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Minha História: Do Ensino Médio Argentino para o Mundo

Por Tomas M. Di Mauro

Minha História: Do Ensino Médio Argentino para o Mundo

Olá! Eu sou Tomas Di Mauro, hoje quero contar um pouco da minha história e motivar mais estudantes a se animarem e criarem seu próprio projeto. Tenho 19 anos e, há poucos meses, me formei na Escola Técnica Nº 5 da cidade de Mar del Plata, na Argentina, e agora estou a mais de 15 mil km de casa, na Malásia impulsionando um projeto!

Os Primeiros Desafios e uma Mudança de Rumo

Meus primeiros passos na escola primária estavam longe de ser ideais; nunca consegui fazer um grupo de amigos. Foi uma fase marcada pela solidão e pensamentos difíceis, um momento em que sentia que não servia para nada.

Eu queria ser arquiteto. Toda a minha família achava isso garantido. Essa ideia cresceu comigo e a usei como desculpa para mudar de escola. Custou a mudança em casa, mas eles aceitaram, de uma escola privada para a pública, e essa mudança de ares foi exatamente o que eu precisava. Foi uma virada de 180°, consegui formar um grupo e me tornei super otimista.

Mas quando cheguei ao primeiro ano do ensino médio, percebi algo muito importante: não gostava de desenhar. Naquela época, não sabíamos bem para onde ir.

No entanto, havia um hobby que eu tinha desde os 11 anos: a informática. Comecei a programar por diversão em Lua e C#, fazendo jogos e programas para Windows. Meus colegas de classe me viam como alguém com muita facilidade para isso, mas eu nunca enxerguei como uma carreira, nem como uma profissão.

O Clique: De Hobby a Vocação na Técnica N°5

Tudo mudou com um curso de robótica extracurricular com alguns amigos; eu esperava a semana toda por aquele momento. Quando vi que na minha escola, a Escola de Educação Secundária Técnica N°5 (EEST N°5) de Mar del Plata, tinha a especialidade em Informática, meus amigos também perceberam que eu tinha que ir para esse lado. Custou convencer minha família, foram muitas sessões com a psicóloga e conversas, mas finalmente me inscrevi.

Quando entrei na aula, o professor, desde o primeiro dia, viu que eu sabia programar e me levou ao mundo da programação competitiva. Ele me pediu para pesquisar fora da aula, um mundo de problemas super difíceis de resolver, intermináveis e divertidos. Isso foi quando eu tinha 16 anos. Depois de um ano praticando, fiquei em 5º lugar a nível nacional na OIA (Olimpíada de Informática Argentina) Nível 2.

Simultaneamente, comecei a descobrir o desenvolvimento web e a fazer meus primeiros trabalhos. Um deles foi um site para o ateliê do meu avô, que passou de vender 0 em um mês a ter dezenas de chamadas e vários clientes por mês. Ali percebi que isso era uma profissão e que eu poderia me dedicar a isso.

O Primeiro Trabalho

Durante a pandemia, fui fazendo bicos por meses e consegui alguns pequenos economias. Peguei isso e comprei cursos de desenvolvimento web; com o que sobrou, melhorei o computador que minha avó me deu há vários anos com muito esforço (era tudo o que eu tinha economizado). Durante a pandemia, não jogava, não assistia a séries. Programava. Por diversão.

Em 2022 (16 anos), comecei meu primeiro trabalho para uma pequena VC (Venture Capital). Lembro de ter me inscrito porque um conhecido me deu confiança; internamente, eu me sentia super despreparado. Mas aceitei mesmo assim e consegui. Aprendi muito e, até hoje, aquela equipe (o fundador e um colega) se tornaram meus mentores para sempre.

Primeiros Hackathons

Aos 18 anos, fui sozinho a Buenos Aires para "ETH Argentina 2023", sem ter conhecido minha equipe antes. Montamos um projeto para realizar licitações públicas transparentes e ganhamos! Depois, em novembro, fui a outro evento, "Labitconf", com outra equipe e projeto, e também ganhamos.

