01/04/2022 - tecnologia-e-inovacao

O que é o estresse e como podemos combater

Por tomas urdaniz

O que é o estresse e como podemos combater

Os conflitos da Europa e da Rússia têm-nos atentos, expectantes ao que vai acontecer, esperando que os noticieiros voltem à programação habitual de crimes menores, roubos, inflação e política. A guerra nos preocupa não só do humano, mas também porque de a pouco vamos ver como impacta em diferentes áreas econômicas (ações, criptomoedas, exportações, etc.).

Mas não é preciso falar de guerras para ter que nos preocupar, basta ouvir o despertador cedo de manhã para sentir essa pressão no peito e a cabeça que chamamos estresse

O estresse é um quadro complexo, difícil de definir. Os componentes são demasiados e também porque vivemos constantemente, de fato, nenhuma pessoa pode viver sem estresse, e mais adiante vamos ver por que.

O estresse como o conhecemos é um processo crônico e progressivo que depende de uma pressão externa que nos leva a produzir mudanças no interior do organismo em forma adaptativa. Embora possamos falar muito sobre estas mudanças internas no organismo, o mais importante é que entendamos que o estresse como o conhecemos depende de uma hormona chamada cortisol.

A hormona da vida

Longe de pensar como uma hormona “mala” ou “boa”, temos de entender que é um componente vital para o nosso corpo. Está envolvida em muitas funções valiosas para o funcionamento energético do corpo, por exemplo, é a hormona mais importante para elevar os níveis de açúcar a médio-largo prazo quando não ingerimos comida por algumas horas (isto é, salva-nos de sofrer um coma hipoglicémico todos os dias).

Também é uma das hormonas fundamentais (juntamente com a aldosterona) para a manutenção hidroeletrolítico, salvando-nos de sofrer infartos cardíacos (por alterações do potássio) ou problemas neurológicos graves (por alterações do sódio). Como último exemplo, a resposta imunitária correta contra um processo infeccioso deve-se em parte ao cortisol, que mantém esta resposta imunitária numa gama óptima, evitando que haja uma resposta excessiva e danos autoimunes ou febre desmedida.

Enfim, o cortisol cumpre realmente muitas funções no corpo, mas sobre todas as coisas, também tem uma particular forma de agir no cérebro que a distingue praticamente de todas as hormonas do corpo.

O estresse, tem limites?

É uma das únicas hormonas que podem ser insensíveis ao sistema de regulação por feedback. O que isso significa? Basicamente, o que quer dizer é que o cortisol não tem limites.

Imaginemos um carro no qual apretamos o acelerador, mas o tabuleiro não detecta o aumento da velocidade e o motor não faz barulhos até chegar ao seu limite e explode. Se formos cuidadosos, podemos reconhecer sinais, por exemplo olhar para a janela e ver que os objetos vão muito rapido, quizas reconhecendo sinais podemos pegar em cociência e descer a velocidade.

Com o estresse passa algo semelhante. Nosso corpo pode responder à exigência aumentando a produção de cortisol quase ad eternum, eliminando o limitador de velocidade, e às vezes envia sinais sobre o nível de estresse, mas há que ser conscientes para perceber-lhes

De que nos serve que o estresse não tenha limites? Bem voltamos ao ponto de que o estresse é algo positivo para o nosso corpo, queremos ao estresse, é o responsável por sairmos da cama quando soa o alarme, ou o responsável por podermos aguentar mais horas acordados para poder terminar esse último trabalho.

A famosa frase “funciono melhor sob pressão” é real. Está cientificamente comprovado que poucos dias antes de uma data importante (projectos, exames, eventos) nos tornamos mais eficientes do que nunca. E junto com isso também é real que imediatamente passado esse evento começamos a falhar (como quando você sai de render e já esqueceu de tudo o que você estudou). Tudo isso se deve lisa e llanamente ao cortisol.

Em suma, se vivermos sem cortisol (por ende, sem estresse), o mais leve que nos sucederia é que viveríamos sem motivação, pois nada representaria um desafio ou um desafio. Além disso, há uma lista de razões pelas quais sem cortisol morremos em minutos.

Para que isso não aconteça, a evolução nos levou a ter um sistema no qual se aumentamos gradualmente o nível desta hormona, o estresse podemos tolerar e até nos tornamos um pouco viciados nele. Nessa situação o corpo entende que tem que levar suas capacidades um pouco mais longe do que o normal para comprir com as exigências

O problema principal é que agora nos restamos sem freios. O corpo não tem uma forma simples de parar o estresse, até que um dia a pessoa sofre uma crise de ansiedade ou algum problema orgânico como pode ser hipertensão arterial, diabetes, infecções recorrentes, etc. Estes são os sinais avançados de que o estresse foi longe demais, quando não conseguimos ver os pequenos sinais prévios.

