultou na inclusão de líderes de organizações criminosas, responsáveis por graves violações de direitos humanos, nas estruturas do poder. Alguns desses indivíduos foram eleitos como prefeitos, deputados, congressistas e até senadores, o que representa uma distorção alarmante do processo democrático. Isso não apenas mina a confiança nas instituições, mas também reforça um sistema onde a criminalidade é recompensada, perpetuando um ciclo de violência e corrupção.
A ideia de que esses criminosos podem ser "gestores de paz" se torna uma trágica ironia. Em vez de agir como agentes de mudança, muitos deles exercem sua influência através do medo e da intimidação, utilizando seu novo status político para proteger seus interesses. A falta de mecanismos eficazes de responsabilização permitiu que a impunidade se tornasse uma característica inerente do panorama político colombiano.
Além disso, é criticada a inclinação do presidente Petro a mentir compulsivamente. Argumenta-se que ele tem uma habilidade notável para distorcer a realidade e comunicar falsidades a seus seguidores, gerando desconfiança até mesmo entre seus funcionários. A mentira é descrita como uma patologia utilizada para manipular, o que é perigoso, já que um líder que mente pode gerar divisão e colocar em risco a estabilidade social, econômica e política.
Petro é criticado por não cumprir promessas e, em vez de assumir responsabilidade, culpa seus opositores, criando um ciclo de distrações e novas propostas sem fundamento. São mencionadas afirmações absurdas e a contradição entre seu discurso otimista e a realidade de problemas graves, como a falta de água e a violência em diversas regiões da Colômbia. A crítica conclui que é desolador ter um presidente cujas ações estão marcadas pela mentira, o que deslegitima seu governo e afeta gravemente o país.
Neste contexto, levanta-se a questão se Petro é um aliado confiável dos Estados Unidos. Sua participação na posse da presidenta do México, Claudia Sheinbaum, onde a identificou como membro do M-19 e destacou suas posições esquerdistas, gerou inquietudes sobre suas verdadeiras intenções. Sustenta-se que a causa da violência no Haiti e no Equador está relacionada com a política desenfreada de esquerda que promove a produção de cultivos de coca e cocaína, exacerbando problemas de segurança na região.
Adicionalmente, critica-se seu comportamento narcisista, onde parece priorizar sua imagem e ambições pessoais sobre o bem-estar coletivo. Isso se manifesta em seus discursos e decisões políticas, buscando constantemente validar sua figura como líder à custa da verdade e da responsabilidade. Esse narcisismo pode ser particularmente perigoso em um contexto que requer uma liderança comprometida com a justiça e a equidade.
A isso se soma o fato de que Petro ainda não reconhece a vitória da oposição sobre o regime de Maduro e rejeitou a proposta do Congresso colombiano que o insta a reconhecer o líder opositor venezuelano como presidente eleito. Essa negativa ressalta as tensões em sua política exterior e sua aliança com governos de esquerda na região, gerando dúvidas sobre seu compromisso com a democracia e os direitos humanos na Venezuela.
A inclusão de líderes de organizações criminosas na política como "gestores de paz" levanta sérias dúvidas sobre a legitimidade dos processos de paz. Indivíduos como Iván Márquez, Germán Alí Gutiérrez, conhecido como “Pablito”, do Exército de Libertação Nacional (ELN), e outros, conseguiram posições de poder, apesar de seu histórico de violações de direitos humanos.
A situação se complica ainda mais com a decomposição de grupos armados como a Segunda Marquetalia de Iván Márquez e o Estado Maior Central de Iván Mordisco, o que afeta negativamente os diálogos de paz. A fragmentação desses grupos dificultou as negociações no âmbito da política de paz do governo, especialmente na mesa de diálogo com o ELN, que está estagnada desde a expiração de um cessar-fogo bilateral em agosto.
A crise no Estado Maior Central levou o Governo a não estar disposto a negociar com seu líder, Iván Mordisco, devido às ofensivas desse grupo contra as forças armadas. Embora o presidente Petro considere que essas fraturas possam representar um avanço em direção à paz, outros analistas advertem que essa fragmentação poderia ter consequências arriscadas.
