Há cerca de 2 horas - politica-e-sociedade

Trump lança um plano de 20 pontos para Gaza e promete "paz em semanas"

Por Mirko Ferraiolo

Trump lança um plano de 20 pontos para Gaza e promete "paz em semanas"

O coração do plano

A proposta de Donald Trump se apresenta como um roteiro detalhado para acabar com o conflito em Gaza. O documento estabelece um cronograma rigoroso: nas primeiras 72 horas após a assinatura, todos os reféns israelenses nas mãos do Hamás deveriam ser libertados, em troca da liberação de prisioneiros palestinos.

Na segunda fase, Israel iniciaria uma retirada progressiva de algumas áreas de Gaza, acompanhada pelo desdobramento de uma força internacional de estabilização, liderada principalmente pelos Estados Unidos, com o objetivo de garantir a segurança e evitar novos confrontos.

O componente econômico ocupa um lugar central. O plano prevê uma zona especial de desenvolvimento em Gaza, com investimentos internacionais e um programa de reconstrução em grande escala. Durante a transição, a administração ficaria nas mãos de um governo tecnocrático supervisionado por um “Board of Peace”, no qual Washington e seus aliados teriam um papel fundamental.

A resposta de Netanyahu

Embora Trump tenha afirmado que Benjamin Netanyahu havia aceitado a iniciativa, o primeiro-ministro israelense fez distinções significativas. Ele rejeitou de plano que o plano pudesse ser interpretado como um caminho para a criação de um Estado palestino e reiterou que a segurança de Israel continuará sendo uma questão exclusiva de seu governo.

Essa declaração evidenciou a lacuna entre o relato de Trump e a posição israelense. Enquanto o líder republicano tentou apresentar um consenso histórico, Jerusalém deixou claro que sua aceitação é parcial e que as margens de negociação são muito mais estreitas do que se quis mostrar publicamente.

Obstáculos e dúvidas sobre sua viabilidade

O plano enfrenta obstáculos tanto no terreno quanto no plano político. O desarmamento imediato do Hamás parece difícil de executar sem concessões profundas à população palestina, que poderia perceber a proposta como uma imposição externa mais do que como uma oportunidade de autodeterminação.

Em Israel, a iniciativa divide opiniões. Alguns setores a veem como uma opção para reduzir o custo humano e militar da guerra, enquanto outros a consideram uma concessão perigosa que compromete a segurança nacional. As tensões internas no governo de Netanyahu reforçam essas dúvidas.

No plano internacional, a proposta reforça o papel dos Estados Unidos como árbitro quase exclusivo do processo, o que gera desconfiança em países árabes vizinhos e em atores multilaterais como a União Europeia. O Egito e a Jordânia observam com cautela, alertando que um esquema unilateral poderia agravar as tensões regionais em vez de resolvê-las.

Mais interrogações do que certezas

No papel, o plano de Trump oferece uma visão integral que combina medidas militares, políticas e econômicas em um único pacote. No entanto, a distância entre o desenho diplomático e as realidades do terreno levanta sérias dúvidas sobre sua aplicação.

O anúncio, em todo caso, conseguiu reativar o debate internacional sobre Gaza e colocar novamente Washington no centro da discussão. O desfecho dependerá de se as partes envolvidas estão dispostas a assumir custos políticos internos em troca de uma saída rápida para o conflito, ou se a iniciativa ficará como mais uma tentativa fracassada em uma longa lista de promessas de paz não cumpridas.

Deseja validar este artigo?

Ao validar, você está certificando que a informação publicada está correta, nos ajudando a combater a desinformação.

Validado por 0 usuários
Mirko Ferraiolo

Mirko Ferraiolo

Visualizações: 2

Comentários

Podemos te ajudar?