18/07/2022 - tecnologia-e-inovacao

Escasez de cartões SUBE: Oportunidade histórica?

Por lucas revale

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Hoje a Argentina enfrenta um problema, além de todos os que tem, muito grave ao meu modo de entender a vida: zero ou bajíssimo fornecimento de cartões SUBE. Isto é de importância vital e exige uma atenção urgente, porque a meu ver o transporte é um modo de produção indireto, se as pessoas não puderem viajar, geralmente não podem ir estudar, não pode ir trabalhar e, finalmente, não pode produzir.

Cartaz em kioscos da Cidade de Buenos Aires.

No último ano, houve notas nos principais meios de comunicação: “A odisseia de conseguir uma SUBE: por que faltam e onde as conseguir”, “‘Não há SUBE’: Por que se tornou uma dor de cabeça conseguir os cartões”, “‘Pai, perdi o cartão SUBE. Como eu volto da escola?’”, entre as mais destacadas. Isso, sem dúvida, chamou minha atenção e me convidou a refletir.

Qual é o problema?

Este problema tem duas verticais: problemas para importação de plásticos e pandemia. Como não se pode emitir plástico ao ritmo em que a demanda cresce, entramos em situação de escassez e algo semelhante ocorre com as licenças de condução e com os cartões DNI. Por outro lado, se uma pesquisa nos dados públicos dos cartões SUBE, você pode ver que diminui o nível de atividade durante a quarentena, mas nos anos seguintes aparece um choque de demanda descontrolada que não foi possível suprir (até quatro vezes maior que o ritmo normal) e gera uma bola de neve de demanda de cartões. Em algumas das notas, estima-se que seja um problema que levará anos a cobrir, por isso há que fazer algo para o mitigar.

Hoje o funcionamento do cartão SUBE consiste em um sistema fechado que só suporta o pagamento do transporte público via um cartão plástico por tecnologia NFC (Near Field Communication). A alternativa que me acontece para enfrentar este problema é complementando o sistema atual com um que admita o pagamento com tecnologia QR, via uma aplicação móvel. Ou seja, substituir cartões plásticos por cartões virtuais. A razão disto é trivial: quase ninguém pode adquirir um cartão, mas todo mundo tem um celular com capacidade de mostrar um código QR. Isto pode ser inovador, mas na maioria dos países do mundo (especificamente na Ásia, Europa e Estados Unidos) já regula há muitos anos. É uma questão de copiar e adaptar as soluções que funcionam.

A ideia é complementar ambos os sistemas para não deixar ninguém fora, em que acredito que pouco a pouco poderia mutar completamente um sistema virtual. Sob meu ponto de vista, é uma tecnologia totalmente adaptável e aceite pela sociedade, a tal ponto que se usa na vida cotidiana. Além disso, quantas vezes você perdeu um cartão de plástico e quantas vezes seu celular?

Hoje o cartão SUBE tem 12 milhões de usuários ativos ao longo de todo o país (não existe em todos os municípios) e muito ligados ao nível de renda. 70% aproximadamente se concentra em AMBA. Tem um ritmo de adoção de cartões de 150.000 cartões por mês em média e condições normais.

Que outros benefícios poderia trazer esta ideia?

Os benefícios que traria esta ideia são muitos. O Estado custa apenas a emissão de um cartão 90 pesos, segundo pude descobrir. Mas também as tem que distribuir. Tendo em conta as tarifas do Correio Argentino, a concentração do consumo e o ritmo de adoção de cartões, o Estado poderia poupar cerca de 460 milhões de pesos por ano (modelo aproximado com base nos dados obtidos). Mas isso não é o único, resolver o problema de todos os que querem viajar e não podem por não ter um cartão, não tem preço. E como se fosse pouco, o cartão SUBE é um cartão universal e como todas elas, pesam cerca de 5 gramas de plástico: que o Estado deixe de emitir 150.000 cartões por mês é equivalente a deixar de emitir 9 toneladas de plástico por ano.

Os custos de aplicação da solução estão associados aos dispositivos leitores de QR e NFC, por isso investigou cerca de 100 dólares e há cerca de 30.000 unidades de transporte público em todo o país. Sobre o custo de desenvolvimento, hosteo e manutenção da aplicação, já existe uma equipe dedicada ao desenvolvimento da tecnologia e da rede SUBE, que esse seja de passagem, de seguro tenham projetos similares em carteira para poder enfrentar essa situação.

Quando pensamos numa ideia, pensamos não como um fim, mas como um meio para fazer algo melhor, mais eficiente e que esteja em constante evolução. Quando eu pensei na escalabilidade que isso podia ter, quase automaticamente pensei em: Que valor agrega validar uma carga de sube uma vez é feita? A meu entender nenhum. Quando se elimina uma atividade que não agrega valor em um processo, termina adicionando valor porque o torna mais eficiente. Então, por que não abrir o sistema de pagamentos SUBE, para pagar diretamente a partir de qualquer meio digital, evitando assim o antiquado método da recarga?

Historicamente, as épocas de escassez trouxeram ideias maravilhosas e criativas para enfrentar os problemas que o homem tem na sua vida cotidiana e este é um mais deles. A tecnologia é o maior aliado que tem o ser humano neste tipo de questões e a resistência contra ela gera grande perda de oportunidades. Não se recure a ela por diversão, mas para resolver problemas.

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lucas revale

lucas revale

Olá! Sou Lucas Revale, estudante de Engenharia Industrial em ITBA. Atualmente cursando o último ano da carreira.
Além disso, encontro-me em um processo de formação profissional em MasterCard na área de desenvolvimento de negócios no mercado argentino e uruguaio.
A partir de experiências profissionais e pessoais, desenvolvi um grande interesse no mundo da análise de dados e da inteligência de negócios.

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