Paralelamente, relatórios militares revelaram uma preocupante estratégia de recrutamento de menores de idade no Cauca, dirigida por Iván Mordisco. Esse fenômeno evidencia um padrão sistemático de exploração infantil no âmbito do conflito armado. No que vai do ano, o Exército recuperou 17 menores em Tolima, todos originários do Cauca, o que sugere uma tática deliberada para mobilizar os jovens em direção a áreas onde busca consolidar seu controle.
A estratégia de recrutamento inclui "escolas móveis" de treinamento, onde os jovens recebem capacitação em táticas de combate. Isso os transforma em combatentes potenciais em um curto período de tempo. Além da exploração militar, o recrutamento abrange graves violações de direitos humanos, como abuso sexual, afetando tanto meninas quanto meninos, que são vítimas de violência sexual nessas organizações.
A Jurisdição Especial para a Paz (JEP) estabeleceu que pelo menos 18.677 crianças foram recrutadas pelas FARC-EP. A Sala de Reconhecimento concluiu uma análise preliminar sobre o recrutamento e definiu uma estratégia de priorização no caso, investigando a utilização sistemática de menores no conflito armado entre 1996 e 2016.
A Sala definiu três hipóteses de investigação sobre condutas associadas ao recrutamento: violência sexual, desaparecimento forçado e homicídio, além de outros tratos cruéis. Na próxima fase, focará no Bloque Oriental e seus territórios de influência, convocando 26 antigos integrantes deste bloco para prestar depoimento perante a JEP.
A JEP encontrou um universo de 18.677 vítimas únicas, constituindo um número provisório de fatos do Caso 07, subcaso FARC-EP. Este número foi obtido após cruzar 31 bases de dados fornecidas por organizações de vítimas, do Estado e de instituições universitárias.
Esse universo, somado às informações de 274 vítimas acreditadas, permitirá à Sala priorizar a investigação sobre o recrutamento entre 1996 e 2016, determinando padrões e responsabilidades individuais. A Sala também analisará condutas associadas ao recrutamento e determinará se constituem crimes internacionais.
A Sala concentrará sua atuação em uma lógica territorial, começando pelo Bloque Oriental, que abrange vários departamentos onde se concentrou 50% dos recrutamentos. Será investigado especificamente o impacto do recrutamento em povos indígenas e será buscada sua participação nas versões que serão realizadas.
Quanto à idade das vítimas, a Sala determinou que as FARC-EP recrutaram e utilizaram sistematicamente crianças de 15 a 17 anos como parte de sua política de recrutamento. Também será trabalhada a hipótese de que recrutaram menores de 14 anos, contrariando suas próprias disposições. As informações indicam que, pelo menos, 5.691 menores dessa faixa etária foram presumivelmente recrutados, e que 68% das vítimas acreditadas eram menores de 15 anos.
A interação entre o narcotráfico e o tráfico de minerais cria um ambiente de instabilidade na região. A influência do Cartel de los Soles no tráfico de drogas e minerais não apenas afeta a Colômbia, mas também tem repercussões em outros países, fomentando uma rede de crime organizado que pode complicar os esforços de segurança regional.
A situação no Cauca e em Tolima ressalta a urgente necessidade de intervenção das autoridades colombianas e organismos internacionais. É crucial implementar programas de prevenção e assistência às vítimas de recrutamento e abuso, garantindo a responsabilização daqueles que perpetuam essas violações. A comunidade deve estar consciente desses padrões e trabalhar na proteção da infância em contextos de conflito, assegurando um futuro livre de violência e exploração.
Participação Política de Exguerrilheiros
Na política colombiana, vários ex-combatentes das FARC conseguiram uma notável participação em cargos públicos após a assinatura do acordo de paz. Nas eleições regionais, dois antigos guerrilheiros foram eleitos prefeitos, e o partido FARC conseguiu outra prefeitura. No total, o partido apresentou 308 candidatos para diferentes cargos, dos quais 101 eram ex-guerrilheiros. Além disso, ex-guerrilheiros como José Obdulio Gaviria Vélez, Darío Mejía e outros ocuparam posições no partido Centro Democrático e em outros contextos políticos na Colômbia.
