Andrés Alburquerque, membro sênior, MSI² para FinGurú
Contrariamente à narrativa sofisticada que retrata os mais de cinquenta anos de Cuba "livre" como um satélite obediente dos Estados Unidos, a ilha foi, desde o seu início, um foco de venenoso antiamericanismo disfarçado de "antiimperialismo". Este sentimento se alimentava da falsa crença de que o Exército americano havia frustrado a independência de Cuba da Espanha. Sob essa perspectiva, o ódio virulento de Castro pelos Estados Unidos não era acidental, mas inevitável.
Muitos insistem que é possível ser anti-americano sem ser comunista. Eu sustento que isso é um mito. Na prática, o antiamericanismo nos arrasta, mais cedo ou mais tarde, para a órbita do socialismo fabiano e, em última instância, para o comunismo. Qualquer que tenha sido o caminho ideológico que Castro afirmou ter tomado, foi preparado, incentivado e protegido desde os primeiros dias de sua carreira política por membros oficiais e clandestinos do PSP (Partido Socialista Popular), o Partido Comunista de Cuba.
O PSP: A mão dura de Moscou em Cuba
O PSP não era um grupo de sonhadores; era o braço cubano da política externa soviética muito antes de Castro ganhar notoriedade.
• Década de 1930 – Entrada na União Soviética: Fundado em 1925 e rapidamente absorvido pela Comintern de Moscou, o PSP foi dirigido com uma rígida disciplina estalinista por líderes como Blas Roca e Carlos Baliño, habilmente treinados por um homem-chave da Polônia chamado Fabio Grobart.
• Controle sindical: Em 1935, os quadros do PSP haviam infiltrado os sindicatos cubanos, especialmente nos setores açucareiro e portuário, utilizando as greves como ferramentas da estratégia soviética.
• Legitimidade política: Em 1940, o PSP obteve personalidade jurídica ao se juntar à coalizão eleitoral de Batista, colaborando ironicamente com o homem que Castro derrubaria posteriormente.
• Alinhamento em tempos de guerra: Após a invasão alemã da URSS em 1941, a propaganda do PSP se alinhou plenamente com as necessidades de Moscou em tempos de guerra. Clandestinidade pós-guerra: De 1945 a 1952, o PSP passou para a clandestinidade parcialmente, mas manteve o controle sobre sindicatos, grupos estudantis e meios de comunicação.
Aproximação a Castro: Em 1956, a inteligência do PSP identificou Castro como o veículo mais viável para estabelecer um estado alinhado com a União Soviética em Cuba. Em 1958, o apoiavam plenamente, preparando-se para uma transição pós-Batista.
A preparação comunista de Castro antes de 1959
longe de ser um nacionalista que se tornou comunista sob pressão, os laços de Castro com as redes marxistas começaram na sua juventude:
• 1947 – Caso Cayo Confites: Ele se juntou a uma expedição armada contra o ditador dominicano Rafael Trujillo, organizada com grupos comunistas caribenhos.
• 1948 – Distúrbios de Bogotá: Presente durante o levante do Bogotazo, associando-se com comunistas colombianos.
• 1949-1952 – Ativismo estudantil: Forjou laços com operativos do PSP na Universidade de Havana, participando da agitação antiamericana alinhada com a retórica comunista.
• 1953 – Ataque de Moncada: Embora não tivesse sido abertamente marxista em seu manifesto, o ataque incluiu simpatizantes do PSP e seguiu táticas de desestabilização.
• 1955 – Aliança com o PSP: Após sair da prisão, forjou laços mais fortes com líderes como Blas Roca e Carlos Rafael Rodríguez, garantindo financiamento e canais de propaganda. • 1956 – Exílio mexicano: Ele se formou junto a comunistas no México, integrando Che Guevara, um marxista comprometido, em seu círculo íntimo antes de retornar a Cuba.
• 1958 – Propaganda coordenada: O PSP ofereceu pleno apoio às guerrilhas de Castro, alinhando sua imprensa e redes com as expectativas soviéticas.
O mito do “nacionalista acuado”
A afirmação de que Castro era simplesmente um nacionalista “empurrado ao comunismo” pelas ambiciosas corporações americanas tem dois propósitos:
1. Desviar a atenção da verdade: que a revolução de Castro foi a culminação de décadas de preparação soviética em Cuba.
2. Cultivar a culpa entre acadêmicos e legisladores ocidentais, minando a capacidade dos Estados Unidos de enfrentar a expansão comunista.
A negativa, mesmo hoje, de muitos acadêmicos a reconhecer a Revolução Cubana como um golpe soviético sublinha a profunda infiltração das táticas fabianas no pensamento ocidental. A contaminação persiste: mesmo agora, o espectro de eleger um prefeito comunista em Nova York segue o mesmo roteiro que levou Cuba à ditadura: o capitalismo é egoísta, deve ser desmontado e substituído por um sistema “melhor”.
A ironia orwelliana
A tragédia não é apenas que o comunismo se enraizou em Cuba, mas que os chamados "imperialistas" o financiaram. Assim como em Revolução dos Bichos de Orwell, os capitalistas deram a seus inimigos a corda para se enforcarem; e na saga de Castro, o nó foi dado muito antes de 1959.
Andrés Alburquerque é um analista político, professor universitário e personalidade midiática nascido em Cuba, reconhecido por sua defesa aberta dos valores democráticos e sua crítica feroz ao autoritarismo na América Latina. Nascido em Havana em 1956 em uma família comunista, presenciou precocemente a desilusão que se seguiu à Revolução Cubana, um ponto de inflexão que moldou seu compromisso de vida com a verdade política e a liberdade cívica. Obrigado ao exílio, Alburquerque viveu na Europa e na América Latina, incluindo Itália, República Dominicana e México, antes de estabelecer sua residência permanente nos Estados Unidos em 2007. Desde então, ele tem sido uma voz ativa no Partido Republicano, conhecido por suas opiniões independentes e sua disposição para confrontar a complacência ideológica dentro de suas fileiras políticas. Alburquerque é autor de Dez contos cubanos mais ou menos, uma obra literária que reflete suas profundas raízes culturais e sua perspectiva crítica sobre a sociedade cubana. Ele também apresenta Enfoque Ciudadano, um programa no YouTube dedicado a analisar os dilemas políticos e sociais que a democracia americana enfrenta diante da crescente influência da esquerda. Sua experiência e conhecimento o tornaram um convidado frequente em programas de rádio e televisão em Miami, onde oferece comentários sobre Cuba, direitos humanos e política regional.
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