Andres Alburquerque, membro sênior, MSI²
A Revolução Cubana costuma ser percebida como um raio: Fidel Castro e seus guerrilheiros barbudos descendo das montanhas, derrubando Fulgencio Batista em um resplendor de glória. Mas a verdade é muito mais grotesca e perigosa. Batista não era totalmente Caim, e Castro era sem dúvida a antítese de Abel. A revolução não começou com o socialismo na manga. Começou com promessas vagas de reforma, de justiça — como se isso fosse possível — e de "restaurar a democracia"; seja lá o que isso signifique.
Como sempre denunciamos, a esquerda pressiona todos os botões certos; menciona todas as causas corretas enquanto se certifica de que nada mude. Somente após chegar ao poder, Castro revelou seu verdadeiro rosto: uma marcha implacável rumo ao marxismo, o esmagamento da dissidência e a reestruturação da sociedade cubana, assim como a reescrita da história do país, sob a bandeira da igualdade. A máscara de moderação sempre foi temporária até chegar seu momento. Soa familiar?
O Partido Democrata nos Estados Unidos seguiu sua própria revolução, mais silenciosa. Durante décadas, se disfarçou como o partido do pragmatismo: a grande tenda das famílias trabalhadoras, os eleitores operários e os liberais cautelosos. No entanto, assim como Castro, os democratas descobriram que o gradualismo é mais eficaz do que a confrontação aberta até que chegue sua hora. Soa familiar? Especialmente considerando sua chegada, atados pela cintura, ao KKK e aos governadores racistas do sul. O que foi apresentado como uma reforma sensata se consolidou como um projeto ideológico. Desde o New Deal até a Grande Sociedade e a retórica atual do Green New Deal, a trajetória é inconfundível: uma radicalização constante e cuidadosamente direcionada, disfarçada com a linguagem da compaixão e do progresso até que chegue sua hora. Soa familiar?
A analogia não está nas armas nem na selva, mas no padrão: camuflar o radicalismo com moderação, controlar as instituições uma a uma e deslocar o centro de gravidade para a esquerda até que chegue sua hora e a "nova normalidade" não se pareça em nada com o país que uma vez foi. Assim como os “revolucionários” de Cuba prometeram liberdade apenas para entregar o socialismo, o Partido Democrata promete moderação mesmo enquanto acelera os Estados Unidos em direção ao abismo de um futuro coletivista.
A máscara da moderação
Castro não irrompeu em Havana brandindo a foice e o martelo. Falou de democracia, justiça e libertação. Mais uma vez, tocando as teclas certas e pressionando todos os botões adequados até que chegasse seu momento. Soa familiar? O socialismo permaneceu nas sombras até que seu poder estivesse garantido. Isso não era honestidade; era a estratégia fabiana habitual.
O Partido Democrata dominou a mesma tática. Durante décadas, apresentou-se como pragmático: o partido das famílias trabalhadoras e do progresso gradual. Mas a moderação sempre foi uma máscara que ocultava uma marcha constante para a esquerda. A redistribuição econômica, o planejamento climático centralizado, as cotas baseadas na identidade e até mesmo a censura agora são apresentadas como posturas democráticas convencionais, embora cada uma delas fosse impensável há pouco tempo. Assim como Castro, os democratas entendem que a moderação vende, até que chegue sua hora e já não seja necessário. Soa familiar?
O gradualismo como estratégia revolucionária
As revoluções raramente são anunciadas com fanfarra. Castro não irrompeu em Havana proclamando o marxismo-leninismo como sua bandeira. Em vez disso, falou de restaurar a república, uma quimera à qual a ilha presumivelmente esteve próxima durante apenas 12 anos, de limpar a corrupção e de dar ao povo um tratamento mais justo. Somente uma vez que o poder esteve em suas mãos, as reformas "moderadas" se transformaram em coletivização, censura e um regime permanente de partido único.
O Partido Democrata aperfeiçoou a mesma tática. O New Deal foi apresentado como ajuda de emergência; uma causa justa, mas institucionalizou a dependência federal. A Grande Sociedade foi apresentada como compaixão, outra causa justa, mas reforçou uma burocracia de assistência social. O Obamacare foi apresentado como uma reforma modesta e outra causa justa, mas impulsionou a lógica da atenção médica administrada pelo governo. Embora devamos admitir que proporcionou pelo menos a ilusão de cobertura a milhões de pessoas. Deu tranquilidade a muitos até que chegou a hora de ir ao médico e perceberam que seu seguro provavelmente era apenas papel sem valor real. Hoje, o Green New Deal é apresentado como política climática, mas suas implicações afetam todos os setores da economia.
Cada medida é apresentada como uma solução pontual. Cada uma é declarada "moderada". No entanto, passo a passo, década após década, o Partido arrasta o centro político para a esquerda. Isso não é moderação. Não é pragmatismo. É uma revolução em câmera lenta.