Em conclusão, a fallida Paz Total do presidente Gustavo Petro não apenas permitiu a reconfiguração do poder criminoso na Colômbia, mas também expôs os setores mais vulneráveis da população à exploração e à violência. A inclusão de chefes guerrilheiros e paramilitares na política como "gestores de paz" levanta sérias dúvidas sobre a legitimidade desses processos. É imperativo que o governo reavalie sua abordagem, priorizando a justiça e o bem-estar das vítimas sobre a impunidade e as conveniências políticas. Só assim será possível construir um futuro onde a paz seja uma realidade concreta, fundamentada na justiça, na equidade e no respeito aos direitos humanos. Com mais de 30 anos de experiência como político e tendo ocupado posições no governo, Petro não conseguiu alcançar nenhum tipo de “Paz Total”, talvez porque sua retórica e sua falta de ações contundentes não consigam inspirar confiança no povo. Essa patologia representada pelo presidente Petro poderia também afetar a credibilidade da futura administração do presidente eleito Donald Trump.
Créditos
Este artigo foi elaborado a partir de diversas fontes de informação, incluindo:
Jurisdição Especial para a Paz (JEP) - Comunicados e documentos oficiais sobre o recrutamento e utilização de crianças pelas FARC-EP.
Organizações de Direitos Humanos - Relatórios e testemunhos sobre violações de direitos humanos na Colômbia.
Imprensa Nacional e Internacional - Artigos e reportagens de meios que cobriram o conflito armado na Colômbia e o processo de paz.
Pesquisas Acadêmicas - Estudos que analisam o impacto do conflito na infância e os padrões de violência na Colômbia.
Relatórios de entidades governamentais - Documentos que registram estatísticas sobre recrutamento forçado e violações de direitos humanos.
Jesús Daniel Romero se tornou oficial através do Programa de Alistados da Marinha e se formou com honras na Universidade Estadual de Norfolk, recebendo uma Licenciatura em Ciências Políticas. Posteriormente, graduou-se no curso de Adoctrinamento Pré-Voo de Aviação Naval do Comando de Escolas de Aviação Naval e seguiu o treinamento intermediário nos esquadrões VT-10 e VT-86. Serviu a bordo de um cruzador de mísseis nucleares, barcos de operações anfíbias e esquadrões de estado maior, um esquadrão de bombardeio de asa fixa de ataque e uma ala aérea de porta-aviões, sendo enviado a Líbia, Bósnia, Iraque e Somália. Prestou serviços em turnos com a Agência de Inteligência de Defesa (DIA) no Panamá, no Centro Conjunto de Inteligência do Pacífico no Havai e no Comando Contábil Conjunto de POW/MIA. Jesús e sua equipe atacaram com sucesso uma organização criminosa internacional que operava em vários países e nos Estados Unidos, desmantelando e interrompendo atividades criminosas em nome dos cartéis mexicanos.
William L. Acosta é o fundador e diretor executivo da Equalizer Private Investigations & Security Services Inc. Uma agência de investigação autorizada e vinculada em NYS, FL. Com escritórios e afiliados em todo o mundo. A Equalizer mantém escritórios e filiais nos Estados Unidos em Nova Iorque, Flórida e Califórnia. Desde 1999, as investigações da Equalizer fecharam com sucesso centenas de casos, que variam desde homicídios, pessoas desaparecidas e outros crimes. Tem estado envolvido na defesa penal de centenas de casos de defesa penal estaduais e federais que vão desde homicídio, narcóticos, rico, lavagem de dinheiro, conspiração e outras acusações federais e estaduais. Especializa-se em investigações internacionais e multijurisdicionais, e nos últimos anos realizou investigações na Alemanha, Itália, Portugal, Espanha, França, Inglaterra, México, Guatemala, El Salvador, Honduras, Panamá, Colômbia, Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador, Peru, Brasil, Porto Rico, República Dominicana, entre outros locais. Dirigiu ou coordenou centenas de investigações relacionadas ao narcotráfico internacional, lavagem de dinheiro e homicídios; e foi instrutor e orador internacional sobre vários temas de investigação. Especialidades: Investigações de Defesa Criminal, Investigações Internacionais, Homicídios, Operações Encobertas em Narcóticos, Investigações, Investigações de Lavagem de Ativos, Conspiração, Tráfico Internacional de Pessoas, Vigilância, Terrorismo Internacional, Inteligência, Contramedidas de Vigilância Técnica, Investigações de Assuntos Internos, Segurança Nacional.
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