Meus Primeiros Projetos de Impacto e Saltos Internacionais

Em 2024, ainda cursando na EEST N°5, me mergulhei em um projeto que me marcou profundamente. Em conjunto com a Faculdade de Psicologia da UNMDP, coordenei uma equipe de sete pessoas para redesenhar "Tranqui", uma aplicação sem fins lucrativos destinada à prevenção do suicídio adolescente. Foi incrível ver como o app gerou uma ótima repercussão: canais de TV locais, meios de comunicação locais e nacionais, e rádios nos ajudaram a divulgá-la, e conseguimos superar mil downloads. Essa experiência me demonstrou o poder da tecnologia para gerar um impacto social real.

Paralelamente, continuei explorando o mundo das hackathons. Voltei ao ETH Argentina e, junto a uma nova equipe, ganhamos com "ChatterPay", uma ideia que nos apaixonava: uma carteira para enviar e receber dinheiro para qualquer país em segundos, usando WhatsApp. A sequência continuou, porque esse mesmo projeto nos levou a ganhar também no ETH Uruguai. Sentia que estávamos no caminho certo.

O Salto para a Tailândia: Uma Aventura Inesperada (Ainda no Ensino Médio)

A próxima grande surpresa chegou quando levei o ChatterPay para o ICP Chain Fusion Hackathon em Buenos Aires. !Ganhamos uma viagem para a Tailândia para participar do Devcon 7 (2024)! Era minha primeira viagem sozinho para um país com um idioma completamente diferente e, para piorar, eu ainda não tinha terminado o ensino médio! As datas da viagem coincidiram exatamente com minha formatura, mas era uma oportunidade que eu não poderia deixar passar.

O desafio era enorme: eu tinha que apresentar o ChatterPay para investidores e competir em um hackathon com mais de 3000 participantes (ETH Global Bangkok e ICP Chain Fusion Bangkok). Eu, que sempre fui muito ruim para apresentar em público e nunca havia feito isso em um palco, muito menos em inglês, me preparei intensamente durante um mês e meio.

Chegar a Bangkok foi uma odisséia. Depois de mais de 40 horas de viagem, minha mala foi perdida. No primeiro dia, me peguei com a "barriga de bangkok" e tive que ir ao hospital. Como se não bastasse, já no hackathon, percebi que não tinha o adaptador correto para conectar meu computador e perdi meio dia procurando um.

Apesar de tudo, consegui me apresentar para os investidores. Na competição, participei sozinho, enfrentando equipes de até cinco pessoas. Foram cerca de 30 horas seguidas programando à base de café e chimarrão. Embora não tenha conseguido ser finalista, consegui ganhar um prêmio da Circle, um dos patrocinadores do evento. Essa experiência, com todos os seus contratempos, foi um teste de fogo que me ensinou muito sobre resiliência.

Pós-Ensino Médio: A Aposta no ChatterPay e a Viagem para a Malásia

Depois da intensidade da Tailândia e de terminar o ensino médio, houve um momento em que pensei que o ChatterPay não iria avançar. Mas então, quando menos esperava, recebi um e-mail que mudou tudo: "Fomos selecionados para um programa de aceleração em Kuala Lumpur, Malásia, por dois meses!"

A oportunidade era incrível, mas implicava decisões difíceis. Significava pausar o semestre que estava começando na UBA, deixar meus trabalhos atuais e dedicar 100% ao ChatterPay em um país completamente novo. Pensei, conversei, e decidi arriscar.

Assim, há relativamente pouco tempo, me encontrei em Kuala Lumpur. Foi uma experiência de imersão total no projeto. Há apenas alguns dias, depois de muito trabalho, finalmente lançamos o ChatterPay. E um dos momentos mais especiais foi poder criar uma carteira virtual para minha avó pela primeira vez!

Palavras Finais

Minha mensagem é para outros estudantes, especialmente os de escolas públicas na Argentina, é que explorem suas paixões, que se esforcem, que se animem. O caminho geralmente não é linear, há momentos difíceis e dúvidas, mas se encontrarem algo que realmente os apaixona, com curiosidade e dedicação podem abrir portas incríveis.

O potencial está lá, animem-se a descobri-lo, tudo depende de vocês, mando um forte abraço. Tentem!

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Tomas M. Di Mauro

Cofundador, ChatterPay
Desenvolvedor / Líder de Equipe na FinGurú
Consultor na Invicta Ventures
Pesquisador em Blockchain
19 anos

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