14/11/2023 - politica-e-sociedade

Vote a emoção.

Por horacio gustavo ammaturo

Vote a emoção.

Sem ânimo de assumir alguma preferência política, no marco das eleições presidenciais que se realizam na Argentina este ano, convido-os a refletir sobre como votam os argentinos.Há alguns anos, vi o filme Lucy, lançado em 2014 e estrelado por Scarlett Johansson e Morgan Freeman, entre outros atores.Além do roteiro do filme Lucy, acidentalmente, ingere algum tipo de droga sintética que a leva a aumentar sua capacidade mental chegando a usar 100% das potencialidades cerebrais que o homem tem.Desta maneira inicia um caminho em que o raciocínio se impõe à emoção, tornando-se um ser frio, observador, silencioso e efetivo, pondo em extrema evidência as qualidades essenciais de tudo ser vivo como ser, nascer, crescer, reproduzir-se, sobreviver e morrer.As emoções podem ser verdadeiras espeixes que nos levam a confundir o deserto com um oásis, que nos afastam da realidade e que levem as nossas observações de acordo com os nossos estados de espírito ou preconceito.É por isso que identificar as emoções é muito significativo para compreender o que nos passa e entender como nos comportamos.Em resumo, podemos identificar seis tipos de emoções, cada uma com sua própria finalidade adaptativa:

  1. Medo: antecipação de uma ameaça ou perigo que produz ansiedade, incerteza, insegurança, que fundamentalmente serve para se proteger e ser precavidos.
  2. Sorpresa: sobressalto, espanto, desconcerto que busca reorientar-se frente a uma situação inesperada.
  3. AscoRepulsão que busca nos afastar do que nos produz, mesmo que seja tirando o olhar.
  4. Enojo: bronca, ressentimento, fúria, irritabilidade, que nos incita à luta e à destruição.
  5. Alegria: sensação de bem-estar, de segurança que se registra como uma boa lembrança e se busca repetir.
  6. Tristeza: pena, solidão, pessimismo que deixará vestígios em nossa psique para evitar que voltemos a passar por essas situações.
Obviamente que existem emoções mais simpáticas que outras, porém todas coexistem em nossa psicologia e são necessárias.Algo que distingue as pessoas mais inteligentes é a regulação das emoções.Podemos escolher entre estar tristes ou zangados toda a vida ou apenas um tempo, o mesmo acontece com a alegria, o otimismo permanente é um indicador de negação.Reconhece-se como inteligência emocional à capacidade de gerir as emoções.Ter consciência do conceito de “impermanência” constitui uma das principais ferramentas para poder lidar com euforias e depressões, o “Isso também vai acontecer”, nos ajuda a lidar com os momentos desagradáveis e a desfrutar os bons.Tal como nos indivíduos, as sociedades possuem coletivos emocionais que empunham suas visão e definem suas decisões, por vezes, em circunstâncias opostas ao que a razão ou a conveniência pudesse indicar.Os resultados das eleições Passo e da primeira volta são indicadores do vaibulo emocional que está passando nosso eleitorado.Cada um dos três candidatos maioritários projetou nos eleitores um padrão emocional distintivo para conquistar seu voto. Vejamos:Juntos pela Mudança, encarou a ira para tudo o que não fosse afim com a sua proposta. Seu slogan de “Se não for tudo, é nada” Foi muito pretencioso e finalmente foi nada. Por outro lado, a raiva eterno frente ao mesmo inimigo de sempre evidenciou o fracasso na gestão anterior. Enojo, tristeza e asco Foram as emoções que os seus líderes apelaram.A Liberdade Avançada, fundou-se sobre raivas viscerais, motosierras, dinamita e destruição, no entanto, o discurso veio acompanhado de esperança. Romper tudo para estar melhor, projetando alegria futura. Enolho e asco novamente, só que neste caso se combinou com alegria.União pela Pátria, talvez pela responsabilidade que implica ser o partido que governa, rescatou o bom que temos, como país, como sociedade, buscando unir em vez de destruir e mandando a mensagem que “vamos estar melhor”. No entanto, aproveitou a oportunidade para introduzir uma das emoções mais poderosas e sustentáveis no tempo, o medo. Medo a perder o que se tem, além de ser muito ou pouco. Medo a que depois da raiva e da destruição fique menos, aproveitando, de passagem, a valorizar o que se tem. Alegria e medo, foram as emoções que apelou ao oficialismo.Vamos vê-lo num exemplo.Vivemos numa casa antiga, com umidades nas paredes, às vezes a luz é curta, no inverno está fresco e no verão é quente, porém, temos tetos, paredes, uma cama, um banho e uma cozinha, embora as coisas se deterioram com o tempo, ainda cumprem com sua função de habitabilidade.

Neste exemplo, a analogia com as propostas eleitorais seriam as seguintes:

  1. Echar um familiar que vive na casa porque o considero o único responsável pela deterioração.
  1. Demoler a casa para construir uma nova, com o risco de ficar sem teto porque quem vai demoler carece de antecedentes de albañil.
  1. Atar com fio o que resta e apostar que por alguma circunstância que hoje não conheço possa reciclar a propriedade para viver mais confortável.
Estas são as alternativas que se jogaram nas primárias, estas são as emoções que estão em jogo. O candidato que melhor interprete como chegar à emoção coletiva será o próximo presidente.O que oferece um discurso que deixe claro que estamos num andar a partir do qual só podemos melhorar.Difícilmente a oferta de um futuro de curto prazo pior para conseguir outro de médio ou longo prazo melhor possa ser vencedora. A maioria dos argentinos estão sem resto.Longe restamos do voto racional, desse que teria escolhido a Lucy do filme, pois todas as propostas não têm racionalidade deixando apenas o compasso das emoções o futuro do nosso país.

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horacio gustavo ammaturo

horacio gustavo ammaturo

Chamo-me Gustavo Ammaturo. Sou licenciado em Economia. CEO e Diretor de empresas de infraestrutura, energia e telecomunicações. Fundador e mentor de empresas de Fintech, DeFi e desenvolvimento de software. Designer de produtos Blockchain.

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