15/12/2024 - politica-e-sociedade

O Regime Persegue e a Comunidade Internacional Está em Silêncio

Por Poder & Dinero

O Regime Persegue e a Comunidade Internacional Está em Silêncio

Jesús Daniel Romero e William Acosta para Poder & Dinero e FinGurú

Nicolás Maduro persegue agressivamente a dissidência, interrompendo o acesso à água, luz e outros suprimentos essenciais, o que agrava a situação de quem busca asilo.

Enquanto isso, a comunidade internacional permanece em silêncio, observando os atropelos cometidos pelo regime. Em particular, os Estados Unidos, sob a administração do presidente Biden, continuam apoiando o regime de Caracas ao fornecer licenças de operação a empresas petrolíferas norte-americanas naquele país. Essas empresas são responsáveis por mais de 30% da produção petrolífera venezuelana, o que equivale a 300.000 barris diários.

Essa dualidade política busca equilibrar os interesses econômicos com a promoção da liberdade, mas, em última análise, só serve aos interesses do regime venezuelano. O artífice dessa política foi Juan Sebastián González, que atuou como diretor nacional de segurança para assuntos ocidentais e também trabalhou na administração do presidente Obama. Pode-se argumentar que essas políticas não apenas alimentaram o regime venezuelano, mas também reforçaram o regime em direção às eleições presidenciais de julho de 2024.

As sanções impostas a indivíduos estão focadas em pessoas específicas, mas não abordam o regime como um todo. Como resultado, o regime continua recebendo fluxos de dinheiro provenientes do petróleo graças às licenças concedidas pelo governo dos Estados Unidos. Essa é a verdadeira causa do problema, e não se pode mudar o comportamento do regime, que opera como uma máquina de opressão.

Não é viável esperar sanções mais severas que incluam conglomerados norte-americanos sob a administração de Biden, o que sugere uma falta de vontade política para desafiar verdadeiramente o regime de Maduro e suas práticas repressivas.

O público espera uma posição mais assertiva com o objetivo de lograr uma mudança de regime, focada na democracia e na liberdade para a Venezuela. A chegada do presidente eleito Donald Trump oferece a possibilidade de implementar mudanças significativas para o país e a região.

A crise na Venezuela se intensificou, gerando um ambiente hostil para os opositores que buscam refúgio em embaixadas estrangeiras. Edmundo González Urrutia, presidente eleito, denunciou um cerco prolongado à Embaixada Argentina em Caracas, onde se encontram seis membros da oposição: Omar González, Magalli Meda, Claudia Macero, Humberto Villalobos, Fernando Martínez Mottola (ex-ministro) e María Corina Machado. Essa situação atraiu a atenção internacional, levantando preocupações sobre o respeito aos direitos humanos e a segurança das entidades diplomáticas.

A denúncia de González ressalta a preocupação com o cerco que enfrentam os asilados. As ações do regime infrinjam direitos fundamentais e contrariam convenções internacionais que defendem a proteção e o asilo diplomático. Sua declaração enfatiza a urgência de uma resposta internacional diante dessas violações.

Os opositores refugiados na embaixada vivem em condições precárias, sofrendo cortes de eletricidade e severas restrições ao acesso à água e alimentos. A pressão psicológica é constante, exacerbada pela vigilância de agentes de segurança que cercam o local, o que agrava sua situação de vulnerabilidade.

Diante desta crise, o Ministério das Relações Exteriores da Argentina emitiu um comunicado condenando o despliegue de forças armadas em sua missão diplomática, o que representa uma clara violação da segurança que deveria ser garantida sob o direito internacional. A Argentina instou a comunidade internacional a condenar essas ações e facilitar a evacuação dos asilados, sublinhando a importância de proteger aqueles que buscam refúgio.

A coalizão oposicionista mais destacada na Venezuela, a Plataforma Unitaria Democrática, solicitou apoio internacional para pôr fim ao cerco. Aceitar essas violações ao direito internacional poderia estabelecer um precedente perigoso para outras embaixadas no país. A pressão internacional é considerada essencial para garantir a proteção das sedes diplomáticas e os direitos dos asilados.

