A depressão afeta mais de 264 milhões de pessoas no mundo, entre jovens e adultos. Entre os estudantes universitários, sua prevalência é cada vez maior e costuma se manifestar como fadiga crônica, falta de motivação, anedonia (incapacidade de disfrutar), ansiedade e até mesmo sintomas físicos sem causa aparente. 40% das pessoas com essa condição não respondem aos antidepressivos, portanto, hoje em dia sua "causa" e "cura" representam um grande obstáculo para os especialistas.
Do ponto de vista neurobiológico, a depressão é explicada por múltiplas alterações nos circuitos cerebrais envolvidos na motivação e no prazer, como o sistema de recompensa. Esse sistema inclui estruturas como a área tegmental ventral (VTA) e o núcleo accumbens, cuja comunicação através de dopamina é fundamental para experimentar motivação, reforçar comportamentos positivos e regular o estado de ânimo.
Quando uma pessoa atravessa uma depressão, o cérebro deixa de funcionar como sempre nas áreas que regulam a motivação, o prazer e a vontade de fazer coisas. Os sinais químicos que deveriam se activar não chegam com a mesma força ou simplesmente não são produzidos como antes. Além disso, o cérebro perde flexibilidade: ele tem mais dificuldade em se adaptar, aprender coisas novas ou responder ao que acontece ao seu redor.
Também foi descoberto que, em muitos casos, a depressão vem acompanhada de um tipo de "inflamação cerebral". Ou seja, o corpo começa a produzir substâncias que, embora sirvam para nos defender de infecções, podem afetar negativamente o funcionamento do cérebro. Isso interfere nas emoções, no ânimo e até em nossa energia física.
De outra perspectiva, a psicologia evolucionista propõe uma ideia interessante: talvez certos estados depressivos, sobretudo os leves e temporários, tenham sido úteis no passado. Poderiam ter servido para nos afastar de situações perigosas, para conservar energia ou até mesmo para pedir ajuda sem dizer uma palavra. Embora hoje essa resposta possa se tornar um problema, compreender sua origem ajuda a entendê-la melhor.
Nos últimos anos, além disso, surgiram novas terapias que buscam recuperar o equilíbrio do cérebro de forma diferente. Uma das mais estudadas é a que usa psilocibina, um composto natural presente em alguns fungos. Em doses controladas e em um ambiente terapêutico, demonstrou ajudar muitas pessoas com depressão, melhorando o ânimo e a capacidade de se reconectar com o que as rodeia.
Compreender a depressão a partir de seus mecanismos celulares e moleculares permite não apenas avançar em direção a tratamentos mais eficazes, mas também desestigmatizar uma condição que afeta cada vez mais estudantes e jovens adultos. O desafio está em continuar integrando o conhecimento neurobiológico com as realidades sociais e emocionais daquelas pessoas que atravessam essa condição.
Autor: Sol Aebi, estudante da Licenciatura em Biotecnologia da UADE
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