Tecnologia aplicada a monitorar o estresse

Temos de chegar a esses pontos para perceber que estamos muito estressados? Obviamente que não, todos devemos conhecer as nossas diretrizes de alarme e as ferramentas naturais que temos para controlar o estresse como: fazer exercício, meditar, psicoterapia, etc.

Há muitas formas naturais de baixar o nível de estresse, algumas delas tão efetivas quanto um medicamento prescrito por um médico. O que acontece é que todas elas requerem um esforço ativo da pessoa, enquanto o estresse se acumula lenta e automaticamente.

A maioria de nós devemos saber que a forma mais simples (se bem não é a mais poderosa) de baixar o estresse é fazendo respirações profundas. O que acontece é que, em geral, quando nos damos conta que precisamos de respirar, já estamos muito estressados. Com base nisso, acho que seria importante inventar um dispositivo que possa medir os níveis de estresse, dando um aviso à pessoa para que faça suas valiosas respirações profundas. Alguns relojoeiros (Apple, Samsung, etc.) já têm funções para medir os níveis de estresse, mas baseiam-se em métodos indiretos pouco confiáveis, como a medição da frequência cardíaca.

A boa notícia é que a Nanoelectronic Devices Laboratory (NANOLAB) desenvolveu um adesivo que detecta o cortisol através do suor. A ideia surge a partir de um teste que já existe e é utilizado nos hospitais no qual se analisa os níveis de cortisol na saliva, mas a invenção de NANOLAB alega ser melhor pois os níveis dessa hormona são mais constantes no suor.

Embora ainda não tenha sido aprovada a venda massiva, tem um futuro promissor para ser o primeiro dispositivo portátil que possa ser usado pela população para o controle do estresse em todo momento.

Podemos levar estas ideias a um nível mais alto e pensar em um dispositivo mais inteligente que nos informe sobre quanto estresse precisamos para cumprir com a tarefa que estamos fazendo, e do mesmo modo que também nos avise se estamos ultrapassados de estresse para cumprir apropriadamente com aquela. E com esta informação precisa e personalizada, nós podemos cumprir muito melhor com nossas exigências.

Então pergunto-me, para além destes aparelhos que se limitam a dar informação, será possível controlar o estresse de maneira artificial? Ou seja, manipular os níveis diretamente. É muito complicado pensar essas coisas asique o mais facil é ir à base, concentrarmo-nos no simples, para ver se daqui podemos nos antecipar ao que vem no futuro.

Para controlar o estresse tenho que controlar a quantidade (concentração) de cortisol, por ende tenho 2 opções:

  1. Posso controlar (↑↓) a sua produção ou
  2. Posso controlar (↑↓) a sua eliminação.

Ambas as opções são extremamente difíceis, mas não impossívels e aqui revisamos como poderiam ocorrer essas situações.

Tanto a síntese como a eliminação do cortisol dependem em última instância de proteínas (enzimas) que catalisam reações necessárias para chegar a um composto. A enzima não pensa, não é inteligente, apenas catalisa reações à velocidade que pode nesse sistema, não trava nem acelera (pelo menos pela sua própria conta). Com base nisso, poderíamos pensar que se podem criar “enzimas inteligentes” em laboratórios que tenham a capacidade de sensar informação e decidir por si mesmas se é altura de aumentar ou diminuir a síntese ou eliminação, de acordo com o que o organismo precisa... um pouco descabeçado mas não impossível.

Gostaria de pensar que no futuro teremos dispositivos que mantenham níveis precisos de stress, mesmo que aumentem e diminuam à medida para certas situações. Acontece-me que não usaríamos mais o alarme do celular para nos despertar, pois o corpo pode aumentar automaticamente os níveis desta hormona, suficiente para nos despertar e começar o dia. Melhorar a qualidade de sono, a atenção, garantir um bom momento de descanso, combater doenças autoimunes e evitar rejeição de órgãos são apenas alguns dos benefícios que podemos obter quando pudermos desenvolver de uma vez por todos um dispositivo que possa controlar os níveis de cortisol.

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tomas urdaniz

tomas urdaniz

Sou Tomás e quando não estou estudando ou fazendo práticas gosto de jogar futebol. Minha seriedade começa e termina dentro de um ambiente hospitalar.

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