Bebe Pueyrredón, CEO e Co-fundador da Bombo
Nos últimos dias, a volatilidade do mercado cripto voltou a ser notícia, impulsionada em parte pelos recentes acontecimentos que envolveram o Presidente da Argentina. Isso reacendeu o debate sobre as criptomoedas, como se fossem o único destino possível para aqueles que usam tecnologia blockchain.
No entanto, a indústria Web3 —composta por desenvolvedores, startups e especialistas que apostam na descentralização e na transparência— levantou a voz para destacar o potencial da Argentina como um polo produtivo nesta tecnologia. Esse enfoque abre uma discussão mais ampla sobre os usos da blockchain que vão muito além da especulação financeira.
A blockchain não é uma moda passageira, é uma ferramenta poderosa para garantir transparência. Permite transações imediatas sem intermediários, garantindo que os acordos e transações não possam ser manipulados. Sua natureza descentralizada a torna extremamente segura: a informação não está concentrada em um único servidor, mas distribuída em nós globais, o que dificulta qualquer tentativa de violação. Além disso, os dados armazenados são imutáveis e acessíveis publicamente, o que reforça sua confiabilidade.
Um exemplo recente de seu impacto foi o caso de $LIBRA, onde a blockchain permitiu identificar rapidamente uma manobra fraudulenta de pump & dump e rug pull. Essas práticas consistem em inflar artificialmente o valor de um ativo para atrair investidores desavisados e depois retirar de forma repentina o dinheiro investido, deixando os compradores com ativos sem valor. Sem essa tecnologia, a investigação teria ficado presa em trâmites judiciais ou no acesso restrito de bancos ou corretores. A blockchain, por ser pública e transparente, permitiu rastrear os movimentos de fundos em tempo real e expor a fraude antes que se espalhasse ainda mais.
Mas seu alcance vai além do setor financeiro. A blockchain está transformando a forma como interagimos como cidadãos digitais. Os contratos inteligentes permitem executar acordos automaticamente sem intermediários, otimizando processos como a verificação de identidade, a gestão documental, o pagamento de royalties musicais ou até mesmo a administração de contratos de aluguel. Em votações, essa tecnologia poderia garantir eleições transparentes e seguras. Na saúde, permitiria que os pacientes fossem donos absolutos de seus prontuários médicos e os acessassem de qualquer lugar do mundo com total segurança.
Na Argentina, uma comunidade ativa de especialistas já trabalha junto a organismos oficiais para desenvolver marcos regulatórios e tecnológicos adequados —como sandbox regulatório ou zonas econômicas especiais—. As controvérsias recentes em torno das criptomoedas demonstram que o foco não deve estar apenas no valor financeiro de um token ou moeda digital, mas em como a blockchain pode construir sistemas resilientes que transformem indústrias inteiras.
Em um mundo onde a confiança é um recurso escasso, essa tecnologia oferece uma base sólida para construir um ecossistema digital mais justo e eficiente. A chave está em olhar além dos preços e focar na sua capacidade de gerar soluções reais e benéficas para todos.
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