O regime tem realizado ações que incluem o bloqueio de telecomunicações e a vigilância aérea com drones, além de tentar obstruir a entrada de suprimentos vitais. Essas táticas fazem parte de um esforço mais amplo para desestabilizar os opositores e controlar a narrativa política na Venezuela.

Também foram emitidos mandados de prisão e fabricados encargos criminais contra os opositores asilados, buscando legitimar a ilegalidade de suas ações. A Procuradoria Geral da Nação, sob o controle do regime, acusou os opositores mencionados de crimes como "traição à pátria" e "conspiração", justificando assim o uso da força e a repressão contra eles.

Diversas forças do regime estão envolvidas no assédio à Embaixada Argentina, incluindo a Polícia Nacional Bolivariana, o Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional, milícias bolivarianas e a Guarda Nacional Bolivariana. Essas organizações operam sob as ordens do regime e estão implicadas em violações aos direitos humanos, afetando especialmente as sedes diplomáticas.

Diosdado Cabello, Ministro das Relações Internas, Justiça e Paz desde agosto de 2024 e vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela, desempenha um papel crucial na estratégia repressiva do governo. Sua influência sobre as forças armadas e sua proximidade a Maduro lhe permitem implementar medidas de hostilização contra a oposição, utilizando sua posição para justificar as ações do regime e manter o controle político.

O assédio à família de María Corina Machado é alarmante. Agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) cercaram a residência de sua mãe em Caracas, utilizando patrulhas com sirenes ligadas e patrulhando com funcionários encapuzados. Este cerco se inscreve em um padrão mais amplo de represálias e perseguição contra Machado, que tem sido alvo de acusações por parte do regime. As autoridades tentaram intimidar sua família como parte de uma estratégia para exercer pressão sobre ela e desacreditar sua luta política.

A proteção das embaixadas e das relações diplomáticas é respaldada por leis e tratados internacionais. A Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, adotada em 1961, estabelece normas que garantem a inviolabilidade das missões diplomáticas. A Convenção de Viena sobre Relações Consulares, adotada em 1963, regula a inviolabilidade dos locais consulares. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em 1948, estabelece princípios que influenciam o tratamento dos diplomatas. O regulamento da Organização das Nações Unidas também oferece uma estrutura de proteção para as missões diplomáticas. As leis nacionais complementam essas normas, assegurando o respeito às missões no território de um estado anfitrião.

O direito internacional proíbe que as autoridades de um país, como o regime de Maduro, realizem atos de hostilização ou cerco em torno de uma embaixada. Qualquer ação desse tipo poderia ser considerada uma violação das normas internacionais e acarretar repercussões diplomáticas.

Os opositores asilados na embaixada se encontram em uma situação de risco. A comunidade internacional deve atuar de maneira contundente para condenar as violações dos direitos humanos e apoiar aqueles que enfrentam a perseguição política na Venezuela.

O Governo Argentino deve adotar uma postura firme e proativa em resposta ao cerco à sua embaixada em Caracas e à situação dos opositores acolhidos. É fundamental emitir declarações contundentes que condenem o cerco e as violações dos direitos humanos por parte do regime de Maduro, ressaltando a importância da proteção das missões diplomáticas segundo o direito internacional.

Asegurar o bem-estar dos opositores asilados é crucial, fornecendo assistência consular e humanitária, garantindo sua segurança e facilitando o acesso a alimentos, água e atenção médica. Buscar apoio e solidariedade da comunidade internacional, especialmente de outros países e organizações que defendem os direitos humanos, é igualmente importante. Isso incluirá coordenar esforços com aliados em fóruns internacionais como a Organização de Estados Americanos e as Nações Unidas.

Utilizar canais diplomáticos para abordar a situação com o regime venezuelano, exigindo o cessar do cerco e o respeito pelo direito internacional, será vital. A criação de uma coalizão para pressionar o regime de Maduro e proteger os opositores deve ser uma prioridade.