Redefinindo o inimigo
Toda revolução precisa de um inimigo. Para Castro, começou com Batista. Mas após a queda de Batista, foi necessário um novo vilão: os Estados Unidos, e depois o próprio capitalismo. Poder-se-ia argumentar que as altas esferas do poder americano conspiraram com o Partido Comunista Soviético para catapultar Castro à liderança da ilha, e esse será o tema de outro artigo. Por agora, digamos apenas que a chamada Revolução Cubana é a personificação da Rebelião na Granja de Orwell na geopolítica contemporânea. A revolução sobreviveu fabricando uma procissão interminável de inimigos, cada vez maiores e mais abstratos que o anterior.
O Partido Democrata adotou a mesma tática. Antigamente, os oponentes políticos eram apenas rivais no debate. Hoje, os republicanos são pintados como ameaças existenciais à "nossa democracia". Os críticos não são dissidentes; são "extremistas". Os inimigos são racistas; não importa o passado racista recente dos democratas. Até mesmo a própria livre iniciativa é tida como opressiva e injusta.
Um movimento que busca uma transformação radical não pode sobreviver sem uma crise perpétua. Castro tinha os "yanquis" do outro lado do estreito. Os democratas declaram que o inimigo está em todo lugar: em seus rivais, na economia, naqueles que duvidam dentro de suas próprias fileiras; até mesmo nos princípios fundadores dos Estados Unidos.
Capturando as instituições
A verdadeira conquista de Castro não foi simplesmente tomar posse de Havana, mas tomar posse das instituições cubanas e muito mais. As escolas tornaram-se campos de doutrinação, os sindicatos em executores, a imprensa foi amordaçada, o exército foi reformado. As instituições asseguraram a permanência da revolução.
Os democratas têm perseguido sua própria conquista institucional. As universidades produzem em massa conformidade ideológica. Hollywood e os meios de comunicação amplificam as narrativas partidárias. Os conselhos corporativos, antes neutros, agora se submetem a dogmas e cotas ESG. A burocracia federal, não eleita e extensa, promove objetivos progressistas sob o pretexto de uma regulação "neutra".
Castro capturou as instituições com rifles. Os democratas as capturam com credenciais, regulamentações e domínio cultural. O resultado é o mesmo: os órgãos da sociedade pulsam ao ritmo da revolução.
A juventude como tropas de choque
Nenhuma revolução perdura sem fanáticos, e nenhum fervor é mais potente que o da juventude. Os primeiros apoiadores de Castro foram estudantes anticomunistas e radicalizados, ansiosos para trocar salas de aula por rifles. Sua energia infundiu fogo à revolução. Somente para terminar consolidando os alicerces do mesmo sistema que detestavam.
Os democratas têm sua própria vanguarda na Geração Z e nos ativistas millennials. Marcham em protestos, dominam as redes sociais e exigem um socialismo aberto. Ideias que antes se limitavam às margens do campus — desfinanciar a polícia, cancelar a dívida, abrir fronteiras, emergência climática — agora ressoam nos corredores do Congresso.
Uma revolução não precisa de todos os jovens, apenas de suficientes — irritados, inquietos e com uma moral firme — para seguir em frente. Cuba tinha suas guerrilhas. Os democratas têm seus ativistas. A selva desapareceu, mas o fogo continua o mesmo.
O fim radical camuflado em compaixão
Castro nunca apresentou a tirania como tirania. Apresentou-a como compaixão. A confisc ação de terras era "justa". O racionamento era "solidariedade". A censura era "proteção".
Os democratas usam a mesma máscara. A redistribuição é "justiça". O controle burocrático é "segurança". As cotas são "equidade". Até mesmo a censura é justificada como "saúde pública". As políticas que expandem o Estado e contraem a liberdade nunca são admitidas como ideologia, apenas como bondade.
Esta é a arma mais perigosa: a resistência se apresenta como crueldade quando a coerção se disfarça de compaixão. O povo cubano aprendeu tarde demais o que se esconde por trás da luva de veludo. Os americanos correm o risco de aprender a mesma lição.
A advertência americana
A tragédia de Cuba foi que sua revolução não foi declarada até que fosse tarde demais para resistir. Quando a máscara caiu, a ilha já estava acorrentada.
A revolução do Partido Democrata é diferente em forma, mas não em trajetória. Suas armas são as reformas, as instituições, a juventude e a retórica. Sua bandeira é a compaixão. Seu campo de batalha é a cultura. Sua condição para a vitória é a transformação silenciosa da alma americana.
A pergunta é se os americanos reconhecerão o padrão a tempo, porque as revoluções que começam com moderação terminam em radicalismo. As revoluções que se disfarçam de compaixão terminam em controle. Isso nos leva ao papel de nós, o povo: a direita, o centro e os milhões de democratas sensatos que sentem um vazio sob seus pés em um momento em que seus líderes parecem acreditar que finalmente chegou sua hora e tiraram a máscara. Seremos capazes de discernir entre os acertos que pressionam a esquerda e seus verdadeiros objetivos? Seremos capazes de unir forças na luta pela nossa sobrevivência?
O povo cubano aprendeu tarde demais. O povo americano ainda tem uma opção.
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