Reiterar o compromisso da Argentina com a promoção e defesa dos direitos humanos é essencial, assim como estabelecer mecanismos para monitorar continuamente a situação na Venezuela e o bem-estar dos opositores asilados. Informar a cidadania argentina sobre a situação e a importância de apoiar os opositores em sua luta pela democracia pode ajudar a gerar um respaldo popular para as ações do Governo.

Esse contexto levanta interrogantes sobre a falta de ação internacional e a cumplicidade indireta que permite ao regime de Maduro continuar operando sem prestar contas por suas violações aos direitos humanos. Ao adotar essa postura, o Governo Argentino não apenas defenderia seus interesses e valores, mas também enviaria uma mensagem clara de apoio à democracia e aos direitos humanos na região.  A falta de liderança do Presidente do Brasil, Lula da Silva, é notável em relação à posição do Brasil sobre a embaixada Argentina e os opositores acolhidos nessa sede.

 

Este relatório baseia-se em informações coletadas de diversos meios de comunicação, incluindo El País, BBC News, Reuters e CNN, que cobriram a situação na Venezuela em datas recentes.

Jesús Daniel Romero se tornou oficial através do Programa de Alistados da Marinha e se formou com honras pela Universidade Estadual de Norfolk, recebendo um Bacharelado em Ciências Políticas. Posteriormente, graduou-se no curso de Doutrinação Pré-Voo da Aviação Naval do Comando de Esccuelas de Aviação Naval e seguiu o treinamento intermediário nos esquadrões VT-10 e VT-86. Serviu a bordo de um cruzador de mísseis nucleares, barcos de operações anfíbias e esquadrões de estado maior, um esquadrão de bombardeio de asa fixa de ataque e uma ala aérea de porta-aviões, e foi enviado à Líbia, Bósnia, Iraque e Somália. Prestou serviços em turnos com a Agência de Inteligência de Defesa (DIA) no Panamá, o Centro Conjunto de Inteligência do Pacífico no Havai e o Comando Contábil Conjunto de POW/MIA. Jesús e sua equipe atacaram com sucesso uma organização criminosa internacional que operava em vários países e nos Estados Unidos, desmantelando e interrompendo atividades criminosas em nome dos cartéis mexicanos.

William L. Acosta é o fundador e diretor executivo da Equalizer Private Investigations & Security Services Inc. Uma agência de investigação autorizada e vinculada em NYS, FL. Com escritórios e afiliados em todo o mundo. Equalizer mantém escritórios e filiais nos Estados Unidos em Nova York, Flórida e Califórnia. Desde 1999, as investigações da Equalizer encerraram com sucesso centenas de casos, que vão de homicídios, pessoas desaparecidas e outros crimes. Tem estado envolvido na defesa criminal de centenas de casos de defesa criminal estaduais e federais que vão de homicídio, narcóticos, rico, lavagem de dinheiro, conspiração e outros encargos federais e estaduais. Especializa-se em investigações internacionais e multijurisdicionais, e nos últimos anos realizou investigações na Alemanha, Itália, Portugal, Espanha, França, Inglaterra, México, Guatemala, El Salvador, Honduras, Panamá, Colômbia, Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador, Peru, Brasil, Porto Rico, República Dominicana, entre outros locais. Liderou ou coordenou centenas de investigações relacionadas ao narcotráfico internacional, lavagem de dinheiro e homicídios; e tem sido instrutor e palestrante internacional sobre vários tópicos de investigação. Especialidades: Investigações de Defesa Criminal, Investigações Internacionais, Homicídios, Operações Encobertas Narcóticos, Investigações, Investigações de Lavagem de Ativos, Conspiração, Tráfico Internacional de Pessoas, Vigilância, Terrorismo Internacional, Inteligência, Contramedidas de Vigilância Técnica, Investigações de Assuntos Internos, Segurança Nacional.

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